Da confiança
à crise dos Bancos (57)
DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
O ano de 1978 representou para o Banco Totta &
Açores o aumento dos lucros para 57 540 457$67. Como terceiro ano após
a nacionalização dos Bancos, houve um curioso fenómeno no sistema financeiro
português ao apresentar excesso de liquidez. Apesar de haver dinheiro a mais, paralelamente
as empresas continuavam a debater-se com carência de capitais próprios e
permanentes e de créditos a longo prazo. A paralisia do mercado mobiliário e da
bolsa, altas taxas de juro dos depósitos e o facto dos bancos não disporem de
estrutura que lhes permitissem desempenhar a função de investidores ativos acabaram
por desviar para os depósitos a prazo a grande maioria das poupanças.
A restrição no crédito afetou as pequenas e médias
empresas, sendo vítimas das imposições restritivas recomendadas pelo Fundo
Monetário Internacional, em consequência do II Governo Constitucional imprimir
medidas impopulares tendo em vista ultrapassar a crise económica então vigente:
Cada Banco, em cada mês, não devia exceder senão uma
pequena percentagem do volume de crédito concedido em igual mês do ano anterior;
ao Banco Central incumbia fiscalizar a aplicação desse critério; a par do
controle administrativo o Banco de Portugal disponha de um outro, muito mais
drástico que era o controle pelo redesconto; a emissão monetária era a grande
fonte da liquidez do sistema; as notas entravam em circulação através da
articulação do Banco Central e dos Bancos comerciais; o refinanciamento à Banca
comercial fazia-se principalmente através do redesconto, particularmente na
altura em que os Bancos comerciais compravam ao Banco de Portugal mais divisas do que lhe vendiam.
Boa parte das disponibilidades líquidas da Banca foram
canalizadas para empresas públicas, embora nem sempre da opinião dos gestores
bancários. Como o Estado era o dono dos Bancos nacionalizados e também das
empresas nacionalizadas, concedia prioridade a estas na distribuição do
crédito. O que aconteceu foi a Lei 6/75 de 14 de março ao nacionalizar os
Bancos, também nacionalizou as empresas que faziam parte do Grupo. Também
quando os Bancos eram privados, já havia frequentes reações críticas pela
primazia dada ao crédito às empresas do Grupo onde o Banco se intregava.
Em 1979 o BTA teve um resultado líquido de
70 727 707$55. E, em 21 de dezembro daquele ano, abriu um Posto de
Câmbios no complexo turístico da Matur, dispondo já da filial no Funchal, de
agências em Machico, Câmara de Lobos e Ribeira Brava e de um outro Posto de
Câmbios no centro comercial do Lido Sol.
Face a uma política de internacionalização já antes
iniciada, o BTA inaugurou, no dia 2 de janeiro de 1979, uma filial em Nova
Iorque, tendo como principal responsável o Dr. Francisco Norton de Matos,
encontrando-se lá colocado Jorge Bettencourt Sardinha que prestara serviço na
filial do Funchal.
Da atividade do BTA, resultaram benefícios acrescidos
nos resultados do exercício de 1980, no montante de 150 290 729$38 e,
no exercício de 1982, o resultado passou para 171 698 200$85.
A publicidade que o BTA fez na comunicação social
escrita constituiu um conceito apelativo de proximidade junto dos clientes e de
futuros clientes: “Banco Totta & Açores perto de si por muitas razões.
Porque lhe oferecemos todos os serviços de um grande Banco, à medida das suas
exigências. Porque a nossa experiência e dinâmica internacionais nos permitem
oferecer-lhe mais segurança e melhores contactos. Porque sabemos ouvir,
aconselhar e incentivar. Sabemos lidar com pessoas e, também, com negócios (in
«O Jornal», 09/06/1983).
(continua)
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