Da confiança
à crise dos Bancos (46)
DO «BANCO DA MADEIRA»
(1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
Na Madeira os penosos efeitos decorrentes da I Guerra
Mundial exigiam a criação de instituições bancárias com maior poder de captar
depósitos e de conceder crédito às empresas comerciais, industriais e agrícolas.
Não bastavam as casas bancárias existentes e, além disso, tinha sido dissolvido
em 1887 o Banco Comercial da Madeira, criado a 1 de junho de 1875.
Foi nessas circunstâncias que, em 24 de abril de 1920,
foi celebrada a escritura de constituição provisória do Banco da Madeira, tendo
iniciado a sua atividade no dia 23 de junho daquele ano, embora sendo de 7 de
janeiro do ano seguinte a data do decreto que autorizou a constituição
definitiva do Banco. Ficou instalado, provisoriamente, no rés-do-chão dum
prédio localizado da então Rua do Comércio (hoje Rua dos Ferreiros), tendo sido
adquirido, no mês de agosto seguinte, o prédio na Rua de João Gago.
O primeiro
Relatório e Contas da Direcção do Banco da Madeira cingiu-se ao segundo
semestre de 1920, sendo subscrito, em 4 de março de 1921, pelos Directores
Pedro José Lomelino e Romano Marcos Caldeira. O primeiro parágrafo do relatório
refere: “Vimos cumprir o grato dever de prestar-vos contas da nossa primeira
gerência em período de organização e no curto praso de um semestre, como é do
vosso conhecimento”.
Refere o relatório que a primeira entrada de
capital (25% do total, correspondendo a 500 contos) deu-se a 12 de maio, sendo
a segunda e terceira (ambas com 25% cada) a 12 de agosto e 12 de novembro.
Salienta que “fizemos entrar na Caixa Geral dos Depósitos 200 contos, de
harmonia com a condição 3ª do artº 162 do Código Comercial, e, em representação
largamente fundamentada, requeremos pelo Ministerio do Comercio e Comunicações,
a necessária autorização da constituição definitiva, infelizmente pendente em
31 de de Dezembro, a que se refere este relatório, mas que não se fez esperar, como consta do
decreto de 7 de Janeiro p.p., atentas as mais que justificadíssimas razões da
creação do nosso Banco, já hoje ligado por transacções importantes às
principais cidades da Europa e America.
Efectivamente
as duas condições que antecedem e que se impunham desde logo, como devendo ser
o nosso primeiro cuidado, procuramos fazer a nossa instalação provisoria, e
assim foi que ao meado do ano, com o exiguo capital de 300 contos, démos começo
aos negócios da nossa especialidade (…) sentimo-nos satisfeitos em dizer-vos
que o saldo da conta de Ganhos e Perdas é de Esc. 257.912$33,5, realmente muito
compensador com relação ao capital com que agimos, e ponderadas que sejam
devidamente as circunstancias acima enumeradas”.
Após os
reconhecimentos elogiosos aos correspondentes no País e no estrangeiro, “pela
apreciável e correcta cooperação que comnosco teem mantido, pedindo vénia para
especialisar a Filiar do Banco do Minho, em Lisboa. Também elogia o pessoal do
Banco, “pela inexcedivel dedicação e zelo como desempenha as suas funções” especificando
os nomes de António Noronha Barros e G. H. Otto Hmrol, “respectivamente nossos
bem dignos gerente e chefe de contabilidade”.
Os lucros
foram repartidos da seguinte forma: 100.000$00 para dividendos; 51.582$46 para
Fundo de Reserva; 36.000$00 para Fundo de Reserva para Encargos Eventuais; 60.000$00
para contribuições, honorários à Direçao e gratificação aos empregados;
16.329$87,5 para Conta Nova.
(continua)
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