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domingo, 5 de março de 2017

Da confiança à crise dos Bancos (57)

DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
O ano de 1978 representou para o Banco Totta & Açores o aumento dos lucros para 57 540 457$67. Como terceiro ano após a nacionalização dos Bancos, houve um curioso fenómeno no sistema financeiro português ao apresentar excesso de liquidez. Apesar de haver dinheiro a mais, paralelamente as empresas continuavam a debater-se com carência de capitais próprios e permanentes e de créditos a longo prazo. A paralisia do mercado mobiliário e da bolsa, altas taxas de juro dos depósitos e o facto dos bancos não disporem de estrutura que lhes permitissem desempenhar a função de investidores ativos acabaram por desviar para os depósitos a prazo a grande maioria das poupanças.
A restrição no crédito afetou as pequenas e médias empresas, sendo vítimas das imposições restritivas recomendadas pelo Fundo Monetário Internacional, em consequência do II Governo Constitucional imprimir medidas impopulares tendo em vista ultrapassar a crise económica então vigente:
Cada Banco, em cada mês, não devia exceder senão uma pequena percentagem do volume de crédito concedido em igual mês do ano anterior; ao Banco Central incumbia fiscalizar a aplicação desse critério; a par do controle administrativo o Banco de Portugal disponha de um outro, muito mais drástico que era o controle pelo redesconto; a emissão monetária era a grande fonte da liquidez do sistema; as notas entravam em circulação através da articulação do Banco Central e dos Bancos comerciais; o refinanciamento à Banca comercial fazia-se principalmente através do redesconto, particularmente na altura em que os Bancos comerciais compravam ao Banco de  Portugal mais divisas do que lhe vendiam.
Boa parte das disponibilidades líquidas da Banca foram canalizadas para empresas públicas, embora nem sempre da opinião dos gestores bancários. Como o Estado era o dono dos Bancos nacionalizados e também das empresas nacionalizadas, concedia prioridade a estas na distribuição do crédito. O que aconteceu foi a Lei 6/75 de 14 de março ao nacionalizar os Bancos, também nacionalizou as empresas que faziam parte do Grupo. Também quando os Bancos eram privados, já havia frequentes reações críticas pela primazia dada ao crédito às empresas do Grupo onde o Banco se intregava.

Em 1979 o BTA teve um resultado líquido de 70 727 707$55. E, em 21 de dezembro daquele ano, abriu um Posto de Câmbios no complexo turístico da Matur, dispondo já da filial no Funchal, de agências em Machico, Câmara de Lobos e Ribeira Brava e de um outro Posto de Câmbios no centro comercial do Lido Sol.
Face a uma política de internacionalização já antes iniciada, o BTA inaugurou, no dia 2 de janeiro de 1979, uma filial em Nova Iorque, tendo como principal responsável o Dr. Francisco Norton de Matos, encontrando-se lá colocado Jorge Bettencourt Sardinha que prestara serviço na filial do Funchal.

Da atividade do BTA, resultaram benefícios acrescidos nos resultados do exercício de 1980, no montante de 150 290 729$38 e, no exercício de 1982, o resultado passou para 171 698 200$85.
A publicidade que o BTA fez na comunicação social escrita constituiu um conceito apelativo de proximidade junto dos clientes e de futuros clientes: “Banco Totta & Açores perto de si por muitas razões. Porque lhe oferecemos todos os serviços de um grande Banco, à medida das suas exigências. Porque a nossa experiência e dinâmica internacionais nos permitem oferecer-lhe mais segurança e melhores contactos. Porque sabemos ouvir, aconselhar e incentivar. Sabemos lidar com pessoas e, também, com negócios (in «O Jornal», 09/06/1983).
(continua)


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