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terça-feira, 28 de junho de 2016

Da confiança à crise dos Bancos (21)

Da assembleia geral anual do BANIF – Banco Internacional do Funchal (Grupo Financeiro), realizada no dia 30 de maio de 2012, saíu a informação de que, em breve, seriam iniciadas negociações com o Governo da República para acertarem os valores necessários à recapitalização do Banco. O dinheiro viria do fundo de 12 mil milhões de euros que havia sido estipulado aquando do empréstimo a Portugal pela troica, na quantia de 78 mil milhões.
A quantia avançada como sendo necessária para a recapitalização foi de 500 milhões de euros, incluindo obrigações dos acionistas privados. Jorge Tomé, presidente da Comissão Executiva do Banif salientou: “Temos previsto no plano de recapitalização, que faz parte do nosso projecto estratégico mais global, é capitalizar o Banif S.A. e não o Banif SGPS. Vamos concentrar quase toda a actividade bancária no Banif S.A., pois vamos operar uma grande reestruturação societária, no sentido de simplificar o grupo”.

No dia 8 de outubro de 2012, nova assembleia geral decidiu a fusão incorporando a “holding” Banif SGPS no Banif – Banco Internacional do Funchal, SA., concretizada no dia 17 de dezembro daquele ano. Trata-se de uma reviravolta do que foi acontecendo ao longo dos anos, em que o Banif (Banco) chegou a ser a terceira empresa do grupo financeiro Banif. Uma vez desaparecida a Banif SGPS, a nova estrutura recolocou o Banif - Banco Internacional do Funchal, SA na cabeça do Grupo, acima do Banif Mais (de crédito especializado), da seguradora Rentipar, do Banif Investimento e do Banif Brasil. Entrava, assim, a nova fase com a previsão de encerrar balcões do Banco, acabando por fechar 42, e a dispensa de 300 funcionários.

Quando em 19 de novembro de 2012 o BANIF – Banco Internacional do Funchal, SA organizou em Caracas o XI Encontro de Gerações, Jorge Tomé afirmou aos cerca de 400 participantes no encontro: “Portugal tem um sistema financeiro robusto, cujos bancos nunca se envolveram em ´activos tóxicos´ nem na ´bolha imobiliária´. Para além disso, o nosso país cumpriu já uma série de passos importantes, faltando apenas vencer a ´batalha do crescimento económico´ (…) o Banif tem hoje 5 mil accionistas e temos de triplicar esta base (…) somos a maior marca na Madeira, somos o maior banco nas Regiões Autónomas e junto das comunidades portuguesas – sobretudo Venezuela, África do Sul, Estados Unidos e Canadá. Contamos com todos no processo de recapitalização. Será certamente um bom investimento com retorno considerável a prazo. O BCP e o BPI são disso exemplo” (DN, 21/11/2012).

O prazo previsto para a recapitalização do Banif, pedido pelo Banco de Portugal que fosse até o final de 2012, teve de ser adiado para 2013, havendo também alteração no montante necessário. Em dezembro daquele ano, o Governo da República anunciou que iria participar na recapitalização, atribuindo 700 milhões de euros através da subscrição de ações especiais e 400 milhões em instrumentos de dívida convertíveis em ações, tendo notificado a Comissão Europeia a 11 daquele mês. A assembleia geral, realizada no dia 16 de janeiro de 2013, aprovou o reforço de capitalização daquele montante público. Mas estavam previstos mais 450 milhões, numa segunda fase, a subscrever por privados para que o Banif voltasse a ter maioria do capital privado. A intervenção do Estado no Banif foi autorizada pela Comissão Europeia em 21 de janeiro de 2013, passando o Estado a ser o acionista maioritário (mais de 90%), tal como aconteceu quando foi criado em 15 de janeiro de 1988.

