Da confiança
à crise dos Bancos (74)
Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942)
ao Millennium BCP:
Em 1993, o BPA criou o BPA Brasil,
após ter comprado, em fevereiro de 1992, o Banco Real do Canadá, no Brasil;
instalou uma filial em Maputo, Moçambique, e assumiu
de forma indireta o controlo da União de Bancos Portugueses (UBP) que tinha
resultado da fusão dos Banco de Agricultura, Banco
de Angola e Banco Pinto de Magalhães, pelo
Decreto
3-A/78, de 9 de janeiro.
Entretanto, a estratégia definida resultou na venda de
algum capital social dos seguros Bonança aos ingleses da Fox Pit e a abertura
do capital social da UBP a novos acionistas por aumento de capital. O estudo
sobre a reorganização e reestruturação do Grupo, liderado por João Oliveira,
foi elaborado pela Goldman Sachs, com conclusão no final do ano de 1993. Com a
terceira fase da privatização do BPA, após definida por decreto-lei, nenhum
investidor estrangeiro poderá individualmente vir a deter mais de 3% do capital
do Banco, cujo capital ainda está detido pelo Estado em 25% a alienar na quarta
e última fase da privatização a ter lugar na Bolsa de Nova Iorque. Se no final
da primeira fase da privatização o número de acionistas era de 28 mil, no fim
da quarta fase o número de acionistas ultrapassou 40 mil, entre eles os irmãos
Oliveira da Riopele, a Mota & Companhia, a Colep, os irmãos da Valouro, a
Maconde, a RAR e a Sonae.
Em 1994, o BPA abriu uma
agência de representação em Caracas e fundou uma sucursal nas Ilhas
Caimão. Entretanto, com o aproximar da
compra do BPA pelo BCP fez os acionistas recorrerem, em julho de 1994, para a
Bolsa de Valores. No domínio das cotações, as ações do BCP caíram 1,1%,
refletindo a reação dos investidores com pressão de venda ao anúncio da Oferta
Pública de Aquisição (OPA), lançada pelo BCP sobre 40% do capital do BPA.
O problema da OPA foi o
facto de a decisão ter sido tomada pelo Conselho de Administração e não em
Assembleia Geral, o que criou em muitos acionistas grande descontentamento,
tendo aventado a hipótese de convocarem uma Assembleia Geral com vista à anulação
da decisão tomada. O fundamento para a recusa estava no facto de implicar o BCP
mobilizar 132 milhões de contos para garantir o êxitoda OPA, valor superior ao
seu próprio capital social, inferior a 110 milhões de contos. Receavam que a
operação afetasse negativamente a solvabilidade do BCP, o que o obrigaria
aumentar os seus capitais próprios se a OPA se concretizasse.
A contestação não
teve efeitos, tendo sido concretizada, em
1995, a participação maioritária, por aquisição do capital do BPA pelo BCP, tendo
já, a partir de 15 de julho de 1994, lançado no mercado «Fundos BCPAtlântico»
nas áreas da Tesouraria, Obrigações, Obrigações Taxa Fixa, Ações, PPA
Eficiência Fiscal e Fundos de Fundos. Naquele ano, o BPA abriu uma agência de representação em Caracas e fundou uma sucursal nas Ilhas
Caimão. Em 1997, o Banco Wachovia adquiriu uma participação maioritária do Banco Português
do Atlântico-Brasil com sede em São
Paulo. Em 1998, o Banco Central Hispano
(BCH) adquiriu os negócios do BPA em Espanha, uma vez que o BCH era um parceiro
do BCP.
Em 1999, o BPA
assinalou «80 Anos de geração em geração», tendo por base a primeira estrutura
bancária que lhe deu origem: a Casa Bancária Cupertino de Miranda & Irmão,
criada em 14/05/1919. Em 2000, o BCP foi autorizado pela Corporação Federal
Asseguradora de Depósitos (FDIC) a fundar o Banco BPA em Newark, na Nova
Jérsia. Em 30 de junho de 2000, o BPA foi
absorvido pelo BCP, ficando para a história a marca BPA.
(continua)
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