Da confiança
à crise dos Bancos (22)
A promessa
do BANIF–Banco Internacional do Funchal SA, de aumentar o capital em 450
milhões, a subscrever por privados para que o Banco voltasse a ter maioria do
capital privado não foi cumprida nas fases previstas. Em 26 de junho de 2013,
alguns acionistas subscreveram 10 mil milhões de ações a um cêntimo cada,
totalizando 100 milhões de euros. Até o final daquele mês, o BANIF deveria devolver
ao Estado a quantia de 150 milhões de euros por conta dos 400 milhões emprestados,
mas tal não aconteceu por não ter sido possível encontrar financiadores, tendo
sido pagos a 29 de agosto daquele ano. Quando em 5 de agosto ficou concluída a
subscrição feita por empresas e pessoas em nome individual, o BANIF ficou a
209,3 milhões de euros de sair do controlo público. E em meados de outubro
ainda faltavam 137 milhões!
Na
assembleia geral de 16 de setembro de 2013, foi aprovado o aumento de capital
do BANIF com entradas em espécie no montante de 198.997.921,88 euros, ficando o
capital em 1.709.697.921,88 euros.
Quando em
30 de maio de 2013 foi realizada a assemblea geral do BANIF, a informação
pública dada por Jorge Tomé foi a de que faltavam “pequenos detalhes técnicos
para fechar o plano de reestruturação que está a ser negociado com Bruxelas e
que definirá a estratégia do banco até 2017. O que é relevante em matéria das
principais linhas de força, do plano de reestruturação e das linhas
estratégicas do banco para o futuro, está fechado (…) pensamos que nos próximos
dias está fechado com a Direcção-Geral da Concorrência”. Mas no final daquele
ano, o BANIF ainda aguardava a decisão da Comissão Europeia quanto ao plano de
reestruturação.
Entretando,
o BANIF agravou os prejuízos no primeiro semestre de 2013, com um resultado
líquido negativo de 196 milhões de euros, devido ao aumento das dotações para
provisões e imparidades, na ordem dos 222 milhões de euros, decorrente da
“operação creditícia do Brasil” e do “reforço adicional na área doméstica
resultante de uma auditoria prudencial transversal a todos os bancos realizada
por indicação do Banco de Porugal”. Em 30 de maio de 2014 a assembleia geral
aprovou as contas do exercício de 2013, com o resultado negativo em 494 milhões
de euros. A nova fase do BANIF foi encerrar agências, tendo sido encerradas 86 em
2012 e 2013 e estavam previstas mais 60 em 2014. E foram dispensados 611
trabalhadores, por mútuo acordo, naqueles dois anos e estava previsto dispensar
até 300 em 2014.
O BANIF
iniciou o ano de 2014 com a realização de uma emissão de títulos que se referem
a uma operação de securitização (uma operação em que o ativo não é dívida do
próprio Banco). Tratou-se de agrupar carteiras de crédito a pequenas e médias
empresas “originadas pelo Banco de Portugal e depois vendeu-as a investidores”.
De acordo com o «Jornal da Madeira», de 25 de
janeiro de 2014 “Na operação liderada pela StormHarbour (Boutique
financeira que ajudou o IGCP no processo dos ´swap´ de empresas públicas) e
pela unidade de investimento do Banif, o banco registou uma procura equivalente
a 700 milhões de euros, 1,6 vezes acima das obrigações colocadas, avaliadas em
438 milhões (…) a emissão foi subscrita por cerca de 30 investidores
provenientes de diversas geografias europeias (Reino Unido, Suíça, Itália,
Alemanha, Holanda, França, Bélgica, Portugal e EUA). Em causa estarão
investidores como seguradoras, fundos de pensões e fundos de investimento (…)
está assim confirmada a capacidade do Banif, de uma forma sustentada, aceder
aos mercados de captação de recursos internacionais em condições muito
competitivas e favoráveis”.
(continua)
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