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terça-feira, 19 de abril de 2016

Da confiança à crise dos Bancos (11)

No ano de 1997 o BANIF deu seguimento à política de promoção dos seus produtos financeiros junto dos seus clientes e do público em geral. Na Região, no País e no estrangeiro onde existem emigrantes madeirenses a publicidade tinha muita força e era permanente. O “Crédito Banif Habitação” era “Tão fácil como abrir um sorriso”. Esta expressão fazia parte da publicidade nos órgãos de informação escrita para apelar à aquisição ou construção de “casa própria permanente, secundária ou para arrendamento”, para “Obras de beneficiação”, “Depósitos de Poupança Emigrante”, “Depósitos à Ordem e a Prazo em MN/ME no Offshore da RAM, com Benefícios Fiscais e Transferências de Valores de e para o Estrangeiro”, bastando “dirigir-se a uma agência do Banif e preencher um simples impresso de adesão”. Era muito fácil e bastava “Não mais de 48 horas”. “E os jovens gozam de condições especiais? Claro que sim. Todos os que ainda não tenham feito 31 anos à data da escritura, podem optar pelo Regime Jovem Bonificado e beneficiar de condições mais vantajosas”.

A 30/06/1997, o BANIF endereçou uma carta aos clientes, emitida em Lisboa e subscrita pela Directora de Património, Administrativa e de Segurança, Assunta Velosa, a apresentar “uma proposta de valor que, esperamos, venha a merecer a sua atenção”.  O objetivo da proposta era a venda de imóveis que estavam na propriedade do Banco, resultado de empréstimos não pagos pelos clientes. Já naquele ano havia as agora chamadas «imparidades». Por isso, diz a carta, “Ao longo de alguns anos o Banif, pelas mais variadas razões, tornou-se proprietário de imóveis que, como sabe, não constituem o fulcro da actividade bancária. Neste sentido, é nosso propósito propor a venda dos mesmos aos nossos clientes, em condições bastante vantajosas, disponibilizando Linhas de Crédito que poderão ascender a 100% do valor de aquisição do imóvel”. Anexada à carta vinha uma brochura com informações sobre alguns imóveis e os contactos do Banco em Lisboa e na Madeira.

Ao longo daquele ano, o BANIF manteve o interesse em adquir 34% das ações que o Governo Regional dos Açores detinha no Banco Comercial dos Açores. Em entrevista ao jornal «Semanário», de 27/12/1997, Castro Rocha, Presidente da Comissão Executiva do BANIF, declarou acabar com um conflito com o Governo dos Açores e que “a Banif Açores, SGPS, aumentou já a posição no BCA adquirindo aos trabalhadores 8,06 por cento. Os trabalhadores, pequenos subscritores e emigrantes tinham as suas ações vinculadas ao compromisso de indisponibilidade durante um ano. Esse prazo terminou em Novembro passado”.
De acordo com o Relatório e Contas de 1997, “foram admitidos no Banco 163 empregados, dos quais 78 com formação superior. Saíram no mesmo período 58 empregados, sendo o quadro de pessoal efectivo do Banco em 31 de Dezembro de 1997 constituído por 1.116 empregados. Ao nível do Grupo Banif, incluindo as seguradoras do Grupo, o quadro de pessoal nessa data eleva-se a 2.100 empregados”.
Verifica-se, naquele ano, que o Grupo BANIF é ampliado com mais algumas sociedades, tais como: BANIF (Açores) SGPS, S.A. com 72% no capital de 3 000 000 contos; BANIF (Brasil), Lda, com capital de R$ 150 000; Oceânica – Companhia de Seguros, com capital social de 2 335 000 contos; Açor Pensões, com capital de 200.000 contos.
No exercício de 1997, o Banco gerou um resultado, líquido de impostos, no montante de 2.266.142.678$42. Também apresentou “Resultados Transitados do Exercício de 1996, no montante de 5.920.000$00, correspondentes aos dividendos relativos a 1996 das acções detidas pelo Banco no primeiro dia útil do período de pagamento dos mesmos, pelo que a Aplicação de Resultados se reporta ao montante global de Esc. 2.272.062.678$42”. Uma parte deste montante foi aplicado para reservas, 1.800.000.000$00 para dividendos (Dividendo de 80$00 por acção) e 125.000.000$00 para distribuição pelos empregados.
(continua)

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