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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Competência virtual de Vítor Gaspar

Confirmada a posse de Vítor Gaspar como ministro das Finanças do Governo PSD/CDS, logo surgiram opiniões diversas a relevarem as excecionais capacidades do novel ministro. A apologia foi elavada ao expoente máximo da sua capacidade de vir a ser, finalmente, o salvador das finanças públicas do País. Parecia ter surgido um Salazar do século XXI para repor as contas em ordem.

O Professor Doutor Vítor Louçã Rabaça Gaspar, primo de Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, ainda jovem economista destacou-se em alguns gabinetes de estudo em Portugal e na União Europeia, por exemplo no Gabinete de Estudos do Ministério das Finanças (em 1990), no Gabinete de Investigação do Banco de Portugal, no Gabinete de Estudos do Banco Central Europeu e no Gabinete de Conselheiros da Comissão Europeia.

Os elogios à sua competência surgiram de ex-professores, ex-alunos, ex-colegas, na revista «VISÃO», 23/6/2011:

- Manuel Pinho (ex-professor de Vítor Gaspar): “Era muito estudioso, e foi dos melhores alunos que já vi na vida (…) tem a vantagem de conhecer todas as pessoas em Bruxelas, no BCE e no FMI e de ser respeitado lá. É um teórico que sempre se dedicou a estes assuntos da política monetária europeia. Há 20 anos que trabalha nisto, é muito sério e muito inteligente (…) foi sempre muito próximo das posições alemãs. Ele sempre foi de uma grande ortodoxia”.

- Miguel Beleza (ex-ministro das finanças): “Escolhi-o porque entre as pessoas disponíveis pareceu-me uma opção óbvia. Rapidamente me apercebi das suas capacidades técnicas, para além de ser uma pessoa excelente para trabalhar, por ser muito simpático (…) há a questão de saber se terá apoio suficiente por parte do Governo, nomeadamente por parte do primeiro-ministro (…) ajudava-me a escrever discursos, a preparar posições, tinha uma grande capacidade de trabalho”.

- António Nogueira Leite (ex-colega de curso): “Conhece muito bem os dossiês e os interlocutores da troika e tem características pessoais de grande resistência, é determinado, mas calmo. Domina qualquer outro candidato a ministro das Finanças (…) se ele não conseguir ser um bom ministro das Finanças, nenhum outro conseguirá”.

- João César das Neves (economista): “Diria que é uma pessoa muito competente tecnicamente e que, além disso, tem experiência administrativa e até política, enquanto consellheiro de confiança de vários ministros. E isto não só em Portugal mas a nível europeu. Por isso, parece-me ser uma pessoa muito adequada para a tarefa, neste momento tão difícil”.

- Pedro Pita Barros (ex-aluno de Vítor Gaspar): “É dos ministros das Finanças dos últimos anos aquele que tem a maior preparação técnica”.
- João Carlos Espada (Director do IEP:Pode confiar-se naquilo que ele diz. Se ele diz que faz, é porque vai fazer”.
- Fátima Barros (directora da Faculdade de Economia da Universidade Católica): “ Uma pessoa que sempre fez investigação na área económica, mas que, ao mesmo tempo, tem uma visão muito pragmática da realidade, um conhecimento profundo das economias e dos mercados (…) a sua reputação internacional vai ser muito importante para a nossa credibilidade”.

Face ao que acima fica citado, ninguém duvidará das conpetências do Professor Doutor Vítor Gaspar para tratar de matérias económicas e financeiras de “Gabinete”, de teoria académica, baseadas em arquétipos liberais que, uma vez aplicados ao País, não atingiram os resultados prometidos. Foi um fracasso absoluto. É que uma coisa é ensinar na universidade modelos económicos, outra é aplicá-los a uma realidade que tem em vista servir pessoas concretas. 
Há cerca de um ano a gerir as finanças públicas, está comprovado que a receita de reduzir salários e pensões, com vista a empobrecer o povo, resultou em evidentes reflexos negativos no consumo interno, na falência de empresas e no desemprego. E se ninguém põe em causa a necessidade de haver rigor financeiro, também é verdade que o modelo liberal e ortodoxo aplicado não é adequado ao desenvolvimento ecómico que se pretende.

Para empobrecer o País, Passos Coelho não podia ter escolhido um ministro das Finanças melhor!


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