Bancos Criados na Madeira que
Desapareceram (4)
Para gerir o BANIF foi chamado o Dr. Raul Capela, tendo
afirmado que “a CEF promoveu o aumento excessivo do seu quadro de pessoal, na
sua generalidade de baixo nível técnico e profissional, e nalguns casos ético e
deontológico numa evidente perda de controlo”. De tal ordem que o BANIF recebeu
um total de 446 trabalhadores, tendo criado na administração do novel Banco a
urgente necessidade de acertar o número ideal para viabilizar a gestão futura.
Alterou o modelo hierarquizado da gestão pesada ao nível do elevado número de
balcões por toda a Região com um gerente e dois subgerentes. Dos 446
trabalhadores que vieram da CEF, 176 foram dispensados. Alguns deles foram
admitidos na Empresa de Electricidade da Madeira que também era acionista do
BANIF. O processo foi doloroso para aqueles trabalhadores, tendo o Sindicato
dos Bancários de intervir para evitar grandes prejuízos pessoais, nomeadamente
no que respeitava aos apoios médico-sociais, uma vez que, no dia 22/01/1979,
tinha sido celebrado o acordo de adesão entre a CEF e aquele sindicato.
Em julho de 1990, o BANIF tinha
270 trabalhadores, número ainda excedentário, no dizer do
administrador-delegado, Marques de Almeida, “mas que já não é um factor
condicionante à evolução positiva da instituição de crédito”.
No final do mês de outubro de
1990, o BANIF tinha 22% da quota do mercado. Mas, segundo afirmou o Presidente
do Conselho de Administração, dr. Raul Capela, nas Jornadas Financeiras realizadas
no dia 19/11/1988: “Somos uma instituição em transição de uma outra sem cultura
e com má imagem junto do público, para uma com boa imagem perante a população”.
No final do primeiro ano de
exercício, o ativo líquido do BANIF ascendeu a cerca de 78,8 milhões de contos,
correspondendo a um acréscimo de 19,7% em relação ao valor registado no seu
balanço de constituição. O montante do crédito concedido foi de 36,5 milhões de
contos, que corresponde a 42,7% do ativo bruto. Segundo o Relatório, “a elevada
taxa de crescimento, desde a sua constituição até ao final do ano, foi possível
graças à evolução verificada nos recursos do banco e aos dois empréstimos
externos contraídos com cobertura de risco de câmbio”. Os depósitos a prazo, à
ordem e de poupança atingiram 61 milhões de contos e o resultado contabilístico
do exercício foi negativo em 2,7 milhões de contos. Mas, segundo a
administração: “caso não se tivesse procedido às amortizações, devidas a
prejuízos da extinta CEF, o BANIF teria apresentado um resultado positivo de
463 mil contos”.
No início de 1992, o Estado ainda detinha 2,5 milhões de ações
do capital do BANIF, quer através do Tesouro, quer da Caixa Geral de Depósitos
e de outras instituições de capital público.
O administrador Raul Capela referiu
(Eco do Funchal, de 28/02/1992, citando Luís Naves do «Semanário») que os
acionistas têm direito de opção na aquisição daquelas ações “quando o tesouro
pretender vendê-las. Só para este efeito está em curso um processo de avaliação
do banco”.
Naquele ano, o BANIF procedeu à sua expansão com a abertura
de novas agências no Continente e já liderava o mercado bancário da Madeira.
Para além da sua sede no Funchal, a da Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, e o
estabelecimento principal no Porto, tinha 6 Dependências no Funchal, 16
Agências na Madeira e Porto Santo e 18 Agências em todo o território
continental.
(continua)
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