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domingo, 29 de julho de 2018


Bancos Criados na Madeira que Desapareceram (15)
Em 16/01/2010, o «Jornal da Madeira» noticiou: “Banif lança corretora para gerir carbono”. Parecia tratar-se do Banif – Banco Internacional do Funchal, SA. Mas não. A notícia tratava do Banif Banco de Investimento, SA. do Grupo Banif. Artur Fernandes, presidente do Banif Banco de Investimento, disse que “Vamos lançar, em conjunto com a Fomentinvest, a primeira corretora de carbono em Portugal, com 50 por cento a cada um da nova corretora” chamada «Banif Ecoprogresso Trading (Ecotrader) a ser presidida por Ângelo Correia, presidente da Fomentinvest, juntamente com mais dois administradores, “Carlos Jorge do Banif Banco de Investimento e Paulo Caetano, da Ecoprogresso”. Quem era a Fomentinvest? Tratava-se de uma empresa que atuava nas áreas do ambiente, energia, mercado do carbono e mudanças climáticas. Tinha como acionistas: Fundação Ilídio Pinho, com 21,2%; Caixa Capital, 15,4%; Espírito Santo Capital, 15,4%; Millennium BCP, 25%; IP Holding, 15,4%; Banif Banco de Investimento, 7,7%; Fundação Horácio Roque, 7,7%; BAI-Banco Africano de Investimentos, 1,9%. Outra afirmação de Artur Fernandes: “O Banif Investimento será o banco depositário dos accionistas da sociedade «Ecotrader» e «adviser» para os investimentos”.
Apesar da substituição temporária de Horácio Roque de presidente do Conselho de Administração do Grupo Banif por motivos de doença por Marques dos Santos, manteve-se a confusão total usando a expressão Banif significando Grupo Banif, embora parecendo ser o Banif–Banco Internacional do Funchal, SA, criado em 1988.
Na Assembleia Geral, realizada no Funchal em 31/03/2010, tudo foi referido relativamente ao Banif Grupo Financeiro: teve em 2009 resultados líquidos de 54,1 milhões de euros; o valor do crédito concedido a clientes elevou-se a 11,8 milhões de euros; os depósitos de clientes ascenderam a 6.743 milhões de euros; o produto total da atividade do Grupo Banif em 2009 atingiu 509,1 milhões de euros, “um aumento de 8,3%” em relação a 2008. Nenhuns dados específicos foram referidos acerca do Banif – Banco Internacional do Funchal, SA, tendo sido dito que em 31/12/2009 o Banif Grupo Financeiro tinha “371 agências bancárias em Portugal” e tinha ao seu serviço “4.102 empregados, contra 3.574 em 2008”.
Em meados de maio de 2010, a morte de Horácio Roque correspondeu a alterações profundas nos órgãos de gestão, embora mantendo-se nela praticamente os mesmos gestores, quer do Grupo Banif, quer no BANIF– Banco Internacional do Funchal, S.A. que ajudou a criar (quando em 15/01/1988 foi criado o BANIF para evitar a Falência da Caixa Económica do Funchal, Horácio Roque era o maior acionista privado, sendo o Estado o detentor da maioria do capital social.
Em 29 de dezembro de 2010, a Assembleia Geral decidiu aumentar o capital social de 566 milhões de euros para 780 milhões. De acordo com a comunicação à CMVM – Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, “o aumento de capital foi já integralmente realizado, através de uma entrada em dinheiro no montante de 214 milhões de euros, efectuada pela Banif Comercial, SGPS, SA, a qual subscreveu a totalidade das 42.800.000 novas acções emitidas, pelo que a Banif -SGPS, SA, holding de topo do Banif – Grupo Financeiro mantém o controlo (indirecto) de 100% do capital social e direitos de voto do Banif – Banco Internacional do Funchal, SA”. Tal aumento provocou o aumento do Rácio Tier I do Banif para perto de 10%, percentagem acima do mínimo exigido de 8% pelo Banco de Portugal.
(continua)