(continua)

terça-feira, 21 de junho de 2016

Da confiança à crise dos Bancos (20)

No dia 21 de março de 2011 ocorreu mais uma etapa para o BANIF – Banco Internacional do Funchal, SA, ao ter entrado para o índice PSI 20, com 570 milhões de ações, juntando-se, assim, aos Bancos que nele já estavam cotados: BPI, BES e BCP. Naquele primeio dia, foram transacionadas 359.920 ações do BANIF, valorizando 1,136% sobre 0,89 euros, passando para 0,90 euros por ação.

A partir da Assembleia Geral de acionistas da Banif SGPS, SA, realizada no dia 15 de abril de 2011, surgem informações de venda de participações noutras empresas, bem como fecho/deslocações de agências. A notícia dada pelo «Jornal da Madeira», de 16 de abril, refere que Marques dos Santos, presidente do conselho de administração, destacou factos revelantes de 2010 respeitantes:
-  “à venda de 70% da «Banif corretora de valores», no Brasil, à Caixa Geral de Depósitos, ainda não traduzida nas contas, uma mais-valia de 28 milhões de euros”;
- “venda da participação no Finibanco”;
- “compra da Global e Global Vida, pela Companhia de Seguros Açoreana, uma fusão que representa um reforço na área seguradora”;
- “aumento de capital na Banif SGPS, de 80 milhões de euros;
- “aumento de capital do Banco em 214 milhões (o que levou à subida do rácio);
- “o activo líquido do grupo cresceu 8,9% e atingiu cerca de 16 mil milhões de euros”;
- “o crédito cresceu 5,9%, 700 milhões de euros;
- “os recursos de clientes cresceram 18,5%, 1,4 mil milhões de euros, que representa o dobro do crédito”;
- “o Banif não vai encerrar agências a Madeira, o que está a acontecer são deslocações de agências como aconteceu na Ponta do Sol e na Penteada, a nível nacional é pontual, (três encerraram no primeito trimestre de 2011, mas outras abriram)”.

Quando em maio de 2011 o BANIF – Banco Internacional do Funchal organizou em Caracas o X Encontro de Gerações, em parceria com os jornais «CORREIO da Venezuela» e «Diário de Notícias» da Madeira, o administrador do Banif, Machado Andrade, garantiu aos mais de 500 participantes no encontro: “A saúde financeira do Banif nunca esteve em causa, pelo que os esforços da administração estão concentrados em prestar um melhor serviço aos seus clientes (…) o sistema financeiro português está de boa saúde e recomenda-se, apesar do momento difícil que Portugal atravessa actualmente” (in DN, 25/05/2011).

O ano de 2012 marca nova e profunda mudança na administração no Grupo Banif. E verificou-se a saída do índice PSI20.
Luis Amado passou a presidente do Conselho de Administração do Banif SGPS, SA, por indigitação da Rentipar Financeira, “holding” dos herdeiros do comendador Horrácio Roque, que detém a maioria do capital. Para o lugar de presidente executivo (CEO) do Grupo Banif entra Jorge Tomé que foi administrador da Caixa Geral de Depósitos. Com a mudança verificada na assembleia geral estraordinária, realizada no dia 22 de março, saiem Marques dos Santos e Carlos Almeida, que vinham exercendo funções desde a morte de Horácio Roque. A assembleia geral extinguiu o Conselho Consultivo e criou um novo órgão designado Conselho Superior Corporativo, que é presidido por Maria Teresa Roque. A Mesa da Assembleia Geral é presidida por Miguel José Luís de Sousa.
 Um novo retrocesso verificou-se com a saída do PSI20, devido à Nyse Euronext de Lisboa ter decidido tal saída por razões de desvalorização das ações em 65,5%, devido às fortes quedas do setor bancário em 2011. Em lugar do Banif, passou a integrar o PSI20 a Espírito Santo Financial Group, a holding que controla o BES.

