Assembleia Legislativa e a demagogia dos candidatos
do PSD-M
O dinheiro público destinado aos grupos
parlamentares representados na Assembleia Legislativa da Madeira tem sido
matéria polémica, discutida com alguma demagogia e hipocrisia por todos os
partidos naquela representados.
Se os partidos políticos são
imprescindíveis num regime democrático, a questão que tem de ser colocada tem a
ver com a de saber quais as fontes de financiamento para que possam ter meios
de cumprimento da sua função pública nas ações políticas regionais. Daí ser
relevante dar como certo este princípio e, só depois, saber qual o critério mais
adequado de atribuição e respetivos quantitativos.
Ao invés do
tratamento sério e com bases consistentes acerca do financiamento público, quase
todos os candidatos à liderança do PSD-M teem falado e escrito que, se ganharem
as eleições, procederão a um corte naquelas subvenções. Mas não é só isso.
Também procederão à redução do número de deputados.
Como
primeira subversão está o facto de chamarem «Jackpot» às subvenções, sabendo
ter sido aquela terminologia inventada e publicitada, negativamente, pela
comunicação social, como se de uma lotaria se tratasse.
A segunda é
proporem cortes nas subvenções e nos deputados com uma ligeireza estonteante,
sem antes terem em conta fundamentos sérios e minimamente coerentes.
A
terceira é ignorarem a origem do atual modelo de subvenção apenas aos grupos
parlamentares e não aos partidos, tendo por base os resultados eleitorais como
aconteceu até 1993, inclusive.
Um dos
primeiros candidatos a propor o corte nas subvenções e no número de deputados
foi Sérgio Marques ao querer:
A
“diminuição para cerca de metade do número de deputados. Para uma população de
cerca de 260.000 pessoas é mais do que adequado uma representação parlamentar
de 25 a
29 deputados (…) redução substancial do jackpot atribuído aos grupos
parlamentares que vá além da poupança resultante da diminuição do número de
deputados. Quando trinta mil dos nossos conterrâneos dependem de programas públicos
e ajuda alimentar não sei como qualificar que gastemos 5 milhões de euros por
ano com o jackpot” (DN, 27/01/2014).
Mais recentemente (DN, 21/10/2014),
Sérgio Marque concretizou este fantástico corte:
““Advogo
uma redução de 4 milhões de euros, o que significa reduzir 82% do último valor
orçamentado (4 milhões 883 mil euros”)”.
Miguel de Sousa, no manifesto «4
Anos para uma Nova Madeira» refere:
“Proporei
a redução do número de deputados para vinte e um. Chega perfeitamente para
representar a vontade do povo. Tal levará à redução do “jackpot”, cujo montante
anual terá de levar um corte superior a metade”.
Manuel António Correia também segue
a onda dos anteriores, ao referir (DN, 20/09/2014):
“Defendo
uma redução acentuada do número de deputados – podemos pensar à volta de 25
deputados, com a correspondente redução das verbas transferidas pelo partido.
Isto é, na mesma proporção que desce o número de deputados, descem também os
valores transferidos, porque a verba resulta de uma multiplicação do valor por
deputado”.
João
Cunha e Silva é mais moderado na proposta de cortes – não encontrei proposta de
redução do número de deputados – mas refere (DN, 27/09/2014):
“Discordo
das quantias do que se considera “jackpot”. Mas acho que o financiamento deve
ser público (…) agora não com esta dimensão, até atendendo à situação
financeira que todos passamos, não faz sentido continuar com valores dessa
ordem. Mas essa deve ser uma responsabilidade do Parlamento. Tem de decidir. E
se puder aconselhar o futuro parlamento, não só baixaria esse valor, como
colocaria uma cláusula que permitiria aos partidos que se escandalizam com esse
financiamento, poderem recusá-lo”
Miguel
Albuquerque promete, como medida prioritária, cortar 40% no “jackpot”,
considerando (DN, 18 e 20/10/2014) que “É o descrédito total do regime e das
instituições. É uma vergonha que se tenha tomado aquela posição num momento em
que falta dinheiro para tudo, para as famílias, para as empresas, para a saúde
e para a educação”, não se referindo à redução do número de deputados.
Jaime
Ramos apenas refere a necessidade de rever a lei eleitoral, voltando aos
círculos concelhios (JM, 21/11/2014), não opinando sobre cortes de verbas nem
do número de deputados.
Não
fosse o facto da redução do número de deputados, proposta por alguns
candidatos, ter efeitos nefastos na representação parlamentar de partidos com
menos votos, a ser assim a Assembleia Legislativa seria menor que qualquer
assembleia municipal dos concelhos da Região.
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