Bancos Criados na Madeira que
Desapareceram (34)
«BANCO DA MADEIRA» Nos anos sessenta do século XX, “o Banco da
Madeira tinha permanentemente elevados excessos de dólares, os quais era
obrigado a vender ao Banco de Portugal em operações que se revelavam obviamente
desvantajosas”. Enquanto nas transações de dólares feitas entre o Banco da
Madeira e o Banco de Portugal, a diferença entre a compra e a venda daquela
moeda era apenas de três centavos, os bancos continentais ganhavam nove
centavos porque tinham a possibilidade de vender os dólares no Continente aos
seus clientes importadores. O facto de na Madeira haver poucas importações
diretamente do estrangeiro, a banca regional estava em desvantagens face aos
bancos nacionais. Com o intuito de ultrapassar a desigualdade ocorrida com a
moeda estrangeira, o Banco da Madeira procurou uma solução pela via da fusão
propondo-se comprar “um banco de pequena dimensão que operava no Porto e em
Lisboa”, o que não aconteceu “por falta de consenso entre as partes
interessadas”.
Em 1965, o Capital e Reservas do Banco da Madeira
atingia o montante de 46 mil contos. O valor dos depósitos ascendia a 547.133
milhares de contos. O total do ativo era de 858.356 milhares de contos.
Falhada a
hipótese de compra de um pequeno banco, a solução dos grandes acionistas recaiu
na venda de um grande lote de ações a um banco de prestígio, o que veio a
acontecer com a incorporação do Banco da Madeira no Banco Lisboa & Açores.
Teve a favor desta incorporação o facto do Banco Lisboa & Açores ter como
presidente do Conselho Fiscal o Comendador Manuel Nunes Corrêa, personalidade
que estava muito ligada à Madeira. Mas foram grandes impulsionadores da
incorporação: por parte do Banco da Madeira o seu Presidente do Conselho de Administração,
Dr. João Figueira de Freitas, e o Administrador, António Bettencourt Sardinha;
por parte do Banco Lisboa & Açores, além do já referido Comendador, o
Administrador Delegado, Dr. Alexandre Almeida Fernandes, e o membro do Conselho
Fiscal, Dr. Francisco Galheiros.
Em junho de 1965, os Administradores do Banco Lisboa
& Açores deslocaram-se à Madeira para oficializarem a compra do Banco da
Madeira, cujo valor foi de 60.000 contos. Em 7 de dezembro daquele ano a
Assembleia Geral aprovou por unanimidade a incorporação, tendo tal decisão sido
apresentada ao Ministro das Finanças no dia 21 do mesmo mês. Em 24 de janeiro
de 1966, foi lavrado o projeto do acordo entre as Administrações do Banco
Lisboa & Açores e do Banco da Madeira para ultimação das formalidades
inerentes à operação. Em março de 1966, concluiu-se a fusão por incorporação do
Banco da Madeira no Banco Lisboa & Açores e, tendo em vista uma total
autonomia, foi mantido o Conselho de Administração, que passou a denominar-se
Conselho de Gestão. Este e o Conselho de Administração do Banco Lisboa &
Açores promoveram, no Funchal, uma confraternização, para o qual foram
convidados todos os clientes do Banco da Madeira, incluindo os residentes no
estrangeiro, alguns destes deslocaram-se à Madeira para este efeito.
Apesar da opinião contrária e declarada oposição do
Ministério das Finanças, do Banco de Portugal, da Inspeção de Crédito e Seguros
e dos juristas do Banco Lisboa & Açores na manutenção do nome Banco da
Madeira, associado ao Banco Lisboa & Açores, foi de grande firmeza a
posição dos dirigentes do Banco da Madeira (embora já incorporado) em manter
associado este nome.
(continua)
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