(continua)

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Da confiança à crise dos Bancos (19)

Em 16/01/2010, o «Jornal da Madeira» deu a notícia intitulada “Banif lança corretora para gerir carbono”. O título parecia tratar-se do Banif – Banco Internacional do Funchal, SA. Mas não. No desenvolvimento da notícia, verifica-se que se trata do Banif Banco de Investimento, SA., que faz parte do Grupo Banif.  Artur Fernandes, presidente do Banif Banco de Investimento, disse que “Vamos lançar, em conjunto com a Fomentinvest, a primeira corretora de carbono em Portugal, com 50 por cento a cada um da nova corretora”, chamada «Banif Ecoprogresso Trading (Ecotrader) a ser presidida por Ângelo Correia, presidente da Fomentinvest, juntamente com mais dois administradores, “Carlos Jorge, do Banif Banco de Investimento, e Paulo Caetano, da Ecoprogresso”.
Quem era a Fomentinvest? Tratava-se de uma empresa que atuava nas áreas do ambiente, energia, mercado do carbono e mudanças climáticas. Tinha como acionistas: Fundação Ilídio Pinho, com 21,2%; Caixa Capital, 15,4%; Espírito Santo Capital, 15,4%; Millennium BCP, 25%; IP Holding, 15,4%; Banif Banco de Investimento, 7,7%; Fundação Horácio Roque, 7,7%; BAI-Banco Africano de Investimentos, 1,9%.
Outra afirmação de Artur Fernandes: “O Banif Investimento será o banco depositário dos accionistas da sociedade «Ecotrader» e «adviser» para os investimentos”.

Apesar da substituição temporária de Horácio Roque de presidente do Conselho de Administração do Grupo Banif, por motivos de doença, por Marques dos Santos, manteve-se a confusão total usando a expressão Banif significando Grupo Banif, embora parecendo falavam do Banif – Banco Internacional do Funchal, SA, criado em 1988.
Na Assembleia Geral, realizada no Funchal em 31/03/2010, tudo foi referido relativamente ao Banif Grupo Financeiro: que teve, em 2009, resultados líquidos de 54,1 milhões de euros; o valor do crédito concedido a clientes elevou-se a 11,8 milhões de euros; que os depósitos de clientes ascenderam a 6.743 milhões de euros; o produto total da atividade do Grupo Banif em 2009 atingiu 509,1 milhões de euros, “um aumento de 8,3%” em relação a 2008. Nenhuns dados específicos foram referidos acerca do Banif – Banco Internacional do Funchal, SA, tendo sido dito que, em 31/12/2009, o Banif Grupo Financeiro tinha “371 agências bancárias em Portugal” e tinha ao seu serviço “4.102 empregados, contra 3.574 em 2008”.

Em meados de maio de 2010, a morte de Horácio Roque correspondeu a alterações profundas nos órgãos de gestão, embora mantendo-se nela praticamente os mesmos gestores, quer do Grupo Banif, quer no BANIF – Banco Internacional do Funchal, SA, que ajudou a criar. Quando, em 15/01/1988, foi criado o BANIF para evitar a Falência da Caixa Económica do Funchal, Horácio Roque era o maior acionista privado, mas era o Estado que detinha a maioria do capital social do novo Banco.

Em 29 de dezembro de 2010, a Assembleia Geral decidiu aumentar o capital social, de 566 milhões de euros para 780 milhões. De acordo com a comunicação à CMVM – Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, “o aumento de capital foi já integralmente realizado, através de uma entrada em dinheiro no montante de 214 milhões de euros, efectuada pela Banif Comercial, SGPS, SA, a qual subscreveu a totalidade das 42.800.000 novas acções emitidas, pelo que a Banif -SGPS, SA, holding de topo do Banif – Grupo Financeiro mantém o controlo (indirecto) de 100% do capital social e direitos de voto do Banif – Banco Internacional do Funchal, SA”. Tal aumento provocou o aumento do Rácio Tier I do Banif para perto de 10%, percentagem acima do mínimo exigido de 8% pelo Banco de Portugal.

