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domingo, 16 de julho de 2017

Da confiança à crise dos Bancos (76)

Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942) ao Millennium BCP:

No Relatório e Contas de 2002, o presidente do BCP, Jorge Jardim Gonçalves, refere: “Reconhecemos que o exercício de 2002 foi muito exigente, envolvendo a tomada de decisões difíceis mas muito ponderadas. Mas foi muito importante – e continuará a ser crucial – não cedermos à onda de generalizado pessimismo e conformismo. Ao contrário, num espírito de confiança e realismo consolidamos as bases para projectar o futuro da instituição, cientes das capacidades que dominamos e de tudo quanto podermos aperfeiçoar e desenvolver. Neste entendimento, faremos o necessário para abordar o período pós-crise, com o Banco adequadamente capitalizado, dispondo de fórmulas de negócio inovadoras, suportadas em tecnologias e plataformas informáticas avançadas, e com um posicionamento ímpar no mercado doméstico”.
Salienta que “Há um ano atrás, ao eleger este mesmo espaço para convosco partilhar as aspirações estratégicas a médio prazo do Banco Comercial Português, sublinhando a conclusão de um processo de exigentes realizações no plano doméstico e a determinação dedicada à abordagem de novos mercados geográficos, ao mesmo tempo que antecipava o início de um novo ciclo de desenvolvimento  do Grupo BCP, dificilmente poderia prever a magnitude e o ritmo das mudanças que se avizinhavam, configurando um novo ciclo para a economia mundial com acrescidas dificuldades para países com estruturas produtivas mais vulneráveis, como é o nosso”.
Ao longo do ano de 2002, aconteceram alguns importantes acontecimentos de ímpar importância para BCP: foi formalizada a compra do Sitebank (Turquia) pelo NovaBank, subsidiária grega do BCP; reestruturação dos órgãos sociais do ActivoBank em Espanha e Portugal, com o objetivo de atingir um maior enfoque comercial e uma redução dos custos operativos; atribuição dos prémios “Melhor Banco em Corporate Finance em Portugal” e “Best Foreign Exchange BanK” ao BCP pela revista Global Finance; classificação do BCP em sexto lugarno “ranking” mundialde competitividade empresarial na edição de 2002 do “Competitive Fitness of Global Firms, um relatório elaborado desde 1998 pelo INSEAD; atribuição das notações “A+ e FI” às responsabilidades de Longo Prazo e de Curto Prazo assumidas pelo BCP, pela agência internacional Fitch Ratings; atribuição do Troféu Jet Net na categoria de “Melhor site financeiro” ao ActivoBank7; apresentação pública do livro”Banco Comercial Português – A Primeira Década de 1985-1995”; atribuição do prémio “Melhor site de serviços financeiros” à “cidadebcp”, portal Internet do Grupo BCP para clientes particulares, pelos leitores da revista informática de consumo “PC Guia”; classificação do BCP como o maior Banco em Portugal em termos de ”Tier One Cpital”, pela  revista The Banker; atribuição do prémio “Melhor Banco em Portugal” ao BCP pela revista Global Finance; lançamento de uma nova funcionalidade denominada”My Activo” pelo ActivoBank7, que permite aos utilizadores a criação personalizada da sua página de entrada no “site”; introdução de um novo tema de comunicação assente no valor “Confiança” que irá vigorar até março de 2003 em todas as Lojas Atlântico; anúncio do acordo com o Banco Sabadell, tendo em vista prosseguir o desenvolvimento das operações do ActivoBank7 em Portugal e do ActivoBank Espanha de forma mais coordenada com as respetivas operações bancárias domésticas, passando cada um dos bancos a controlar a 100% as operações locais dessas suas subsidiárias.


