Da confiança
à crise dos Bancos (47)
DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
A criação do Banco da Madeira constituiu tão relevante
acontecimento financeiro e económico na Madeira que a edição do dia 8 de maio
de 1920 do «Diário de Notícias» refere:
“Tem já as suas instalações provisórias, realizada a
percentagem de 20% sobre os 2.000 contos, que será o arcaboiço financeiro da
sua primeira fase, nomeados os seus directores que são incontestavelmente dos
nomes que mais podem satisfazer as melindrosas exigências da praça, redigidos
os seus estatutos que vão na obediência à orientação moderna, feita a sua
constituição provisória, em conformidade às prescrições da lei, espera tão
somente a satisfação de meras formalidades da burocracia, para poder desde já
iniciar as suas funções, o anunciado Banco da Madeira”
Em fevereiro de 1921, o Banco da Madeira eleva para
400 contos o seu capital social. Facto que foi reconhecido por todos os sócios
que o novel Banco, nas condições em que se fundou, vive e se desenvolve,
representando o equilíbrio da praça madeirense. O Relatório e Contas de 1921,
publicado em 19 de janeiro de 1922, constata o positivismo dos resultados da
nova instituição bancária regional. Assinado pelos diretores Pedro José Lomelino
e Romano Marques Caldeira, o
Relatório salienta:
“Cumpre-nos confessar que não foi isenta de
preocupações a nossa gerência, porquanto as sucessivas e bruscas oscilações
cambiais exigiram de nós muita ponderação e reflectido cálculo em todas as
transacções (…) conseguimos também satisfazer aos instantes pedidos de crédito
da nossa já hoje considerável clientela, correspondendo, assim, ao objectivo a
que presidiu a fundação do Banco da Madeira, o qual foi ajudar na máxima
largueza o comércio, pois que da classe comercial lhe tinha vindo toda a coesão
e unidade”.
O lucro líquido do exercício de 1921 atingiu
636.463$16,5, quase o triplo do lucro de 1920 (257.912$33.5). Mas de acordo com
o relato feito aquando das comemorações do 75º aniversário (já como Banco Totta
& Açores), “Os exercícios que se seguiram a 1921 não parecem, no entanto,
haverem decorrido da forma provavelmente mais desejada pelos construtores do
Banco da Madeira, o que aliás nem chega a surpreender, tendo em conta a
situação de grave crise financeira e de instabilidade política que então se
vivia. Porém, o Banco da Madeira lutava com falta de capitais próprios e os
capitais alheios tinham pouca expressão, sendo, por outro lado, pouco
significativas as transacções comeriais”.
O Relatório de 1927 destaca que “Não obstante a crise
por que tem passado o distrito não se ter ainda dissipado, o nosso lucro
líquido tem sucessivamente aumentado desde 1925. Esse resultado bem demonstra a
confiança com que o público continua a dispensar a este organismo bancário e
que esperamos se acentue cada vez mais. A já sete anos de distância, os lucros
líquidos surgiram agora aumentados de apenas cerca de trinta contos, diferença
que, reflectindo uma certa contracção e abrandamento, parece ter feito esbater
um pouco o entusiasmo inicial”.
A explicação para a crise que atingiu a economia
regional foi dada pelo Conselho Fiscal do Banco da Madeira - constituído por
João de Freitas Martins, João Anacleto Rodrigues e Francisco Alexandrino Rebelo:
“Apesar do louvável esforço da Direcção no exercício de 1927, a crise que o
comércio e indústria atravessaram havia criado a todas as instituições
bancárias uma situação embaraçosa e difícil, situação calamitosa da praça, a
qual não permitira uma desmobilização tão rápida quanto seria de desejar”.
(continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário