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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Governo PSD/CDSo maior perigo português da atualidade

Desde longa data, Portugal viveu sob o signo do subdesenvolvimento caraterizado pelo subaproveitamento dos seus recursos humanos e naturais. Foi sempre crescente o défice de crescimento económico; a emigração em massa constituiu uma saída para milhares de portugueses, ampliada com a Guerra do Ultramar; foi patente o défice de competitividade com escassez de inovação no setor agrícola e industrial; os recursos humanos foram sempre mal preparados; os desequilíbrios das contas públicas estiveram sempre patentes na gestão da coisa pública; o recurso a empréstimos internos e externos foi prática corrente para resolver os problemas gerados com a falta de dinheiro.

Se recuarmos ao tempo da monarquia absoluta e, depois, à monarquia costitucional, passando pela I República, foi bem patente que a grande crise mundial de 1929 refletiu-se em Portugal, provocando sérios riscos também em instituições financeiras, como foi o caso da falência do Banco Henrique Figuera na Madeira. Com o Estado Novo em marcha, que durou 40 anos com base na ideia vendida aos portugueses de que foi Salazar o ideal e rigoroso gestor financeiro do País, face aos desmandos financeiros anteriores, Marcelo Caetano viu-se na contigência da primeira grande crise petrolífera mundial de 1973, que não só desmoronou o mito da ideal gestão das finanças públicas, mas também provocou o aumento dos preços com retirada do poder de compra aos cidadãos.

Depois do 25 de Abril de 1974 o País não resistiu aos graves problemas financeiros, também resultantes da crise internacional, tendo sido obrigado a recorrer ao FMI, em 1977 e em 1983/1984. E ninguém de boa memória poderá invocar que essas duas intervenções internacionais foram por culpa exclusiva dos seis governos provisórios (1974 a 23/7/1976) e dos oito governos seguintes, em que participaram como primeiro-ministro Mário Soares, Nobre da Costa, Mota Pinto, Maria Lurdes Pintassilgo, Sá Carneiro e Pinto Balsemão.

Mas interessa recordar que, naqueles anos da história recente de Portugal, o recurso a financiamentos externos era uma prática recorrente e de difícil acesso nos anos de crise internacional. Quando o Partido Socialista deixou o Governo em 1978, a situação económica e financeira estava minimamente estabilizada.  Com o Governo da AD (PSD/CDS/PPM), que governou de 1980 a junho de 1983, o descalabro económico e financeiro foi de tal ordem que o governo que se seguiu – o Bloco Central (PS/PSD) – teve de recorrer ao FMI.

Daí em diante, Cavaco Silva esteve 10 anos como primeiro-ministro; António Guterres, 6; Durão Barroso e Santana Lopes, 3, José Sócrates, 6. Em cada um destes governos existem muitas matérias que, depois, merecem ser passadas em revista, pela importância que se reveste no sentido de se entender determidas posições políticas atuais mas que esquecem o passado recente. É também preciso ter em conta que, em intervalos de aproximadamente10 anos, surgiram novas crises de âmbito mundial, cujos efeitos em Portugal foram por demais evidentes. Assim aconteceu em 1993 e 2003. Só que a crise mundial que se revelou em 2007 e anos seguintes veio por antecipação aos habituais decénios das crises anteriores.

Apesar de ter havido tantos desencontros e infortúnios, os portugueses conseguiram ultrapassar grande parte deles à custa de muitos sacrifícios e exigências, decretados pelo Poder político que em cada momento esteve à frente dos governos. Mas nenhum daqueles governos constituiu um perigo tão grave para o País como o atual. Com uma agenda ideológica, baseada em princípios económicos que ultrapassam pela direita a teoria económica clássica, a «mão invisível» do atual Governo PSD/CDS põe em prática uma política de terra queimada e de empobrecimento da maioria dos portugueses, favorecendo classes que já são privilegiadas. A política de salários baixos e do aumento do desemprego, com o argumento de servir para ajustar o modelo económico, também está na base da velha teoria de colocar à disposição dos investidores mão-de-obra barata. Com a agravante de não emitir opinião a favor do País nas respectivas instituições da União Europeia.

A receita já conhecida e agora ampliada, que não resultou, pode tornar este governo PSD/CDS no pioneiro da propensão de qualquer grupo enveredar por ações de revolta que ultrapassem a mera manifestação pública e ordeira. E se Passos Coelho/Paulo Portas conhecem a história de outros países, perceberão que, por razões de crises, houve ditadores que chegaram ao poder. Alguns deles mesmo na sequência de eleições!



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