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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016


Da confiança à crise dos Bancos (44)

DA CASA DE CÂMBIOS BORGES & IRMÃO (1884) AO BPI.
A Resolução do Conselho de Ministros nº 51-H/77, de 25 de fevereiro de 1977, referida na passada semana, tem nos considerandos uma inédita revelação do I Governo Constitucional, liderado por Mário Soares, relativamente a problemas de gestão dos Bancos Borges & Irmão e Pinto de Magalhães, muito semelhantes aos que mais recentemente ocorreu com o BES e com o Banif. Mas a decisão então tomada seria, hoje, quase impossível, face às interferências das instituições da União Europeia. Naquela resolução foi decidido:
 - “Que os prejuízos acumulados pelo Banco Borges & Irmão até 31 de Dezembro de 1975 sejam regularizados por força de reservas existentes e da redução de 400 000 contos no capital”.
- “Que o capital seja, imediatamente a seguir, reforçado em 1 250 000 contos, a retirar da dotação respectiva do Orçamento Geral do Estado”.
- “Que os créditos sobre as empresas do denominado «Grupo Borges» - empresas em cuja gestão o Estado interveio, ao abrigo do Decreto-Lei nº 422/76, de 29 de Maio, por despacho do Ministro das Finanças de 9 de Julho de 1976, com vista a acautelar os interesses do Banco Borges & Irmão – sejam transferidos para uma instituição parabancária a constituir e cuja solvabilidade será garantida pelo Estado”.
- “Que a cessão dos créditos produza efeitos a contar de 1 de Janeiro de 1976, o seu preço seja o do respectivo valor nominal, acrescido dos juros devidos até 31 de Dezembro de 1975, e o pagamento se faça com obrigações a emitir pela referida instituição parabancária (…)”.
- “Que os prejuízos acumulados pelo Banco Pinto de Magalhães até 31 de Dezembro de 1975 sejam regularizados através da utilização das reservas existentes e da redução de 210 000 contos no capital”.
- “Que o capital seja, imediatamente a seguir, reforçado em 440 000 contos, a retirar da dotação respectiva do Orçamento Geral do Estado”.
- “Que os créditos sobre o ex-presidente do conselho de administração do Banco Pinto de Magalhães sejam transferidos para uma instituição parabancária a constituir e cuja solvabilidade seja garantida pelo Estado”.
- “Que a cessão de créditos produza efeitos a contar de 1 de Janeiro de 1976 e o pagamento se faça com obrigações a emitir pela referida instituição parabancária (…)”.

A intervenção do Estado imprimiu ao BBI o reforço da vocação internacional a partir de 1979 com a sucursal em França. E em 1980 foi criado na sede do BBI o Centro de Apoio a Emigrantes, seguindo-se, em 1982, o lançamento da teletransmissão das ordens dos emigrantes em França. Naquele ano, o BBI alarga o âmbito do escritório de representação da Venezuela, acompanhando a dinamização das relações comerciais e financeiras feitas pelas empresas relacionadas com os portugueses aí imigrados.
Em 1982, o BBI aderiu à rede SWIF, permitindo-lhe garantir um contacto mais fácil com os bancos estrangeiros, e cria o Leasinvest – Sociedade de Locação Financeira Mobiliária, SARL, sediada no Porto. Naquela empresa também participaram a Companhia de Seguros Fidelidade, o Banque Nationale de Paris e o Skandinaviska Enskilda Banken.
Naquele ano, o BBI tinha 99 balcões: 19 no Porto; 15 em Lisboa; 37 no norte e centro do País; 24 no sul, 3 na Madeira; 1 nos Açores; 6 Postos de Câmbios. O número de trabalhadores era de 4.369, dos quais, 2/3 eram homens e 1/3 mulheres.
No início de 1983, o BBI ocupava a hierarquia dos bancos comerciais portugueses, o quarto lugar em depósitos e em crédito, com 11,8% e 12,2%, respetivamente, de quota de mercado, e o segundo ou terceiro lugar no que diz respeito a remessas de emigrantes e a operações cambiais.

(continua)

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