Da confiança
à crise dos Bancos (92)
Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942)
ao Millennium BCP:
Para evitar despedimento coletivo
no BCP, a administração e os sindicatos dos bancários chegaram a um prévio
acordo, no final do ano de 2013, para um corte temporário dos salários, entre
os 3% e os 11%, abrangendo todos os trabalhadores (quase 6.000) com
remunerações acima dos mil euros brutos por mês. De acordo com o compromisso os
cortes manter-se-iam em vigor até a saída do investimento público. Mas quando o
banco regressasse aos lucros, seria levado à assembleia-geral uma proposta para
que os trabalhadores recebessem o valor cortado.
De acordo com Paulo Alexandre do
Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, “Fizemos isto a pensar no interesse dos
trabalhadores e não do sindicato porque sabemos que podemos perder associados
que discordam da nossa posição”. Face ao acordo, a partir de meados de
fevereiro de 2014 os sindicatos da FEBASE enviaram cartas com boletins de voto
aos trabalhadores do BCP, para que estes se pronunciassem sobre os cortes
salariais acordados com o banco.
Esta medida preventiva teve a ver
com o plano de reestruturação que o BCP acordou com Bruxelas, após o Estado ter
aplicado 3.000 milhões de euros no banco para o recapitalizar. Aquele plano
previa a redução do número de trabalhadores em Portugal para 7.500 até final de
2017, significando menos 1.084 do que os 8.584 que o banco tinha no final de
2013, ano em que saíram 398 trabalhadores. No final daquele ano, o BCP tinha
774 agências, menos 65 do que em
2012, mas com o objetivo de
reduzir para 698 agências até 2015.
A carta que os sindicatos enviram
aos trabalhadores continha a pergunta a que deveriam responder «sim» ou «não»,
cujo teor á o seguinte:
“Aceita o teor do memorando
acordado entre o BCP e a FEBASE – já do seu conhecimento pelas cartas enviadas
– que poderá evitar um despedimento colectivo e permitirá ao banco que a
reestruturação a que está obrigado por força do acordo com a DGComp (Direcção-Geral
da Concorrência da Comissão Europeia) se faça, preferencialmente, com recurso a
reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo”.
Quando, no final de outubro de 2014,
foi anunciado que o BCP foi o único banco português a “chumbar” nos testes de
«stress» do Banco Central Europeu no cenário mais adverso, O Presidente do
banco, Nuno Amado, referiu que “com números de 2014, o BCP não chumbava (…) o
banco passaria nos testes de “stress” do BCE e da Autoridade Bancária Europeia
(EBA) se fossem feitos tendo em conta os dados atuais e não de dezembro de 2013
(…) o banco não vai precisar de um aumento de capital nem vender ativos”.
Este teste destinou-se a avaliar a
capacidade de resistência dos bancos, perante uma crise económica e financeira,
a qualidade dos ativos e carteira de crédito. Para passar no texte o banco
deveria dispor de rácio mínimo de 8% de capital no Common Equity Tier 1 (rácio
de capital que está a ser usado para medir a solvabilidade dos bancos) no
cenário económico e financeiro base e de 5,5% no cenário adverso. Neste exame,
no total, chumbaram 25 dos 130 bancos europeus.
No final de 2014, o resultado
líquido foi negativo em 217,9 milhões de euros, embora tivesse melhorado face a
2013 que foi negativo em 740,5 milhões de euros.
A melhoria deveu-se à atividade
internacional e pela evolução favorável da rendibilidade da atividade em
Portugal, “suportada no desempenho positivo do produto bancário, tal como a
margem financeira e dos resultados em operações financeiras”.
Nos fatores negativos estão, entre
loutros, “juros associados à emissão de «CoCo» de 162,8 milhões de euros e o
esforço das imparidades para riscos de crédito”.
(continua)
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