Da confiança
à crise dos Bancos (48)
DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
Na década de vinte do século XX, a economia portuguesa
atravessou um difícil período e de forte instabilidade. Apesar dessa conjuntura,
o Banco da Madeira conseguiu crescer lentamente e, mesmo ao longo da crise
mundial dos anos trinta, conseguiu manter-se firme, embora sem aumentar a sua dimensão
no mercado financeiro regional.
Naquela época, as dificuldades abrangeram todo o
sistema bancário, comercial e industrial, nomeadamente falta de energia
elétrica, eram insuficientes os meios de ligação com o exterior, os carros de
bois eram o meio de transporte muito utilizado (especialmente para o transporte
de mercadorias), os bens de consumo alimentar escassevam.
O Relatório e Contas de 1932 do Banco da Madeira
salienta que algumas instituições de crédito da praça do Funchal “não
conseguiram sobreviver a tão grande crise (…) a rarefacção do escudo, que por
diversas vezes se manifestou e intensificou, deu origem a necessidades lentas e
continuadas de dinheiro que vieram directa e indirectamente pesar sobre as
nossas caixas, principalmente no primeiro semestre de 1932. Como era natural e
lógico, aumentavam as dificuldades de cobrança e, sobretudo, de
desimobilizações”. A Direção do Banco da Madeira reconhece que “foi diante de
tais emergências, realmente impeditiva de toda a normalidade desejada, que nos
dirigimos ao Ministro das Finanças a dar-lhe conta do sucedido”.
A crise então vivida determinou que, pelo Decreto-lei nº
23026, de 12 de Setembro de 1933, fosse decidida a fusão do Banco Sardinha e da
Casa Bancária Rodrigues, Irmãos & Cª, no Banco da Madeira. A crise também
havia afetado de tal ordem as duas primeiras instituições que a sua fusão no
Banco da Madeira evitou um fim trágico.
Com a fusão, no prazo de dois meses nasceria um “novo”
Banco da Madeira com o capital social de 10.000 contos, o qual era formado
pelos saldos ativos e pela parte proporcional dos depósitos de débitos dos
existentes Banco da Madeira e Banco Sardinha. Em simultâneo, a Caixa Geral de
Depósitos outorgou um financiamento ao novo Banco da Madeira, através de
obrigações, num total de 15.000 contos ao juro de 6%, o que determinou que ao
Banco da Madeira a segunda e nova etapa da sua existência com empenho e
segurança, por forma a propiciar uma ajuda válida ao crescimento e
desenvolvimento da indústria e comércio regionais.
A Administração do renovado Banco da Madeira foi
constituída por Leonel Luíz, pelo antigo banco do mesmo nome, por António
Bettencourt Sardinha, pelo Banco Sardinha, e pelo Dr. Juvenal Henriques de
Araújo (mais tarde substituído por Alfredo Campanella, quando foi eleito
deputado à Assembleia Nacional), em representação da Casa Bancária Rodrigues,
Irmãos & Cª.
No relatório do Banco da Madeira, do
período de 27 de novembro de 1933 a 31 de dezembro de 1934, o Conselho de
Administração congratula-se com a decisão tomada salientando que “os resultados
apresentados não podem ser, infelizmente tão satisfatórios como desejamos (…)
findo o período de reorganização constata-se com aprazimento o movimento sempre
crescente que têm tido os nossos serviços – demonstra-se, assim, que o Banco da
Madeira corresponderá ao objectivo com que foi criado (…) pouco mais de um ano
de existência e é já de salientar a
acção exercida pelo Banco da Madeira para acalmar a vida económica madeirense
bastante perturbada pela crise bancária deflagrada em 1930, cujas funestas
consequências têm vindo a repercutir-se
hoje”.
(continua)
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