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domingo, 26 de agosto de 2018


Bancos Criados na Madeira que Desapareceram (19)
No âmbito do Plano de Recapitalização do BANIF–Banco Internacional do Funchal S.A., iniciado a 26/01/2013 com o aumento de capital reservado ao Estado com 700 milhões de euros, seguiram-se novos aumentos dirigidos aos acionistas e ao público em geral. Neste âmbito, no segundo semestre de 2013 houve quatro aumentos de capital que totalizaram 311,5 milhões de euros, o que fez aumentar o número de acionistas, passando de cerca de 5.500 em dezembro de 2012 para cerca de 27.000 em dezembro de 2013. E para encerrar o processo de recapitalização com recurso a investidores privados, foi aberta uma operação de aumento de capital para permitir o retorno do BANIF ao controlo dos investidores privados, cujo montante total até 138.504.779,57 euros, com a emissão de 13.850.477.957 “novas ações ordinárias escriturais e nominativas, sem valor nominal e com um valor de emissão de €0,01 cada uma” com período de subscrição entre 16 e 30/05/2014.
O prospeto divulgando a operação de aumento de capital salienta: “NÃO DEIXE PASSAR O MOMENTO”. “QUANDO SE FALA EM INVESTIMENTO, FALA-SE NO FUTURO. MAS AGORA QUE O BANIF ENTROU NUM NOVO CICLO, FALAMOS ACIMA DE TUDO, EM NÃO DEIXAR PASSAR O MOMENTO”. Esse momento tinha a ver com o projeto consolidado para criar valor e contribuiria também para o prosseguimento, de forma sustentável, da estratégia então definida, assentando nos seguintes vetores prioritários:
- “Foco nos segmentos mais rentáveis, nomeadamente nos segmentos de micro-empresas e PME, bem como em propostas de valor específicas para Clientes ´affluent´ e ´private´”.
- “Desinvestimento nas unidades internacionais e em outras actividades ou áreas de negócio consumidoras de capital e não rentáveis”.
- “Redução da estrutura de custos do Banif, tornando-a totalmente adequada a uma reformulação da estrutura de negócios em função dos segmentos alvo identificados”.
- “Reforço da estrutura de capitais, tendo o Plano de Capitalização sido estabelecido para que o Banif cumpra os requisitos regulamentares e lhe permita enfrentar, de forma sustentável, cenários de stress, tal como definidos pelas directrizes do Banco de Portugal”.
No final das operações, os investimentos privados no processo de recapitalização ascenderam, em 30/06/2014, a 450 milhões de euros, passando a ser o capital do BANIF de 1.720.700.000,00 euros, representado por 115.640.000.000 ações sem valor nominal. O Estado passou a deter 60.53% do capital social, e o BANIF adquiriu mais 6.690 novos acionistas.
No Relatório de Gestão e Contas do exercício de 2014, é referido que o Banif – Banco Internacional do Funchal, S.A. obteve um resultado negativo de 363.016.569,08 euros que passaram para Resultados Transitados. Também refere que no Continente havia 143 Agências, 29 na Madeira e 32 nos Açores, depois de terem sido encerradas 72 em 2014. O BANIF é o cabeça do Grupo Financeiro com 36 empresas em que tem participações no capital social. O crédito bruto concedido a clientes atingiu 7.906 milhões de euros e os depósitos totalizaram 6.499 milhões.
Nas perspetivas futuras, o BANIF deverá centrar os serviços aos Açores e na Madeira, às Comunidades de Emigrantes, às microempresas, PME e a clientes privados de alto rendimento no continente.
(continua)