Bancos Criados na Madeira que Desapareceram (14)
Em 2009, falar do BANIF não significava referir-se ao BANIF – Banco Internacional do Funchal, S.A., criado em 15/01/1988. Havia uma confusão total quando Horácio Roque usava a expressão BANIF. A referência era dirigida ao Banif SGPS, S.A., ou ao Banif Grupo Financeiro que incluía outros Bancos: Banif Açores; Banif-Banco de Investimento; sociedades financeiras participadas pelo Banif SGPS, SA.
Em 16/01/2009, o «Jornal da Madeira» (JM) deu noticiou: “Por estes dias, a agência de notação financeira Fitch reiterou o nível de risco do Banif e de uma perspetiva de evolução estável para esse risco, de acordo com uma nota sobre a instituição financeira portuguesa. O “rating” (uma medida de risco de incumprimento do crédito) de longo prazo do Banif está em “BBB+” e o “outlook” (perspectiva de evolução desse rating” permanece estável”.
O mesmo jornal, de 10/03/2009, cita Horácio Roque que afirma: “Vamos levar à Assembleia Geral de 31 de Março a proposta de aumento de capital de 350 para 500 milhões de euros (…) com o objectivo de reforçar os rácios de capital para cumprir a recomendação do Banco de Portugal, ou seja chegar aos 8 por cento de capitais próprios de base, que no final de 2008 eram de 6,84 por cento”. As notícias da assembleia geral, (JM, de 01/04/2009) são de uma verdadeira confusão entre Banif (Banco) e Banif SGPS e Banif Grupo Financeiro: “Na Assembleia geral Anual de Accionistas da Banif SGPS, SA, ontem, o Conselho de Administração do Banif – Grupo Financeiro, presidido pelo comendador Horácio Roque, apresentou no Funchal o Relatório e Contas referente ao exercício de 2008”. Horácio Roque salientou a “autorização dos accionistas ao Conselho de Administração para que, quando achar conveniente, proceder a um aumento de capital de 350 para 500 milhões de euros (…) o Grupo Financeiro teve o ano passado alguns movimentos dignos de registo, nomeadamente a absorção pelo Banif do Banco Comercial dos Açores, que passou a chamar-se Banif Açores”; “os resultados líquidos consolidados da Banif-SGPS, “holding” do Banif – Grupo Financeiro, elevam-se a 59,2 milhões de euros no exercício de 2008, o que traduz uma diminuição de 41,4% quando comparado com o resultado obtido em 2007”; O ativo líquido do Banif – Grupo Financeiro totalizava 12.876,6 milhões de euros, em 31/12/2008, “registando um crescimento de 19,7% face ao final do ano anterior”; “O crédito concedido a clientes elevou-se a 10.409,7 milhões de euros, superior em 18,1% ao valor registado em 2007. Os depósitos de clientes cresceram 20,4% relativamente a 2007”; “O produto da actividade do Banif – Grupo Financeiro atingiu 470 milhões de euros em 2008, registando uma subida de 5,9% em relação ao ano anterior”.
No primeiro trimestre de 2009, o Banif (grupo financeiro) teve um prejuízo líquido de 0,9 milhões e euros, devido a uma imparidade registada naquele trimestre, de 16,1 milhões de euros, relativa à participação financeira no Finibanco; em 10 de julho, a Assembleia Geral do Banif SGPS aprovou a compra de 90% do «Banco Mais» que era detido 100% pela Tecnicrédito SGPS, SA. Esta era detida maioritariamente pelo Grupo Auto Industrial, operador do retalho automóvel. Para aquela aquisição e a do Banco PLUS, na Hungria, a Assembleia Geral do BANIF – Banco Internacional do Funchal, na sequência da Assembleia Geral do Banif SGPS de 10 de julho, aumentou o capital em 140 milhões de euros, passando a ter um capital de 490 milhões de euros e ficou com capitais próprios de 950 milhões de euros.
(continua)  

Bancos Criados na Madeira que Desapareceram (13)
Em fevereiro de 2007, Horácio Roque, presidente do BANIF, anunciou que a holding Rentipar iria alienar 10% do capital que detém no Banco, já comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A notícia do jornal «Vida Económica» de 16/02/2007 salienta que “a Rentipar controla mais de 72,3% do capital do Banif” e que a alienação tinha em vista “obter uma maior liquidez e visibilidade das acções do Banif tornando-se necessário assegurar uma maior dispersão do seu capital em bolsa, pelo que a Rentipar está a ponderar a hipótese de alienar um lote de 25 milhões de acções, o correspondente a 10% do seu capital social e respectivos direitos de voto”. Mais refere a notícia: “Caberá à UBS e ao Banif Banco de Investimento desenvolver a operação de alienação, orientada para investidores institucionais e que deverá representar um valor de 138 milhões de euros. O capital do Banif é composto por 250 milhões de acções. Caso a operação tenha lugar, a participação da Rentipar no capital do Banif corresponderá a 62,33% do respectivo capital e também dos seus direitos de voto”.
Em entrevista ao «Semanário Económico», de 02/03/2007, Horácio Roque referiu que “O Banif já recebeu a não oposição do Banco de Portugal para a criação de um banco de raiz em Malta e agora aguardamos apenas a luz verde das autoridades financeiras daquele país, o que estará para breve. Visitámos o país e fomos desafiados por um grupo de empresários de Malta para fazermos uma instituição com eles, sendo o controlo do Banif. E decidimos avançar com a criação de um banco (...) o Banif Bank Malta deverá abrir no primeiro semestre deste ano”.
Nesta entrevista surge a informação que a Rentipar vendeu 10% do capital, não do Banif – Banco Internacional do Funchal, SA, mas sim do Banif, SGPS, SA (a holding). A pergunta do jornal foi simples: "Quando, em Fevereiro, vendeu 10% da Banif SGPS a CMVM disse que ia analisar o envolvimento da UBS na transacção. Como está esse processo?” A resposta de Horácio Roque foi a seguinte: “Está resolvido. Não chegou a haver qualquer processo por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários”. Horácio Roque ao falar do Banif, fica-se sem saber se fala do Grupo Banif ou se se refere ao Banif Banco com sede no Funchal. Na entrevista que Horácio Roque deu ao «Semanário Económico», de 22/02/2008, declarou: “O Banif -Grupo Financeiro fechou o exercício transacto com um resultado líquido de 101,1 milhões de euros, mais 29,4% que no ano anterior. O produto da actividade bancária e seguradora, subiu, também, 29,4% para os 443,8 milhões, os recursos de clientes ascenderam a 7.412 milhões de euros (16%) e o crédito concedido situou-se nos 8.816 milhões, um acréscimo de 22,3% face a 2006”.
No dia 31 de março, com a realização da assembleia geral para analisar o relatório e contas referente a 2007, a informação de Horácio Roque, transmitida para a opinião pública, não poderia ser mais ambígua: O Banif, que sucedeu em 1988 à Caixa Económica do Funchal teve em 2007 um lucro líquido consolidado de 101,1 milhões de euros. Isto é, fala-se no Banif de 1988, mas os lucros são do Grupo Banif e não só do Banif Banco.
Em 18/03/2008, o Banif – Banco Internacional do Funchal abriu a 37ª agência na Madeira, em Machico, sendo já o quarto balcão neste concelho, e pretende abrir em todo o País mais 59 agências naquele ano, contando já com cerca de 300 trabalhadores. Mas no primeiro semestre os lucros do Banif-Grupo financeiro baixaram 5,9%.
(continua)     

sexta-feira, 6 de julho de 2018


Bancos Criados na Madeira que Desapareceram (12)
O ano de 2005 para o BANIF marca uma posição de relevo no mercado bancário internacional com a abertura do Banco em Londres, a partir do dia 18 de setembro, depois da Venezuela, África do Sul, Estados Unidos e Brasil e outros. No jantar de gala esteve presente para além de Horácio Roque, presidente do BANIF, Cavaco Silva, Miguel de Sousa, em representação da Assembleia Legislativa da Madeira, e John Major.
Horácio Roque falou da história do Banco e da participação efetiva em sete países e três continentes, para além da grande expansão no continente português, Madeira e Açores.
Cavaco Silva referiu: “Se a Europa não conseguir inverter políticas, para enfrentar o desafio da competitividade, então não conseguirá resolver problemas como o desemprego, garantir a protecção social que os europeus ambicionam, e passará por dificuldades (…) é errado pensar que as exportações asiáticas se tratam apenas de produtos de mão-de-obra intensiva e tecnologicamente pouco avançados”.
Miguel de Sousa disse que “é o nome da Madeira e do Funchal, em particular, que estão a partir de agora na maior praça financeira mundial, através de um banco que é jovem e que nasceu na Região”. O Relatório e Contas referente a 2005 refere: “O Rácio de Solvabilidade total do Banco, nível consolidado com o Banif Finance Ltd e com a Banif (Açores) SGPS, SA, (calculado de acordo com as instruções do Banco de Portugal) situou-se em 11,63% no final de 2005, (12,07% em 2004, enquanto que o rácio Tier I atingiu 6,89% (7,92% em 2004)”. O Lucro Líquido foi de 26.104.449,08 euros, tendo sido a sua aplicação destinada: Reserva Legal (10%), 2.610.444,91; Dividendos 19.200.000,00; Outras Reservas, 2.919.004,17; distribuição pelos colaboradores: 1.375.000,00.
Em fevereiro de 2006, Horácio Roque esteve de visita às instalações do Banco em Joanesburgo, tendo contatado com os clientes, grande parte dos quais emigrantes madeirenses. No convívio, Horácio Roque, depois de pedir ajuda aos emigrantes para chegar aos 75.000 clientes até final do ano, disse: “o crescimento do Banif foi o crescimento da Madeira, e tal como muitos outros madeirenses aqui presentes, o Banif saiu das águas agitadas da Madeira para todo o Mundo e hoje está presente em três continentes e num total de onze países (…) tal como disse em 1988 que o Banif estaria onde estivessem os madeirenses, foi isso que aconteceu”.
Com 230.000 clientes no final de 2005, o grupo financeiro Banif queria atingir 300.000 no final de 2006 e queria aumentar a rede de balcões no continente dos 132 existentes para 200 em 2008, com ritmo de abertura de 20 novas unidades por ano. Quando a divulgação pública de resultados financeiros começa a ser referida também ao Grupo Banif e não apenas ao Banco, avoluma-se a confusão num aglomerado de sociedades, mesmo que só do setor financeiro, resultando em ignorância por parte de clientes investidores em ações e em obrigações. Porque investir nestes produtos financeiros numa sociedade do Grupo, que não o Banco, não é legalmente o mesmo, embora seja legal o conglomerado de empresas, umas participantes e participadas noutras. É tudo legal e do conhecimento das entidades reguladoras. Mas não é percetível para os clientes ou futuros clientes ter conhecimento de um comunicado, de 17/05/2006, do Banif do seguinte teor: “O Banif – Grupo Financeiro obteve lucros consolidados de 19,4 milhões de euros no final do 1º trimestre deste ano (…) o produto da actividade bancária atingiu 81.275 milhões de euros”.
(continua)