(continua)

domingo, 9 de julho de 2017

Da confiança à crise dos Bancos (75)

Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942) ao Millennium BCP:

Desde o final de 1989, o BCP lançou uma nova rede de distribuição de vários produtos financeiros, por forma a concretizar a sua vocação nacional, sempre dentro dos princípios de dar satisfação às necessidades identificadas dos Clientes, tendo informado o seguinte:
“Para si, colaborador(a) da ASSEMBLEIA REGIONAL DA MADEIRA criámos a Nova Conta Ordenado, um serviço novo e diferente da NOVAREDE, de cujas características destacamos:
- Antecipação do Ordenado a partir do dia 15 de cada mês; Remuneração até 4,66% sobre a totalidade do saldo; Cartão de crédito VISA NovaRede, GRATIS na fase de lançamento, que entre outros, lhe garante um serviço de assistência e manutenção a veículos com mão-de-obra TOTALMENTE GRATUITA; A Linha Directa, serviço de atendimento telefónico, que receberá as suas instruções entre as 8 da manhã e as 10 da noite; Pagamentos Periódicos (Águs, Luz, telefone Etc.) GRATIS (o Banco encarrega-se da transferência junto da companhia respetiva); Acesso a Linha se Crédito Pessoal; Cartão MULTIBANCO e Livro de Cheques Cruzados totalmente GRATUITOS no acto de abertura da conta”.
Numa informação posterior, o BCP informou: “Sabemos que é nosso potencial Cliente. Neste sentido, preocupámo-nos em instalar uma das Sucursais da NovaRede bem perto da sua casa ou do seu local de trabalho. A partir de agora, no Edifício Oudinot, junto ao Mercado dos Lavradores e na Rua do Sabão, nº 54, junto à Praça Colombo – Funchal, terá ao dispor um novo conjunto de produtos e serviços financeiros e uma rapidez de atendimento sem paralelo no sistema bancário português”.

Em finais de 1996, as sucursais da NovaRede eram 323, com percentagem de 5% de mulheres ao seu serviço. Mas com o objetivo de atenuar uma imagem discriminativa das mulheres trabalhadoras da instituição, foi decido integrar no quadro de funcionários “pelo menos uma mulher em cada balcão da NovaRede”.
O Relatório e Contas do BCP de 1999 refere: “A generalidade do acesso à internet e a adesão significativa da base de clientes do Banco7 à solução do “HomeBanco 7”, a par da constante inovação tecnológica nesta área, justificaram o desenvolvimento de uma nova aplicação, mais simples, mais fácil no recenseamento e mais abrangente quanto às funcionalidades disponibilizadas, cujo relançamento em março de 1999 permitiu a consolidação do posicionamento do Banco 7 como banco directo”.
Na Bolsa, em 19 de junho de 2000, concretizaram-se as Ofertas Públicas de Aquisição lançadas pelo BCP sobre o BPSM, Banco Mello e Seguros Império, ficando o BCP a controlar 97,8%, 95,7% e 97,5% do capital social, seguiu-se a escritura pública de fusão do BPA e do Banco Mello no BCP. Face a estas ações, foi promovido o aumento do capital social do BCP, passando de 1 000 000 000 de euros para 2 042 971 990 euros.
Com a referida fusão do BPSM e do Banco Mello no BCP, foram canceladas as licenças então requeridas à Sucursal Financeira Offshore da Madeira:
“BANCO PINTO & SOTTO MAYOR, S.A. E BANCO MELLO, S.A.
 Torna-se público que por despacho do Secretário Regional do Plano e Finanças de 2002.07.05, foram canceladas as licenças concedidas às sucursais acima mencionadas, consideranso o parecer favorável da SDM e o facto das sucursais financeiras não apresentarem qualquer actividade desde 01 de Janeiro de 2002, existe fundamento para o cancelamento das licneças com efeitos reportados a 01 de Janeiro de 2002 e da dispensa do pagamento das taxas anuais de funcionamento de 2002 (…) 19/7/2002”

(continua)

domingo, 2 de julho de 2017

Da confiança à crise dos Bancos (74)

Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942) ao Millennium BCP:

Em 1993, o BPA criou o BPA Brasil, após ter comprado, em fevereiro de 1992, o Banco Real do Canadá, no Brasil; instalou uma filial em Maputo, Moçambique, e assumiu de forma indireta o controlo da União de Bancos Portugueses (UBP) que tinha resultado da fusão dos Banco de Agricultura, Banco de Angola e Banco Pinto de Magalhães, pelo Decreto 3-A/78, de 9 de janeiro.
Entretanto, a estratégia definida resultou na venda de algum capital social dos seguros Bonança aos ingleses da Fox Pit e a abertura do capital social da UBP a novos acionistas por aumento de capital. O estudo sobre a reorganização e reestruturação do Grupo, liderado por João Oliveira, foi elaborado pela Goldman Sachs, com conclusão no final do ano de 1993. Com a terceira fase da privatização do BPA, após definida por decreto-lei, nenhum investidor estrangeiro poderá individualmente vir a deter mais de 3% do capital do Banco, cujo capital ainda está detido pelo Estado em 25% a alienar na quarta e última fase da privatização a ter lugar na Bolsa de Nova Iorque. Se no final da primeira fase da privatização o número de acionistas era de 28 mil, no fim da quarta fase o número de acionistas ultrapassou 40 mil, entre eles os irmãos Oliveira da Riopele, a Mota & Companhia, a Colep, os irmãos da Valouro, a Maconde, a RAR e a Sonae.
Em 1994, o BPA abriu uma agência de representação em Caracas e fundou uma sucursal nas Ilhas Caimão. Entretanto, com o aproximar da compra do BPA pelo BCP fez os acionistas recorrerem, em julho de 1994, para a Bolsa de Valores. No domínio das cotações, as ações do BCP caíram 1,1%, refletindo a reação dos investidores com pressão de venda ao anúncio da Oferta Pública de Aquisição (OPA), lançada pelo BCP sobre 40% do capital do BPA.
O problema da OPA foi o facto de a decisão ter sido tomada pelo Conselho de Administração e não em Assembleia Geral, o que criou em muitos acionistas grande descontentamento, tendo aventado a hipótese de convocarem uma Assembleia Geral com vista à anulação da decisão tomada. O fundamento para a recusa estava no facto de implicar o BCP mobilizar 132 milhões de contos para garantir o êxitoda OPA, valor superior ao seu próprio capital social, inferior a 110 milhões de contos. Receavam que a operação afetasse negativamente a solvabilidade do BCP, o que o obrigaria aumentar os seus capitais próprios se a OPA se concretizasse.
A contestação não teve efeitos, tendo sido concretizada, em 1995, a participação maioritária, por aquisição do capital do BPA pelo BCP, tendo já, a partir de 15 de julho de 1994, lançado no mercado «Fundos BCPAtlântico» nas áreas da Tesouraria, Obrigações, Obrigações Taxa Fixa, Ações, PPA Eficiência Fiscal e Fundos de Fundos. Naquele ano, o BPA abriu uma agência de representação em Caracas e fundou uma sucursal nas Ilhas Caimão. Em 1997, o Banco Wachovia adquiriu uma participação maioritária do Banco Português do Atlântico-Brasil com sede em São Paulo. Em 1998, o Banco Central Hispano (BCH) adquiriu os negócios do BPA em Espanha, uma vez que o BCH era um parceiro do BCP.
Em 1999, o BPA assinalou «80 Anos de geração em geração», tendo por base a primeira estrutura bancária que lhe deu origem: a Casa Bancária Cupertino de Miranda & Irmão, criada em 14/05/1919. Em 2000, o BCP foi autorizado pela Corporação Federal Asseguradora de Depósitos (FDIC) a fundar o Banco BPA em Newark, na Nova Jérsia. Em 30 de junho de 2000, o BPA foi absorvido pelo BCP, ficando para a história a marca BPA.
(continua)