Portugal com via aberta para mão-de-obra barata
O Governo do PSD/CDS, que Portugal ainda suporta, está a transformar o País num destino virado para a mão-de-obra barata com salários de miséria. É tão perigoso nas políticas sociais e económicas que consegue ultrapassar o ideário político de países como a Coreia do Sul e a China, cujo tempo de mão-de-obra barata está a decair embora lentamente.
Enquanto o governo da Coreia do Sul manteve mão-de-obra barata, baseada na fraca ou nenhuma especialização dos trabalhadores, bem como incentivos ao investimento estrangeiro, a produção de bens de consumo era de baixo preço, embora de fácil colocação nos mercados daquela região do Mundo. Mas aos poucos a mão-de-obra ganhou qualidade, passando também a produzir bens de melhor valor acrescentado. Nos finais dos anos oitenta do século passado, não só houve poder reivindicativo para aumentos salariais, como também o consumo interno aumentou devido ao maior poder de compra e aos produtos novos e de melhor qualidade.
A «Reforma Económica e Abertura ao Exterior» em 1970, levada a efeito pelo governo da China, baseava-se em mão-de-obra barata, tendo este facto captado milhares de empresas de capitais externos. Mas a ideia de que a China continua a ser um país de mão-de-obra barata está a esfumar-se. Na verdade, nos últimos cinco anos, os custos do trabalho, nomeadamente em algumas indústrias, aumentaram quase cem por cento.
Um estudo elaborado pela consultora Ernst & Young refere que o governo chinês ao elaborar o «12º Plano Quiquenal (2011-2015)», impôs o aumento de 13% no salário mínimo, durante a vigência daquele plano, o que faz aumentar mais “35 a 40 por cento aos custos laborais”.
O que se passa em Portugal é o facto de o Governo - pior que o sulcoreano e o chinês - promover cortes nos salários, mesmo pela via fiscal, pretendendo incentivar o envestimento estrangeiro. Mas não é só isso. Também corta nas pensões, quebrando um compromisso do Estado com aqueles que descontaram durante a vida ativa.
Este Governo ficará na história de Portugal como autor material da degradação e morte lenta por doloso homicídio voluntário de alguns milhões de portugueses, falência de empresas e aumento estrondoso do desemprego. É também o autor do aumento de doentes mentais, tal é o estado psíquico que afetará milhares de portugueses pelo facto de se tornarem pobres à força.
Os facínoras do Governo, filhos das pútridas políticas mais horrendas que reinam na União Europeia, não podem, nem devem continuar no governo da Nação, sob pena desta se afundar no mais profundo oceano. O PSD, a que se associou o CDS por conveniência meramente política, bem como os deputados desta maioria deconchavada ficarão a fazer parte, por igual, da mesma camarilha do Governo, incompetente e mal parido, que engrendou as políticas que não deram resultado em 2012, mas insistem nelas para 2013, cujos efeitos serão mais perversos.
O que escrevi neste mesmo espaço, no dia 21/10/2011, ainda hoje está atualizado. “Se o acordo com a Troika foi celebrado tendo como base uma determinada situação financeira do país, ao invocarem que descobriram situações financeiras novas (buracos financeiros), então estamos perante uma substancial alteração das circunstâncias e pressupostos do acordo. Logo, também estão postos em causa os prazos estipulados para cumprimento do défice de 2012 e 2013 e para tomar outras medidas nos prazos tão curtos como aqueles que ficaram acordados.
Daqui decorre a evidência, que só o governo não tem em conta, que é a necessidade de renegociar com a Troika a dilatação dos prazos que constam do aprovado memorando de entendimento. Seria o mínimo exigível para evitar as medidas tão escandalosas como são, por agora, as do orçamento do Estado para 2012».
Agora, com mais uma evidência: se os cortes aplicados em 2012 não deram os resultados pretendidos, para que serve ter um monstro destes a governar o País, aplicando receita mais forte em 2013?
Por menos trapalhadas e desnortes o governo de Santana Lopes foi posto a andar!
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