Da confiança
à crise dos Bancos (21)
Da
assembleia geral anual do BANIF – Banco Internacional do Funchal (Grupo
Financeiro), realizada no dia 30 de maio de 2012, saíu a informação de que, em
breve, seriam iniciadas negociações com o Governo da República para acertarem
os valores necessários à recapitalização do Banco. O dinheiro viria do fundo de
12 mil milhões de euros que havia sido estipulado aquando do empréstimo a
Portugal pela troica, na quantia de 78 mil milhões.
A quantia
avançada como sendo necessária para a recapitalização foi de 500 milhões de
euros, incluindo obrigações dos acionistas privados. Jorge Tomé, presidente da
Comissão Executiva do Banif salientou: “Temos previsto no plano de
recapitalização, que faz parte do nosso projecto estratégico mais global, é
capitalizar o Banif S.A. e não o Banif SGPS. Vamos concentrar quase toda a
actividade bancária no Banif S.A., pois vamos operar uma grande reestruturação
societária, no sentido de simplificar o grupo”.
No dia 8 de
outubro de 2012, nova assembleia geral decidiu a fusão incorporando a “holding”
Banif SGPS no Banif – Banco Internacional do Funchal, SA., concretizada no dia
17 de dezembro daquele ano. Trata-se de uma reviravolta do que foi acontecendo
ao longo dos anos, em que o Banif (Banco) chegou a ser a terceira empresa do
grupo financeiro Banif. Uma vez desaparecida a Banif SGPS, a nova estrutura
recolocou o Banif - Banco Internacional do Funchal, SA na cabeça do Grupo,
acima do Banif Mais (de crédito especializado), da seguradora Rentipar, do
Banif Investimento e do Banif Brasil. Entrava, assim, a nova fase com a
previsão de encerrar balcões do Banco, acabando por fechar 42, e a dispensa de
300 funcionários.
Quando em
19 de novembro de 2012 o BANIF – Banco Internacional do Funchal, SA organizou
em Caracas o XI Encontro de Gerações, Jorge Tomé afirmou aos cerca de 400
participantes no encontro: “Portugal tem um sistema financeiro robusto, cujos
bancos nunca se envolveram em ´activos tóxicos´ nem na ´bolha imobiliária´.
Para além disso, o nosso país cumpriu já uma série de passos importantes,
faltando apenas vencer a ´batalha do crescimento económico´ (…) o Banif tem
hoje 5 mil accionistas e temos de triplicar esta base (…) somos a maior marca
na Madeira, somos o maior banco nas Regiões Autónomas e junto das comunidades
portuguesas – sobretudo Venezuela, África do Sul, Estados Unidos e Canadá.
Contamos com todos no processo de recapitalização. Será certamente um bom
investimento com retorno considerável a prazo. O BCP e o BPI são disso exemplo”
(DN, 21/11/2012).
O prazo
previsto para a recapitalização do Banif, pedido pelo Banco de Portugal que
fosse até o final de 2012, teve de ser adiado para 2013, havendo também
alteração no montante necessário. Em dezembro daquele ano, o Governo da República
anunciou que iria participar na recapitalização, atribuindo 700 milhões de
euros através da subscrição de ações especiais e 400 milhões em instrumentos de
dívida convertíveis em ações, tendo notificado a Comissão Europeia a 11 daquele
mês. A assembleia geral, realizada no dia 16 de janeiro de 2013, aprovou o
reforço de capitalização daquele montante público. Mas estavam previstos mais 450
milhões, numa segunda fase, a subscrever por privados para que o Banif voltasse
a ter maioria do capital privado. A intervenção do Estado no Banif foi
autorizada pela Comissão Europeia em 21 de janeiro de 2013, passando o Estado a
ser o acionista maioritário (mais de 90%), tal como aconteceu quando foi criado
em 15 de janeiro de 1988.
(continua)
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