Eleições Regionais e o frenesim dos Partidos
Tendo em vista as eleições
regionais do próximo ano, não passa despercebido o estado de agitação febril da
política exercida pelos Partidos que estão em frenética concorrência, quase
sempre desleal, para verem quem melhor conquista os eleitores.
No caso específico do PSD-M, a
atual situação interna é de um especial frenesim de concorrência entre os seis
candidatos à liderança, cada um a propor orientações políticas internas e para
a governação regional que são, em muitos aspetos, fraturantes daquelas que teem
sido as do líder que está em vésperas de deixar o lugar. É caso para dizer que
o PSD da Madeira não mais será como dantes.
O candidato ganhador nas eleições
diretas determinará o futuro do Partido, já nas eleições regionais do próximo
ano e no futuro. E se os candidatos perdedores alinharem com o vencedor e não
criarem crispações de desnorte e desordem internas, que possam criar na opinião
pública uma ideia negativa e de repulsa no voto, pode muito bem acontecer que o
«novo» PSD-M ganhe as eleições com maioria absoluta ou seja o partido mais
votado. É que a meia dúzia de candidatos à liderança teve uma virtude: a
mobilização de muitos militantes que estavam desavindos com o rumo até aqui
seguido no PSD-M. Muitos voltaram e houve muitas inscrições, ao ponto de ter
aumentado para o dobro o número de militantes com direito a voto, face ao
verificado em 2012. Este facto pode dar mais alento interno e muita mobilização
junto dos madeirenses para as eleições regionais.
No caso de o PSD-M não obter
maioria absoluta, será curioso ver se teremos, pela primeira vez, um governo
minoritário ou, pelo contrário, haverá nos partidos da oposição um que faça
coligação com aquele para formar um governo estável. A míngua de poder tem
levado o CDS-M a manifestar uma grande propensão para coligar-se com o PSD-M,
mesmo que, por vezes, também manifeste o desejo de coligação com o PS. Mas já
não vai mais para a esquerda no atual panorama partidário regional. A prova
disso está no facto de, em Dezembro de 2013, José Manuel Rodrigues ter revelado
o envio de uma carta aos líderes do PSD-M e PS-M a solicitar encontros para discutirem
um «Compromisso em Defesa da Madeira» e, em Outubro do corrente ano, formulou
um convite ao PS-M para uma coligação nas próximas eleições regionais.
Com tais iniciativas, José Manuel
Rodrigues passou um atestado de incapacidade do CDS para ganhar as eleições
sozinho, revelando uma estratégia política suicida.
Por sua vez, o líder do PS-M
começou mais cedo – já antes do Congresso Regional realizado em Janeiro de 2014
– a propor uma coligação tendo como horizonte as eleições regionais de 2015,
levado pela obsessão da vitória (relativa) nas eleições autárquicas no Funchal.
O mote foi dado na sequência da
reunião da Comissão Política Regional, realizada no dia 4 de outubro de 2013,
com a manifestação de vontade de Victor Freitas para uma coligação com outros
partidos, sendo o PS a liderá-la porque “é a principal força autárquica na
Região Autónoma da Madeira”. Esta posição política assassina marca o início da
perda de força do PS-M na sua dinamização autónoma com vista a uma vitória nas
eleições regionais.
Hoje, nem sequer é possível
reanimar a coligação «Mudança» no Funchal – a de Câmara de Lobos nas
autárquicas foi um fiasco – nem o PS-M tem a certeza de ter o apoio dos
“independentes” de São Vicente e muito menos dos JPP de Santa Cruz, cujo
pagamento aos apoios dados pelo PS, CDS e outros foi a ”rasteira política” de
formar um partido. Ou seja, os socialistas e outros de Santa Cruz que
integraram as listas dos JPP (não em coligação) veem-se, agora, enganados. E os
dirigentes dos JPP, que concorreram como «santas virgens» criticando os
partidos políticos, aparecem como partidários dominadores absolutos, deixando com
pouca esperança os seus apoiantes de outros partidos que rejeitam, agora, a sua
soberba conduta.
Resta ao PS-M ganhar nos
concelhos onde obteve vitória nas eleições autárquicas (Machico, Porto Moniz e
Porto Santo), embora a lista de candidatos às eleições regionais tenha âmbito
regional. Mas é preciso não esquecer que, historicamente e em quase todos os
concelhos), o PS-M teve melhores resultados em eleições autárquicas que em
eleições regionais.
Dos restantes partidos com ação
política na Região, representados ou não na Assembleia Legislativa, talvez
apenas o BE, o MPT e o PAN retejam desejosos em coligar-se com o PS-M como
bengala de apoio àqueles. Mas será uma coligação que poucos benefícios trará. Ficando
ainda aberta a hipótese de o partido de Marinho Pinto aparecer a concorrer na
Região. E se der tempo, o partido «JPP».
Como nada está garantido, com estratégias erradas tudo
pode acontecer!
Sem comentários:
Enviar um comentário