A Saúde na Madeira no período transitório «pós-25
Abril 74»
O período
transitório da administração do Distrito vigorou depois do «25 Abril 74» até a
tomada de posse do I Governo Regional (01/10/1976). O Governador do Distrito
conviveu com a Junta de Planeamento, entre 25/03/1975 e 19/02/1976, e com a
Junta Administrativa e de Desenvolvimento Regional (Junta Regional)- JR, entre
20/02/1976 e 30/09//1976.
Foi,
essencialmente, a Junta Regional que decidiu alguns problemas no plano da Saúde
e Segurança Social, que estavam emperrados há algum tempo: reabriu o Hospital
Concelhio da Calheta; determinou orientações quanto aos chamados «Médicos à
Periferia»; transformou os Centros Sanitários e Dispensários Materno-Infantis
em centros de saúde; regionalizou o Fundo de Socorro Social.
Quando esta JR iniciou as suas funções, a estrutura da
Saúde na Região configurava-se na Administração Distrital de Saúde (ADS),
criada em 04/09/1975, na sequência das Comissões Integradoras dos Serviços de
Saúde Locais (CISSL), instituídas em fevereiro daquele ano. O diploma que criou
a ADS teve em vista lançar as bases da regionalização e descentralização, bem
como uma prestação integrada de cuidados de saúde, após terem sido unificados
diversos serviços. A estrutura regional era apoiada por 105 médicos, 90 dos
quais residiam no Funchal, e por 543 enfermeiros, 480 residindo no Funchal. Foi
sobre esta organização que a JR teve de atuar.
Uma das importantes decisões que a JR tomou foi a
reabertura do Hospital da Calheta, tendo criado uma comissão instaladora e de
gestão, pela Portaria nº 3/76 ,
de 20 de abril, pondo em funcionamento
aquele hospital, que, após a sua conclusão em 13/10/1968, deixou de funcionar
em 1973.
Em 23/06/1975, o Despacho nº 147/1975 do Secretário de Estado da Saúde, determina que
os médicos que hajam obtido a sua licenciatura depois de 01/01/1973 e que
desejem seguir a carreira médica devem prestar um ano de serviço na periferia,
após terem concluído o respectivo internato de policlínica – os chamados «MÉDICOS à PERIFERIA», serviço
que foi reconfirmado pelo Decreto-Lei n.º 580/76 , de 21 de julho.
Uma vez verificadas diversas resistências por parte
dos médicos residentes no Funchal a este serviço, na reunião do dia 30/03/1976
da JR foi presente uma exposição do vogal para a Saúde, Monteiro de Aguiar,
onde referia que “(...) diligências feitas junto dos médicos policlínicos com
vista à solução do problema da assistência médica às populações rurais (...)
contrariando as determinações da Direcção-Geral dos Hospitais, os referidos
médicos recusam-se fixar residência na periferia e que, enquanto esta posição
se mantiver, a questão dificilmente poderá
ser resolvida. A Junta Regional ficou ciente e é de parecer que os médicos
policlínicos deverão desenvolver as suas funções em conformidade com as
instruções emanadas no Membro dos Assuntos Sociais”.
O mesmo assunto voltou à reunião do dia 6 de Abril,
tendo “A Junta Regional sancionado o Despacho do Vogal para os Assuntos
Sociais”: “(...) Determinou que: 1- O
serviço médico à periferia será feito predominantemente nos concelhos da
Calheta, Porto Moniz, S. Vicente, Machico e Porto Santo (...)”, e ainda, na
reunião do dia 27 de julho, tratou da colocação dos Internos P1 e P2 dos
Hospitais, tendo deliberado, com base no nº 2 do Artigo 3º do Decreto-Lei nº 101/76 :
“Futuramente a colocação de estagiários de Internato deve recair, de
preferência, sobre recém-licenciados madeirenses, independentemente da
Faculdade de proveniência, a fim de favorecer a fixação de madeirenses na
Região, e dar conhecimento à Direcção-Geral dos Hospitais e ao CHF”.
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