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domingo, 19 de fevereiro de 2017

Da confiança à crise dos Bancos (55)

DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
Desde o início da década de setenta do século XX, os bancos comerciais portugueses viram crescer o volume de depósitos. Aconteceu que desde o mês de agosto de 1970 a agosto de 1971, os depósitos passaram de 102,44 biliões de escudos para 122,18 biliões, correspondendo a um aumento de 19,8 por cento. As fontes da altura revelaram que o aumento se deveu, em grande parte, às remessas dos emigrantes portugueses. Também o volume de crédito concedido pelos Bancos durante aquele perído passou de 83,90 biliões de escudos para 96,98 biliões, a que corresponde uma taxa de 15,6 por cento. Tendo em conta o desenvolvimento então verificado nos depósitos, os bancos comerciais aumentaram o volume de créditos, apesar da política restritiva do Banco de Portugal.
Naquele desenvolvimento integra-se, naturalmente, a ação do Banco Totta & Açores – o Banco da Madeira no que respeita à economia da Região. Relevante foi a intervenção de Vilhena de Andrade, Subdirector daquele banco, na conferência proferida no dia 28 de julho de 1971 no Skal Clube da Madeira:
“A Madeira, como é do conhecimento geral, está a atravessar um momento de desenvolvimento no campo turístico, desenvolvimento este que desejávamos há muito tempo realizado, mas que, por um conjunto de circunstâncias, que não interessa frisar nesta altura, pois são problemas sobejamente fossilizados, só agora é que sentimos, constando realmente, essa explosão (…) até à presente data, o défice da balança comercial madeirense tem sido coberto elas divisas provenientes dos emigrantes cujo valor ascende, anualmente,  a algumas centenas de milhar de contos (…) a acção da Banca não fica por aqui, estende-se às actividades que, indirectamente, fazem parte do chamado «ciclo turístico», e, neste caso também, ampara todas as organizações já existentes ou que se estabelecem, tendentes, não só a abastecerem as unidades hoteleiras, como também para venda do nosso artesanato e outros produtos, tanto na região, como também de importação  exterior (…) a Banca está no bom caminho, alguns organismos como a Delegação de Turismo, também, pois disso tem dado bastas provas, porém outros há que se devem actualizar”.

Em 4 de março de 1974, o Banco Totta & Açores e mais oito Bancos subscreveram o Aviso Importante, onde referem:
“Avisamos os nossos Exmos. Clientes que, a partir de 4 de Março de 1974, impreterivelmente, todas as letras descontadas deverão ser liquidadas até 48 horas depois do dia do vencimento, em conformidade com as disposições legais aplicáveis. (Convenção Internacional aprovada e ratificada pelos Decretos Lei Nº 23 721 de 29/3/34 e Nº 26 556 de 30/4/36)”

Com o «25 de Abril de 1974» e a nacionalização da Banca em março do ano seguinte, o Banco Totta & Açores viu-se envolvido no período de instabilidade política. Na Madeira, os separatistas, ao pretenderem transformar o Banco Totta & Açores – Banco da Madeira em banco exclusivamente regional e emissor da moeda “Zarco”, promoveram em 29 de setembro de 1975 o arranque do letreiro desta instituição de crédito. Uma enorme multidão, no Largo do Chafariz, observava Consuelo Santos com um martelo, em cima de uma escada, a arrancar a “indesejável” palavra “Totta”. No fim da operação, apenas sobrou a designação de “Banco da Madeira & Açores”. Os últimos dois dias daquele mês foram de grande e complexa efervescência naquele Banco. A comissão de saneamento, vinda de Lisboa, não teve vida fácil nas mãos do “núcleo separatista” dos bancários do Totta, exigindo o seu imediato regresso a Lisboa.

 (continua)

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