sábado, 18 de agosto de 2018


Bancos Criados na Madeira que Desapareceram (18)
A promessa do BANIF–Banco Internacional do Funchal S.A. de aumentar o capital em 450 milhões, a subscrever por privados para que o Banco voltasse a ter maioria do capital privado, não foi cumprida nas fases previstas. Em 26/6/2013, alguns acionistas subscreveram 10 mil milhões de ações a um cêntimo cada, totalizando 100 milhões de euros. Até o final daquele mês, o BANIF deveria devolver ao Estado 150 milhões de euros por conta dos 400 milhões emprestados, mas tal não aconteceu por não ter sido possível encontrar financiadores, tendo sido pagos a 29 de agosto daquele ano. Quando em 5 de agosto ficou concluída a subscrição feita por empresas e pessoas em nome individual, o BANIF ficou a 209,3 milhões de euros de sair do controlo público. E em meados de outubro ainda faltavam 137 milhões! Na assembleia geral de 16/09/2013, foi aprovado o aumento de capital do BANIF com entradas em espécie no montante de 198.997.921,88 euros, ficando o capital em 1.709.697.921,88 euros.
Em 30/05/2013, na assembleia geral do BANIF a informação pública dada por Jorge Tomé foi a de que faltavam “pequenos detalhes técnicos para fechar o plano de reestruturação que está a ser negociado com Bruxelas e que definirá a estratégia do banco até 2017. De relevante em matéria das principais linhas de força do plano de reestruturação e das linhas estratégicas do banco para o futuro, está fechado (…) pensamos que nos próximos dias está fechado com a Direcção-Geral da Concorrência”. Mas no final daquele ano, o BANIF ainda aguardava a decisão da Comissão Europeia quanto ao plano de reestruturação.
Entretanto, o BANIF agravou os prejuízos no primeiro semestre de 2013, com um resultado líquido negativo de 196 milhões de euros, devido ao aumento das dotações para provisões e imparidades, na ordem dos 222 milhões de euros, decorrente da “operação creditícia do Brasil” e do “reforço adicional na área doméstica resultante de uma auditoria prudencial transversal a todos os bancos realizada por indicação do Banco de Portugal”.
Em 30/05/2014 a assembleia geral aprovou as contas do exercício de 2013 com o resultado negativo em 494 milhões de euros. A nova fase do BANIF foi encerrar agências, tendo sido encerradas 86 em 2012 e 2013 e estavam previstas mais 60 em 2014. E foram dispensados 611 trabalhadores, por mútuo acordo, naqueles dois anos e estava previsto dispensar até 300 em 2014.
O BANIF iniciou o ano de 2014 com a realização de uma emissão de títulos que se referem a uma operação de securitização (uma operação em que o ativo não é dívida do próprio Banco). Tratou-se de agrupar carteiras de crédito a pequenas e médias empresas “originadas pelo Banco de Portugal e depois vendeu-as a investidores”. De acordo com o «Jornal da Madeira», de 25/01/2014 “Na operação liderada pela StormHarbour (Boutique financeira que ajudou o IGCP no processo dos ´swap´ de empresas públicas) e pela unidade de investimento do Banif, o banco registou uma procura equivalente a 700 milhões de euros, 1,6 vezes acima das obrigações colocadas, avaliadas em 438 milhões (…) a emissão foi subscrita por cerca de 30 investidores provenientes de diversas geografias europeias (Reino Unido, Suíça, Itália, Alemanha, Holanda, França, Bélgica, Portugal e EUA). Em causa estarão investidores como seguradoras, fundos de pensões e fundos de investimento (…) está assim confirmada a capacidade do Banif, de uma forma sustentada, aceder aos mercados de captação de recursos internacionais em condições muito competitivas e favoráveis”.
(continua)



Bancos Criados na Madeira que Desapareceram (17)
Da Assembleia Geral anual do BANIF – Banco Internacional do Funchal (Grupo Financeiro), realizada no dia 30/05/2012, saiu a informação de que, em breve, seriam iniciadas negociações com o Governo da República para acertarem os valores necessários à recapitalização do Banco. O dinheiro viria do fundo de 12 mil milhões de euros que havia sido estipulado aquando do empréstimo a Portugal pela troica, na quantia de 78 mil milhões.
A quantia avançada, como sendo necessária para a recapitalização, foi de 500 milhões de euros, incluindo obrigações dos acionistas privados. Jorge Tomé, presidente da Comissão Executiva do Banif salientou: “Temos previsto no plano de recapitalização, que faz parte do nosso projecto estratégico mais global, é capitalizar o Banif S.A. e não o Banif SGPS. Vamos concentrar quase toda a actividade bancária no Banif S.A., pois vamos operar uma grande reestruturação societária, no sentido de simplificar o grupo”.
No dia 08/10/2012, nova assembleia geral decidiu a fusão incorporando a “holding” Banif SGPS no Banif – Banco Internacional do Funchal, SA., concretizada no dia 17 de dezembro daquele ano. Trata-se de uma reviravolta do que foi acontecendo ao longo dos anos, em que o Banif (Banco) chegou a ser a terceira empresa do grupo financeiro Banif. Uma vez desaparecida a Banif SGPS, a nova estrutura recolocou o Banif - Banco Internacional do Funchal, SA na cabeça do Grupo, acima do Banif Mais (de crédito especializado), da seguradora Rentipar, do Banif Investimento e do Banif Brasil. Entrava, assim, a nova fase com a previsão de encerrar balcões do Banco, acabando por fechar 42, e a dispensa de 300 funcionários.
Quando em 19/11/2012 o BANIF – Banco Internacional do Funchal, S.A. organizou em Caracas o XI Encontro de Gerações, Jorge Tomé afirmou aos cerca de 400 participantes no encontro: “Portugal tem um sistema financeiro robusto, cujos bancos nunca se envolveram em `activos tóxicos´ nem na ´bolha imobiliária´. Para além disso, o nosso país cumpriu já uma série de passos importantes, faltando apenas vencer a ´batalha do crescimento económico´ (…) o Banif tem hoje 5 mil accionistas e temos de triplicar esta base (…) somos a maior marca na Madeira, somos o maior banco nas Regiões Autónomas e junto das comunidades portuguesas – sobretudo Venezuela, África do Sul, Estados Unidos e Canadá. Contamos com todos no processo de recapitalização. Será certamente um bom investimento com retorno considerável a prazo. O BCP e o BPI são disso exemplo” (DN, 21/11/2012).
O prazo previsto para a recapitalização do Banif, pedido pelo Banco de Portugal que fosse até o final de 2012, teve de ser adiado para 2013, havendo também alteração no montante necessário. Em dezembro daquele ano, o Governo da República anunciou que iria participar na recapitalização, atribuindo 700 milhões de euros através da subscrição de ações especiais e 400 milhões em instrumentos de dívida convertíveis em ações, tendo notificado a Comissão Europeia a 11 daquele mês. A assembleia geral, realizada no dia 16/01/2013, aprovou o reforço de capitalização daquele montante público. Mas estavam previstos mais 450 milhões, numa segunda fase, a subscrever por privados para que o Banif voltasse a ter maioria do capital privado. A intervenção do Estado no Banif foi autorizada pela Comissão Europeia em 21/01/2013, passando o Estado a ser o acionista maioritário (mais de 90%), tal como aconteceu quando foi criado em 15 de janeiro de 1988.
(continua)

