Bancos Criados na Madeira que
Desapareceram (23)
Apesar do
anunciado lucro de 6,2 milhões de euros nos primeiros 9 meses de 2015, à medida
que o tempo decorria acumulavam-se incertezas de salvar o Banif de derrocada
financeira, tal como havia acontecido ao Banco Espírito Santo. E para adensar o
mau presságio, as ações do Banif, que em 28/10/2015 atingiram 0,002 euros por
ação, baixaram para 0,0009 euros no dia 10 de dezembro, subindo para 0,0014 no
dia seguinte.
Quando no
dia 13 de dezembro a TVI anunciou que estava tudo preparado para fechar o Banif
– Banco Internacional do Funchal SA, separando os “ativos bons” dos “ativos
tóxicos” - veio a ser confirmado no dia 20 pela Resolução aprovada pelo Banco
de Portugal, levando à corrida dos clientes aos seus depósitos.
Soube-se
naquela altura que a Comissão Europeia tinha enviado uma carta, em junho de
2014, ao Governo Português, a fazer exigências quanto ao Banif. Este iniciou
reestruturações quanto ao fecho de balcões, despedimentos de trabalhadores e à
reformulação das estruturas do Banco e do Grupo. Mas o que não conseguiu foi
encontrar quem comprasse as ações detidas pelo Estado. Tudo leva a crer que o
fim do Banif estava a ser congeminado pelas entidades da área financeira
nacional e europeia, nomeadamente o Banco de Portugal e Comissão Europeia,
através da sua Direção Geral da Concorrência. O motivo da decisão de acabar com
o Banif baseou-se no facto de não terem sido encontrados investidores para
comprarem as ações detidas pelo Estado (70.000.000.000 ações (60,533%), o que
revela estarmos perante decisões que refletiram uma ação de guerrilha
financeira que, a somar a tantas outras decisões europeias, no âmbito das
instituições financeiras, constituíram verdadeiros atos criminosos sem pudor.
Na
tentativa de tranquilizar os clientes, no dia 14 de dezembro a administração do
Banif desmentiu a notícia da TVI e comunicou à CMVM que “Em linha de conta com
a comunicação que efetuou ao mercado em 11 de Dezembro, o Conselho de
Administração reafirma que se encontra actualmente em curso, em articulação com
as autoridades responsáveis, um processo aberto e competitivo de venda da
posição do Estado português no Banif, no qual se encontram envolvidos diversos
investidores internacionais, pelo que qualquer cenário de resolução ou
imposição de uma medida administrativa não tem qualquer sentido ou fundamento”.
Naquele dia 14, o Primeiro Ministro, António Costa, parece desconhecer que o
Banco de Portugal retalharia o Banif usando uma resolução, uma vez que tentou
“dissipar qualquer dúvida sobre esta notícia especulativa (…) o processo de
reestruturação do Banif em Bruxelas e a nível nacional está a decorrer nos
termos normais”. Por seu lado, o presidente do Governo Regional, Miguel
Albuquerque, destacou que “o objetivo do Governo é a alienação do capital do
Banif e salvaguardar os depositantes, os acionistas e a posição estratégica do
Banif junto da diáspora” (DN e JM, 15/12/2015).
No dia 15,
o Banco de Portugal afirmou que “em articulação com o Ministério das Finanças
está a acompanhar a situação do Banif, garantindo, como é da sua competência, a
estabilidade do sistema financeiro, bem como a segurança dos depósitos, tal
como foi revelado pelas autoridades nacionais, europeias e pelo Conselho de
Administração do Banif, o plano de reestruturação do banco está a ser analisado
pela Comissão Europeia e, em paralelo, está a decorrer um processo de venda
internacional da instituição financeira conduzido pelo Conselho de
Administração”.
(continua)