(continua)

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Da confiança à crise dos Bancos (18)


Em 2009, falar do BANIF não significa estar a referir-se ao BANIF – Banco Internacional do Funchal, S.A. Como a confusão é total quando Horácio Roque usava a expressão BANIF, o mais certo é que a referência seja dirigida para o Banif SGPS, SA ou para a expressão abstrata de Banif Grupo Financeiro que inclui outros Bancos, como é o caso do Banif Açores, Banif-Banco de Investimento e sociedades financeiras participadas pelo Banif SGPS, SA.

Em 16/01/2009, o «Jornal da Madeira» (JM) deu a seguinte notícia: “Por estes dias, a agência de notação financeira Fitch reiterou o nível de risco do Banif e de uma perspetiva de evolução estável para esse risco, de acordo com uma nota sobre a instituição financeira porrtuguesa. O “rating” (uma medida de risco de incumprimento do crédito) de longo prazo do Banif está em “BBB+” e o “outlook” (perspectiva de evolução desse rating” permanece estável”.
O mesmo jornal, de 10 de março daquele ano, cita Horácio Roque que afirma: “Vamos levar à Assembleia Geral de 31 de Março a proposta de aumento de capital de 350 para 500 milhões de euros (…) com o objectivo de reforçar os rácios de capital para cumprir a recomendação do Banco de Portugal, ou seja chegar aos 8 por cento de capitais próprios de base, que no final de 2008 eram de 6,84 por cento”.
As notícias da assembleia geal, vertidas no JM, de 1 de abril, são de uma verdadeira confusão entre Banif (Banco) e Banif SGPS e Banif Grupo Financeiro: “Na Assembleia geral Anual de Accionistas da Banif SGPS, SA, ontem, o Conselho de Administração do Banif – Grupo Financeiro, presidido pelo comendador Horácio Roque, apresentou no Funchal o Relatório e Contas referente ao exercício de 2008”. Horácio Roque salientou a “autorização dos accionistas ao Conselho de Adminsitração para que, quando achar conveniente, proceder a um aumento de capital de 350 para 500 milhões de euros (…) o Grupo Financeiro teve o ano passado alguns movimentos dignos de registo, nomeadamente a absoção pelo Banif do Banco Comercial dos Açores, que passou a chamar-se Banif Açores”.
Também foi referido que “os resultados líquidos consolidados da Banif-SGPS, “holding” do Banif – Grupo Financeiro, elevam-se a 59,2 milhões de euros no exercício de 2008, o que traduz uma diminuição de 41,4% quando comparado com o resultado obtido em 2007”
O activo líquido do Banif – Grupo Financeiro totalizava 12.876,6 milhões de euros, em 31/12/2008, “registando um crescimento de 19,7% face ao final do ano anteior”.
“O crédito concedido a clientes elevou-se a 10.409,7 milhões de euros, superior em 18,1% ao valor registado em 2007. Os depósitos de clientes cresceram 20,4% relativamente a 2007”.
“O produto da actividade do Banif – Grupo Financeiro atingiu 470 milhões de euros em 2008, registado uma subida de 5,9% em relação ao ano anterior”.

No primeiro trimestre de 2009, o Banif (grupo financeiro) teve um prejuízo líquido de 0,9 milhões e euros, devido a uma imparidade registada naquele trimestre, de 16,1 milhões de euros, relativa à participação financeira no Finibanco
Em 10 de julho, a Assembleia Geral do Banif SGPS aprovou a compra de 90% do «Banco Mais» que era detido 100% pela Tecnicrédito SGPS, SA. Esta era detida maioritariamente pelo Grupo Auto Industrial, operador do retalho automóvel. Para aquela aquisição e a do Banco PLUS, na Hungria, a Assembleia Geral do BANIF – Banco Internacional do Funchal, na sequência da Assembleia Geral do Banif SGPS de 10 de julho, aumentou o capital em 140 milhões de euros, passando a ter um capital de 490 milhões de euros e ficou com capitais próprios de 950 milhões de euros.


(continua)