Da confiança
à crise dos Bancos (55)
DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
Desde o início da década de setenta do século XX, os
bancos comerciais portugueses viram crescer o volume de depósitos. Aconteceu
que desde o mês de agosto de 1970 a agosto de 1971, os depósitos passaram de
102,44 biliões de escudos para 122,18 biliões, correspondendo a um aumento de
19,8 por cento. As fontes da altura revelaram que o aumento se deveu, em grande
parte, às remessas dos emigrantes portugueses. Também o volume de crédito
concedido pelos Bancos durante aquele perído passou de 83,90 biliões de escudos
para 96,98 biliões, a que corresponde uma taxa de 15,6 por cento. Tendo em
conta o desenvolvimento então verificado nos depósitos, os bancos comerciais aumentaram
o volume de créditos, apesar da política restritiva do Banco de Portugal.
Naquele desenvolvimento integra-se, naturalmente, a
ação do Banco Totta & Açores – o Banco da Madeira no que respeita à
economia da Região. Relevante foi a intervenção de Vilhena de Andrade,
Subdirector daquele banco, na conferência proferida no dia 28 de julho de 1971
no Skal Clube da Madeira:
“A
Madeira, como é do conhecimento geral, está a atravessar um momento de
desenvolvimento no campo turístico, desenvolvimento este que desejávamos há
muito tempo realizado, mas que, por um conjunto de circunstâncias, que não
interessa frisar nesta altura, pois são problemas sobejamente fossilizados, só
agora é que sentimos, constando realmente, essa explosão (…) até à presente
data, o défice da balança comercial madeirense tem sido coberto elas divisas
provenientes dos emigrantes cujo valor ascende, anualmente, a algumas centenas de milhar de contos (…) a
acção da Banca não fica por aqui, estende-se às actividades que, indirectamente,
fazem parte do chamado «ciclo turístico», e, neste caso também, ampara todas as
organizações já existentes ou que se estabelecem, tendentes, não só a
abastecerem as unidades hoteleiras, como também para venda do nosso artesanato
e outros produtos, tanto na região, como também de importação exterior (…) a Banca está no bom caminho,
alguns organismos como a Delegação de Turismo, também, pois disso tem dado
bastas provas, porém outros há que se devem actualizar”.
Em 4
de março de 1974, o Banco Totta & Açores e mais oito Bancos subscreveram o
Aviso Importante, onde referem:
“Avisamos
os nossos Exmos. Clientes que, a partir de 4 de Março de 1974,
impreterivelmente, todas as letras descontadas deverão ser liquidadas até 48
horas depois do dia do vencimento, em conformidade com as disposições legais
aplicáveis. (Convenção Internacional aprovada e ratificada pelos Decretos Lei
Nº 23 721 de 29/3/34 e Nº 26 556 de 30/4/36)”
Com
o «25 de Abril de 1974» e a nacionalização da Banca em março do ano seguinte, o
Banco Totta & Açores viu-se envolvido no período de instabilidade política.
Na Madeira, os separatistas, ao pretenderem transformar o Banco Totta &
Açores – Banco da Madeira em banco exclusivamente regional e emissor da moeda
“Zarco”, promoveram em 29 de setembro de 1975 o arranque do letreiro desta
instituição de crédito. Uma enorme multidão, no Largo do Chafariz, observava Consuelo
Santos com um martelo, em cima de uma escada, a arrancar a “indesejável”
palavra “Totta”. No fim da operação, apenas sobrou a designação de “Banco da
Madeira & Açores”. Os últimos dois dias daquele mês foram de grande e
complexa efervescência naquele Banco. A comissão de saneamento, vinda de
Lisboa, não teve vida fácil nas mãos do “núcleo separatista” dos bancários do
Totta, exigindo o seu imediato regresso a Lisboa.
(continua)