Da confiança
à crise dos Bancos (58)
DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
O Balanço do Banco Totta & Açores, referente ao ano
de 1986, apresenta as contas consolidadas da atividade em Portugal, Reino
Unido, Estados Unidos da América e Macau, com um resultado líquido de
154 507 418$16. Aprovado por despacho de 27 de abril de 1987 do
Secretário de Estado do Tesouro, o Balanço salienta que o “exercício de 1986
ficou assinalado por um reforço significativo da solidez patrimonial do Banco
Totta & Açores com um aumento dos Capitais Próprios e Equiparados de 6,5
milhões de contos (…) evidencia-se o facto de o Banco Totta & Açores ser a
única Instituição de Crédito do Sector Público cujos empregados se encontram
integrados no Regime Geral de Segurança Social, tendo o respectivo encargo
líquido, suportado pelo Banco, atingido em 1986 o montante de 1 152
milhares e contos”.
O facto dos trabalhadores do
BTA estarem inscritos no regime geral da Segurança Social tem a ver com a
aquisição, em janeiro de 1970, pelo Grupo CUF, das ações do Banco Lisboa &
Açores para realizar a fusão com o Banco Totta-Aliança.
Nacionalizado em 14 de março de
1975, o BTA foi escolhido pelo Governo de Cavaco Silva o primeiro Banco a ser
privatizado. Alípio Dias era Presidente do Conselho de Administração desde
1988, tendo substituído Raul de Almeida Capela. Havia duas auditorias completas
em cada ano, uma em cada semestre, sendo os relatórios enviados para o Banco de
Portugal e para o Ministro das Finanças. Apesar de existirem problemas que
mereciam recuperação cuidada, os mesmos acabaram por ser ultrapassados com a
prestimosa colaboração dos trabalhadores.
Na opinião de Manuel Carlos
Freire (in internet-BTA), “A segunda etapa da privatização do BTA envolveu-o
numa enorme polémica entre as autoridades portuguesas e espanholas, com várias
demissões pelo meio (nomeadamente do governador do Banco de Portugal e do
presidente da CMVM). O chamado “caso Totta”, onde o espanhol Banesto adquirira
uma posição superior à permitida por lei, exigiu uma solução política que
envolveu a compra do BTA por António Champalimaud e atrasou a chegada do também
espanhol Santander. Nesse verão de 1994, à saída de uma audiência com o então
ministro das Finanças Eduardo Catroga, o dono do Santander, Emílio Botín,
virou-se para Alípio Dias: “Vai haver eleições para o ano? Os governos passam e
o Santander voltará”.
No dia 14 de dezembro de 1990, o BTA abriu a Sucursal
Financeira Exterior no âmbito do Centro Internacional Offshore da Madeira. Na
cerimónia de inauguração o Presidente do Conselho de Administração, Alípio
Dias, manifestou-se satisfeito pela entrada em funcionamento desta nova
actividade do Banco, considerando-o “o maior banco da Madeira, face às
estatísticas, e o primeiro banco privado português”. Também referiu a decisão,
naquela semana, tomada pelo Governo da República de autorizar o BTA “proceder
ao aumento do capital social de 25 para 30 milhões de contos, com reserva de
preferência para os actuais accionistas (…) depois de duas operações de
privatização de acções detidas pelo Estado no capital social do Banco Totta
& Açores – uma de 49 por cento e outra de 31 por cento – esta instituição
financeira está actualmente maioritariamente participada por entidades privadas.
Detendo o Estado ainda 20 por cento do capital do Banco decidiu ir alienar o
seu direito de preferência segundo o regime idêntico ao que foi seguido para a
venda das próprias acções nas fases anteriores”.
A primeira privatização tinha sido de 49 por cento foi em
meados de 1989 e, em julho de 1990, foram privatizados 31 por cento.
(continua)
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