Da confiança
à crise dos Bancos (51)
DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
Faz parte da história do Banco da Madeira o facto de
ter sido o primeiro banco a admitir uma mulher para o seu quadro de pessoal.
Apenas os homens eram contratados para trabalhar em instituições financeiras.
Mas a 27 de novembro de 1933, Capitolina da Silva Nunes foi “a primeira
representante do sexo feminino a ingressar, com apenas 16 anos, no «mundo
machista» da banca madeirense”. Com uma carreira bastante profíqua, era
“carinhosamente tratada por todos os seus colegas e superiores hierárquicos”,
vindo mais tarde a “fixar-se na Secção de Contabilidade, tornando-se uma
profissional de reconhecidos méritos, em quem a Administração e chefias
depositavam total confiança”.
Numa época em que o turismo da Madeira despontava com
o incremento das ligações com o exterior, por via marítima, através de barcos
de grande porte a escalarem o Porto do Funchal, proporcionava-se o
desenvolvimento do comércio da cidade. O Banco da Madeira beneficiou do fluxo
económico da Ilha ao longo dos tempos. Chegado o ano de 1959, o Conselho Fiscal,
presidido por Vicente Braz Gonçalves, relevou “os métodos de trabalho, de
rígida economia, de probidade sã, de prudência e de compreensão da realidade,
que caracterizam a orientação sempre seguida pela Administração, fizeram com
que possamos verificar com o maior prazer o elevado grau de prosperidade que
alcançou o Banco e a posição de confiança que felizmente disfruta, de que é
índice o aumento constante de depósitos que nele vimos notando, ascendendo a
433.274.512$82”.
Cabe ainda na continuada acção do Banco da Madeira o
apoio às atividades económicas regionais, nomeadamente “financiar o primeiro
navio fruteiro, adquirido na Alemanha pela Empresa de Navegação Madeirense, e
já com dimensão ajustada às necessidades de transporte da Ilha”. Outro apoio
financeiro destinou-se a “obras de remodelação do Hotel Savoy, na sua fase de
construção, visto que o financiamento a longo prazo era feito pelo Governo
através de um plano de reactivação do turismo”. O mesmo aconteceu com o apoio
dado pelo Banco da Madeira à maior parte dos hotéis que vieram a ser
construídos na Madeira.
Tendo em vista servir bem os emigrantes madeirenses e
seus familiares, o Banco da Madeira nomeou correspondentes em toda a Ilha, que
compravam a moeda estrangeira, sob a forma de cambiais, oriunda das remessas
dos emigrantes, o que evitava deslocações ao Funchal para tal efeito. Mais
tarde, foram criados serviços móveis (prospectores bancários), com viaturas do
Banco que, “diariamente, a hora previamente combinada, visitavam os
correspondentes e até mesmo os familiares dos emigrantes, recebendo os
depósitos e os esclarecimentos e aconselhamento que os clientes desejassem”.
Em meados da década de sessenta do século XX, na
Madeira, o Governo autorizou a abertura de agências de bancos que funcionavam
no Continente, tendo-se entrado num regime de concorrência, por vezes muito
agressiva, “oferecendo outras compensações sobretudo aos industriais de
bordados e demais exportadores e empresas hoteleiras, a fim de que estes lhes
vendessem os dólares com que eram pagas as suas mercadorias e serviços”.
As remessas de emigrantes geravam um excesso de liquidez e, “como todas
as operações activas que fossem propostas ao Banco e reunissem as necessárias
condições de segurança, eram aprovadas, a solução foi encontrada através de
acordos com as grandes instituições bancárias de Lisboa que não tinham agências
na Madeira”.
(continua)
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