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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019


Bancos Criados na Madeira que Desapareceram (34)
«BANCO DA MADEIRA» Nos anos sessenta do século XX, “o Banco da Madeira tinha permanentemente elevados excessos de dólares, os quais era obrigado a vender ao Banco de Portugal em operações que se revelavam obviamente desvantajosas”. Enquanto nas transações de dólares feitas entre o Banco da Madeira e o Banco de Portugal, a diferença entre a compra e a venda daquela moeda era apenas de três centavos, os bancos continentais ganhavam nove centavos porque tinham a possibilidade de vender os dólares no Continente aos seus clientes importadores. O facto de na Madeira haver poucas importações diretamente do estrangeiro, a banca regional estava em desvantagens face aos bancos nacionais. Com o intuito de ultrapassar a desigualdade ocorrida com a moeda estrangeira, o Banco da Madeira procurou uma solução pela via da fusão propondo-se comprar “um banco de pequena dimensão que operava no Porto e em Lisboa”, o que não aconteceu “por falta de consenso entre as partes interessadas”.
Em 1965, o Capital e Reservas do Banco da Madeira atingia o montante de 46 mil contos. O valor dos depósitos ascendia a 547.133 milhares de contos. O total do ativo era de 858.356 milhares de contos.
 Falhada a hipótese de compra de um pequeno banco, a solução dos grandes acionistas recaiu na venda de um grande lote de ações a um banco de prestígio, o que veio a acontecer com a incorporação do Banco da Madeira no Banco Lisboa & Açores. Teve a favor desta incorporação o facto do Banco Lisboa & Açores ter como presidente do Conselho Fiscal o Comendador Manuel Nunes Corrêa, personalidade que estava muito ligada à Madeira. Mas foram grandes impulsionadores da incorporação: por parte do Banco da Madeira o seu Presidente do Conselho de Administração, Dr. João Figueira de Freitas, e o Administrador, António Bettencourt Sardinha; por parte do Banco Lisboa & Açores, além do já referido Comendador, o Administrador Delegado, Dr. Alexandre Almeida Fernandes, e o membro do Conselho Fiscal, Dr. Francisco Galheiros.
Em junho de 1965, os Administradores do Banco Lisboa & Açores deslocaram-se à Madeira para oficializarem a compra do Banco da Madeira, cujo valor foi de 60.000 contos. Em 7 de dezembro daquele ano a Assembleia Geral aprovou por unanimidade a incorporação, tendo tal decisão sido apresentada ao Ministro das Finanças no dia 21 do mesmo mês. Em 24 de janeiro de 1966, foi lavrado o projeto do acordo entre as Administrações do Banco Lisboa & Açores e do Banco da Madeira para ultimação das formalidades inerentes à operação. Em março de 1966, concluiu-se a fusão por incorporação do Banco da Madeira no Banco Lisboa & Açores e, tendo em vista uma total autonomia, foi mantido o Conselho de Administração, que passou a denominar-se Conselho de Gestão. Este e o Conselho de Administração do Banco Lisboa & Açores promoveram, no Funchal, uma confraternização, para o qual foram convidados todos os clientes do Banco da Madeira, incluindo os residentes no estrangeiro, alguns destes deslocaram-se à Madeira para este efeito.
Apesar da opinião contrária e declarada oposição do Ministério das Finanças, do Banco de Portugal, da Inspeção de Crédito e Seguros e dos juristas do Banco Lisboa & Açores na manutenção do nome Banco da Madeira, associado ao Banco Lisboa & Açores, foi de grande firmeza a posição dos dirigentes do Banco da Madeira (embora já incorporado) em manter associado este nome.
(continua)     

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