Bancos Criados na Madeira que
Desapareceram (30)
«BANCO DA MADEIRA» - Na
década de vinte do século XX, a economia portuguesa atravessou um difícil
período de forte instabilidade. Apesar dessa conjuntura, o Banco da Madeira
conseguiu crescer lentamente e, mesmo ao longo da crise mundial dos anos
trinta, conseguiu manter-se firme, embora sem aumentar a sua dimensão no
mercado financeiro regional. Naquela
época, as dificuldades abrangeram todo o sistema bancário, comercial e
industrial, nomeadamente falta de energia elétrica, eram insuficientes os meios
de ligação com o exterior, os carros de bois eram o meio de transporte muito
utilizado (especialmente para o transporte de mercadorias), os bens de consumo
alimentar escasseavam.
O Relatório e Contas de 1932 do Banco da Madeira
salienta que algumas instituições de crédito da praça do Funchal “não
conseguiram sobreviver a tão grande crise (…) a rarefacção do escudo, que por
diversas vezes se manifestou e intensificou, deu origem a necessidades lentas e
continuadas de dinheiro que vieram directa e indirectamente pesar sobre as
nossas caixas, principalmente no primeiro semestre de 1932. Como era natural e
lógico, aumentavam as dificuldades de cobrança e, sobretudo, de
desimobilizações”. A Direção do Banco da Madeira reconhece que “foi diante de
tais emergências, realmente impeditiva de toda a normalidade desejada, que nos
dirigimos ao Ministro das Finanças a dar-lhe conta do sucedido”.
A crise então vivida determinou que, pelo Decreto-lei nº
23026, de 12 de Setembro de 1933, fosse decidida a fusão do Banco Sardinha e da
Casa Bancária Rodrigues, Irmãos & Cª, no Banco da Madeira. A crise também
havia afetado de tal ordem as duas primeiras instituições que a sua fusão no
Banco da Madeira evitou um fim trágico. Com a fusão, no prazo de dois meses
nasceria um “novo” Banco da Madeira com o capital social de 10.000 contos, o
qual era formado pelos saldos ativos e pela parte proporcional dos depósitos de
débitos dos existentes Banco da Madeira e Banco Sardinha. Em simultâneo, a
Caixa Geral de Depósitos outorgou um financiamento ao novo Banco da Madeira,
através de obrigações, num total de 15.000 contos ao juro de 6%, o que
determinou ao Banco da Madeira a segunda e nova etapa da sua existência com
empenho e segurança, por forma a propiciar uma ajuda válida ao crescimento e
desenvolvimento da indústria e comércio regionais. A Administração do renovado
Banco da Madeira foi constituída por Leonel Luíz, pelo antigo banco do mesmo
nome, por António Bettencourt Sardinha, pelo Banco Sardinha, e pelo Dr. Juvenal
Henriques de Araújo (mais tarde substituído por Alfredo Campanella, quando foi
eleito deputado à Assembleia Nacional), em representação da Casa Bancária
Rodrigues, Irmãos & Cª.
No relatório do Banco da Madeira, do
período de 27 de novembro de 1933 a 31 de dezembro de 1934, o Conselho de
Administração congratula-se com a decisão tomada salientando que “os resultados
apresentados não podem ser, infelizmente tão satisfatórios como desejamos (…)
findo o período de reorganização constata-se com aprazimento o movimento sempre
crescente que têm tido os nossos serviços – demonstra-se, assim, que o Banco da
Madeira corresponderá ao objectivo com que foi criado (…) pouco mais de um ano
de existência e é já de salientar a
acção exercida pelo Banco da Madeira para acalmar a vida económica madeirense
bastante perturbada pela crise bancária deflagrada em 1930, cujas funestas
consequências têm vindo a repercutir-se
hoje”.
(continua)