«Casa Portuguesa» de Passos e Portas
“ESTE GOVERNO NÃO CAIRÁ PORQUE NÃO É UM EDIFÍCIO.
SAIRÁ COM BENZINA PORQUE É UMA NÓDOA”
“O Conde de Abranhos” Eça
de Queirós
Passos e
Portas são, no século XXI, as paredes e as portas da «Casa Portuguesa» dos anos
quarenta do século XX, cantada com música de Artur Fonseca e letra de Reinaldo
Ferreira.
As
estrofes da canção constituem o panegírico da política de degradação social e
de pobreza imposta ao Povo por Oliveira Salazar ao longo da sua governação de
ditadura. Mas, em três anos, Passos e Portas ensaiaram bem os versos da «Casa
Portuguesa», pondo em prática uma política salazarenta de pobreza e de desmoronamento
da sociedade.
As opções
políticas de promoção do empobrecimento dos cidadãos, levadas a cabo por Salazar
e por Passos e Portas, encaixam perfeitamente na letra dos seguintes versos da canção
«Casa Portuguesa», em que, ironicamente, ficar com salários e pensões reduzidos
é uma “grande riqueza” da “alegria” de ser pobre:
“Numa casa portuguesa fica bem,
pão e vinho sobre a mesa.
e se à porta humildemente bate alguém,
senta-se à mesa co'a gente.
Fica bem esta franqueza, fica bem,
que o povo nunca desmente.
A alegria da pobreza
está nesta grande riqueza
de dar e ficar contente”.
pão e vinho sobre a mesa.
e se à porta humildemente bate alguém,
senta-se à mesa co'a gente.
Fica bem esta franqueza, fica bem,
que o povo nunca desmente.
A alegria da pobreza
está nesta grande riqueza
de dar e ficar contente”.
“No
conforto pobrezinho do meu lar,
há fartura de carinho.
E a cortina da janela é o luar,
mais o sol que bate nela...
Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar
uma existência singela...
É só amor, pão e vinho
e um caldo verde, verdinho
a fumegar na tigela.”
há fartura de carinho.
E a cortina da janela é o luar,
mais o sol que bate nela...
Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar
uma existência singela...
É só amor, pão e vinho
e um caldo verde, verdinho
a fumegar na tigela.”
Passos chegou,
viu e aplicou a dose que “Não vale a pena fazer demagogia sobre isto, nós
sabemos que só vamos sair desta situação empobrecendo – em termos relativos, em
termos absolutos até, na medida em que o nosso Produto Interno Bruto (PIB) está
a cair (o que estamos a fazer é para sair da recessão, não é para agravar a
recessão (…) sinto que estamos a fazer aquilo que é preciso, que a nossa
direção é a direção certa” (Passos Coelho, 27/10/2011).
Porque
“Nós não viemos fazer promessas vagas nestas eleições, nós viemos dizer aos
portugueses o que é que íamos fazer no governo (…) o PSD preparou-se bem para
ser governo, foi o único partido que se apresentou aos portugueses com um
programa que não é um mero programa eleitoral, é praticamente um programa de
governo” (Passos Coelho, 31/5/2011).
E
“Nós calculámos, por excesso, e posso garantir-vos: não será necessário cortar
mais salários, nem despedir gente, se formos governo (…)” (Passos Coelho,
30/04/2011).
E se “Ninguém tem incentivo a trabalhar mais se o produto do seu
esforço suplementar for para entregar ao Estado”(Paulo Portas, 24/5/2011), o
certo é que, apesar de ter havido tantos infortúnios ao longo dos séculos, os
portugueses conseguiram ultrapassar grande parte deles à custa de muitos
sacrifícios e exigências, mas nenhum dos governos constituíu um perigo tão
grave para o País como o atual.
Com
uma agenda ideológica, baseada em princípios económicos que ultrapassam pela
direita a teoria económica clássica, a «mão invisível» do atual Governo PSD/CDS
põe em prática uma política de terra queimada e de empobrecimento da maioria
dos portugueses. A política de salários baixos e do aumento do desemprego, com
o argumento de servir para ajustar o modelo económico, também está na base da
velha teoria de colocar no mercado do trabalho mão-de-obra barata.
A receita
já conhecida e agora ampliada, que não resultou, pode tornar este governo
PSD/CDS no pioneiro da propensão de qualquer grupo enveredar por ações de
revolta que ultrapassem a mera manifestação pública e ordeira. E se Passos
Coelho/Paulo Portas conhecem a história de outros países, perceberão que, por
razões de crises, houve ditadores que chegaram ao poder. Alguns deles na
sequência de eleições!
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