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domingo, 15 de janeiro de 2017



Da confiança à crise dos Bancos (50)

DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
A reestruturação do Banco da Madeira, permitida por lei do «Estado Novo» em 1933, contribuiu para a dinâmica financeira nos anos subsequentes. Chegado o ano de 1937, o Conselho de Administração afirma no Relatório e Contas que “este Banco prossegue a sua acção com resultados animadores, se atendermos à crise que esta praça atravessou e cujos efeitos se fazem ainda sentir”, tendo atingido um lucro no exercício de 385.848$55.
No ano de 1938, “manteve-se o lento e cauteloso crescimento, tendo-se verificado a libertação da última prestação da parte dos depósitos comuns do Banco da Madeira e do Banco Sardinha”. Revela um “lucro de 121.222$60 com a exploração da Fábrica de Aguardente de Machico e da liquidação dos negócios da Filial do Banco da Madeira, em Lisboa, depois de ponderadas várias circunstâncias”. Aquele ano ficou marcado pelo falecimento do Administrador Leonel Gonsalves Luíz, tendo sido substituído nas suas funções por Daniel Fernandes de Azevedo e, no ano seguinte, pelo doutor Fernão de Ornelas Gonçalves, que viria a ser presidente da Câmara Municipal do Funchal.
Os anos seguintes foram caraterizados pelo empenhamento da Administração e dos trabalhadores do Banco virado essencialmente para a vertente comercial e para o meio rural na perspetiva regionalista. O Relatório e Contas de 1945 revela que “o Banco começa a desempenhar efectivamente a função que presidiu à sua criação. Somos hoje um importante instrumento propulsor da vida económica local. A nossa situação e o apoio crescente que o comércio nos vem concedendo permite-nos encarar o futuro com confiança”, tendo obtido um lucro no montante de 1.053.909$88.
A Assembleia Geral do dia 6 de janeiro de 1946, presidida pelo doutor Juvenal de Araújo, revelou que a carteira comercial atingiu quase 20 mil contos e o valor dos depósitos ascendeu a cerca de 35 mil contos. Estes valores constituíram dois fatores positivos para o Conselho de Administração revelar que “Podemos hoje afirmar-vos - e fazemo-lo com incontida satisfação – que o vosso Banco está definitivamente consolidado. Assim atingiu-se a primeira grande meta da nossa vida”.
Quando, no fim da década de quarenta, o doutor Fernão de Ornelas Gonçalves deixou a Madeira e fixou-se no Continente, vendeu as suas ações que detinha do Banco da Madeira ao doutor João Figueira de Freitas, que era presidente do Conselho Fiscal, tendo este deixado essas funções para, na qualidade de acionista maioritário, assumir a Presidência do Conselho de Administração do Banco.
Nessa altura a crise da Madeira ia desvanecendo e as atividades económicas evoluíam com intensidade, de um modo especial a exportação para diversos mercados: bordados, obra de vime, vinho, banana e diversos produtos hortícolas. A safra da indústria do açúcar era totalmente financiada pelo Banco da Madeira que tinha a oportunidade de também colaborar com os agricultores “quando estes ao balcão desta instituição de crédito, recebiam o pagamento da cana do açúcar e efectuavam os seus depósitos”. A emigração retomou o ritmo histórico e as remessas dos emigrantes enviadas para a Madeira em moeda estrangeira “eram convertidas em escudos e depositadas a prazo no Banco da Madeira”.


(continua)
gregoriogouveia.blogspot.pt


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