Bancos Criados na Madeira que
Desapareceram (28)
«BANCO DA MADEIRA» - Na
Madeira, os penosos efeitos decorrentes da I Guerra Mundial exigiam a criação
de instituições bancárias com maior poder de captar depósitos e de conceder
crédito às empresas comerciais, industriais e agrícolas. Não bastavam as casas
bancárias existentes e, além disso, tinha sido dissolvido em 1887 o Banco
Comercial da Madeira, que tinha sido criado a 1 de junho de 1875. Foi nestas
circunstâncias que em 24 de abril de 1920 foi celebrada a escritura de
constituição provisória do Banco da Madeira, tendo iniciado a sua atividade no
dia 23 de junho daquele ano. Mas apenas a 7 de janeiro do ano seguinte é que um
decreto autorizou a constituição definitiva do Banco. Ficou instalado,
provisoriamente, no rés-do-chão dum prédio localizado da então Rua do Comércio
(hoje Rua dos Ferreiros), tendo sido adquirido, no mês de agosto seguinte, o
prédio na Rua de João Gago.
O primeiro Relatório e Contas da Direção do
Banco da Madeira cingiu-se ao segundo semestre de 1920, sendo subscrito em 4 de
março de 1921 pelos Diretores Pedro José Lomelino e Romano Marcos Caldeira. O
primeiro parágrafo do relatório refere:
“Vimos cumprir o grato dever de prestar-vos
contas da nossa primeira gerência em período de organização e no curto prazo de
um semestre, como é do vosso conhecimento”. Refere o
relatório que a primeira entrada de capital (25% do total, correspondendo a 500
contos) deu-se a 12 de maio, sendo a segunda e terceira (ambas com 25% cada) a
12 de agosto e 12 de novembro. Salienta que “fizemos entrar na Caixa Geral dos
Depósitos 200 contos, de harmonia com a condição 3ª do artº 162 do Código
Comercial, e, em representação largamente fundamentada, requeremos pelo Ministério
do Comercio e Comunicações, a necessária autorização da constituição
definitiva, infelizmente pendente em 31 de Dezembro, a que se refere este
relatório, mas que não se fez esperar,
como consta do decreto de 7 de Janeiro p.p., atentas as mais que
justificadíssimas razões da creação do nosso Banco, já hoje ligado por
transacções importantes às principais
cidades da Europa e America. Efectivamente as duas condições que
antecedem e que se impunham desde logo, como devendo ser o nosso primeiro
cuidado, procuramos fazer a nossa instalação provisoria, e assim foi que ao
meado do ano, com o exíguo capital de 300 contos, démos começo aos negócios da
nossa especialidade (…) sentimo-nos satisfeitos em dizer-vos que o saldo da
conta de Ganhos e Perdas é de Esc. 257.912$33, realmente muito compensador com
relação ao capital com que agimos, e ponderadas que sejam devidamente as circunstancias
acima enumeradas”.
Após os
reconhecimentos elogiosos aos correspondentes no País e no estrangeiro, “pela
apreciável e correcta cooperação que connosco teem mantido, pedindo vénia para
especializar a Filiar do Banco do Minho, em Lisboa”, também elogia o pessoal do
Banco, “pela inexcedível dedicação e zelo como desempenha as suas funções”
especificando os nomes de António Noronha Barros e G. H. Otto Hmrol,
“respectivamente nossos bem dignos gerente e chefe de contabilidade”.
Os lucros
foram repartidos da seguinte forma: 100.000$00 para dividendos; 51.582$46 para
Fundo de Reserva; 36.000$00 para Fundo de Reserva para Encargos Eventuais;
60.000$00 para contribuições, honorários à Direção e gratificação aos
empregados; 16.329$87 para Conta Nova.
(continua)
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