domingo, 5 de agosto de 2018


Bancos Criados na Madeira que Desapareceram (16)
No dia 21/03/2011, ocorreu nova etapa no BANIF – Banco Internacional do Funchal, SA, ao ter entrado para o índice PSI 20, com 570 milhões de ações, juntando-se aos Bancos cotados: BPI, BES e BCP. Naquele primeiro dia, foram transacionadas 359.920 ações do BANIF, valorizando 1,136% sobre 0,89 euros, passando para 0,90 euros por ação.
A partir da Assembleia Geral de acionistas da Banif SGPS, SA, realizada no dia 15/04/2011, surgiram informações de venda de participações noutras empresas, bem como fecho/deslocações de agências. A notícia dada pelo «Jornal da Madeira», de 16 de abril, refere que Marques dos Santos, presidente do conselho de administração, destacou factos relevantes de 2010 respeitantes: “à venda de 70% da «Banif corretora de valores» no Brasil à Caixa Geral de Depósitos, ainda não traduzida nas contas, uma mais-valia de 28 milhões de euros”; “venda da participação no Finibanco”; “compra da Global e Global Vida, pela Companhia de Seguros Açoreana, uma fusão que representa um reforço na área seguradora”; “aumento de capital na Banif SGPS, de 80 milhões de euros; “aumento de capital do Banco em 214 milhões (o que levou à subida do rácio); “o activo líquido do grupo cresceu 8,9% e atingiu cerca de 16 mil milhões de euros”; “o crédito cresceu 5,9%, 700 milhões de euros; “os recursos de clientes cresceram 18,5%, 1,4 mil milhões de euros, que representa o dobro do crédito”; “o Banif não vai encerrar agências a Madeira, o que está a acontecer são deslocações de agências como aconteceu na Ponta do Sol e na Penteada, a nível nacional é pontual, (três encerraram no primeiro trimestre de 2011, mas outras abriram)”.
Quando em maio de 2011 o BANIF – Banco Internacional do Funchal organizou em Caracas o X Encontro de Gerações, em parceria com os jornais «CORREIO da Venezuela» e «Diário de Notícias» da Madeira, o administrador do Banif, Machado Andrade, garantiu aos mais de 500 participantes no encontro: “A saúde financeira do Banif nunca esteve em causa, pelo que os esforços da administração estão concentrados em prestar um melhor serviço aos seus clientes (…) o sistema financeiro português está de boa saúde e recomenda-se, apesar do momento difícil que Portugal atravessa actualmente” (in DN, 25/05/2011).
O ano de 2012 marcou nova e profunda mudança na administração no Grupo Banif. E verificou-se a saída do índice PSI20. Luís Amado passou a presidente do Conselho de Administração do Banif SGPS, SA, por indigitação da Rentipar Financeira, “holding” dos herdeiros do comendador Horácio Roque, que detém a maioria do capital. Para o lugar de presidente executivo (CEO) do Grupo Banif entra Jorge Tomé que foi administrador da Caixa Geral de Depósitos. Com a mudança verificada na assembleia geral extraordinária, realizada no dia 22 de março, saíram Marques dos Santos e Carlos Almeida, que vinham exercendo funções desde a morte de Horácio Roque. A assembleia geral extinguiu o Conselho Consultivo e criou um novo órgão designado Conselho Superior Corporativo, que foi presidido por Maria Teresa Roque. A Mesa da Assembleia Geral é presidida por Miguel José Luís de Sousa.
 Um novo retrocesso do Banif verificou-se com a saída do PSI20, devido à Nyse Euronext de Lisboa ter decidido tal saída por razões de desvalorização das ações em 65,5%, devido às fortes quedas do setor bancário em 2011. Em lugar do Banif, passou a integrar o PSI20 a Espírito Santo Financial Group, a holding que controla o BES.
(continua)