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domingo, 22 de janeiro de 2017


Da confiança à crise dos Bancos (51)

DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
Faz parte da história do Banco da Madeira o facto de ter sido o primeiro banco a admitir uma mulher para o seu quadro de pessoal. Apenas os homens eram contratados para trabalhar em instituições financeiras. Mas a 27 de novembro de 1933, Capitolina da Silva Nunes foi “a primeira representante do sexo feminino a ingressar, com apenas 16 anos, no «mundo machista» da banca madeirense”. Com uma carreira bastante profíqua, era “carinhosamente tratada por todos os seus colegas e superiores hierárquicos”, vindo mais tarde a “fixar-se na Secção de Contabilidade, tornando-se uma profissional de reconhecidos méritos, em quem a Administração e chefias depositavam total confiança”.

Numa época em que o turismo da Madeira despontava com o incremento das ligações com o exterior, por via marítima, através de barcos de grande porte a escalarem o Porto do Funchal, proporcionava-se o desenvolvimento do comércio da cidade. O Banco da Madeira beneficiou do fluxo económico da Ilha ao longo dos tempos. Chegado o ano de 1959, o Conselho Fiscal, presidido por Vicente Braz Gonçalves, relevou “os métodos de trabalho, de rígida economia, de probidade sã, de prudência e de compreensão da realidade, que caracterizam a orientação sempre seguida pela Administração, fizeram com que possamos verificar com o maior prazer o elevado grau de prosperidade que alcançou o Banco e a posição de confiança que felizmente disfruta, de que é índice o aumento constante de depósitos que nele vimos notando, ascendendo a 433.274.512$82”.
Cabe ainda na continuada acção do Banco da Madeira o apoio às atividades económicas regionais, nomeadamente “financiar o primeiro navio fruteiro, adquirido na Alemanha pela Empresa de Navegação Madeirense, e já com dimensão ajustada às necessidades de transporte da Ilha”. Outro apoio financeiro destinou-se a “obras de remodelação do Hotel Savoy, na sua fase de construção, visto que o financiamento a longo prazo era feito pelo Governo através de um plano de reactivação do turismo”. O mesmo aconteceu com o apoio dado pelo Banco da Madeira à maior parte dos hotéis que vieram a ser construídos na Madeira.

Tendo em vista servir bem os emigrantes madeirenses e seus familiares, o Banco da Madeira nomeou correspondentes em toda a Ilha, que compravam a moeda estrangeira, sob a forma de cambiais, oriunda das remessas dos emigrantes, o que evitava deslocações ao Funchal para tal efeito. Mais tarde, foram criados serviços móveis (prospectores bancários), com viaturas do Banco que, “diariamente, a hora previamente combinada, visitavam os correspondentes e até mesmo os familiares dos emigrantes, recebendo os depósitos e os esclarecimentos e aconselhamento que os clientes desejassem”.
Em meados da década de sessenta do século XX, na Madeira, o Governo autorizou a abertura de agências de bancos que funcionavam no Continente, tendo-se entrado num regime de concorrência, por vezes muito agressiva, “oferecendo outras compensações sobretudo aos industriais de bordados e demais exportadores e empresas hoteleiras, a fim de que estes lhes vendessem os dólares com que eram pagas as suas mercadorias e serviços”.
As remessas de emigrantes  geravam um excesso de liquidez e, “como todas as operações activas que fossem propostas ao Banco e reunissem as necessárias condições de segurança, eram aprovadas, a solução foi encontrada através de acordos com as grandes instituições bancárias de Lisboa que não tinham agências na Madeira”.

(continua)

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