Autonomia que
alimentou a Pobreza (2)
A análise, nua e crua, da realidade social regional abrangeu toda a Região nos anos noventa do século XX. Só no Funchal, as diversas instituições de caridade atenderam e forneceram alimentos e outros serviços a cerca de 500 pessoas.
A gravidade social na Madeira
levou ao reconhecimento da criação de «Cinco Áreas Rurais Deprimidas» para as
quais foram elaborados projetos de desenvolvimento comunitário: Calheta, Ponta do Pargo 1.349 habitantes, incluía crianças e jovens dos 6 aos 15 anos, e no sítio do Pinheiro (Arco
da Calheta); Santana, S. Roque
do Faial 1.011 habitantes; Funchal 21.473 habitantes em Santo António e
7.000 em S. Roque; Câmara de Lobos, Curral das Freiras 1.062 habitantes e 3.500 habitantes em Santa Cecília; 880 habitantes (crianças maltratadas e
negligenciadas) na Ponta do Sol; 600 habitantes (crianças e jovens com
comportamentos desviantes) na freguesia do Campanário (Ribeiro Gordo); 359
habitantes nas 2ª e 3ª Lombadas de Ponta Delgada .
Em 1991 foram postos em prática
outros programas de combate à pobreza em Câmara de Lobos (Bairro da Palmeira), Camacha,
Ribeira Brava (Espigão e Terreiros), S. Vicente (Lombo do Urzal).
Quando 22% das famílias
madeirenses (15.010, até Agosto de 1998), correspondentes a 18,7% da população
residente, sentiram necessidade extrema de recorrer ao Rendimento Mínimo
Garantido é porque a sua capacidade de sobrevivência estava posta em causa,
apesar de 35% dos pedidos (5.294) terem sido indeferidos.
Quando 8 dos 11 concelhos da
Região Autónoma da Madeira estavam nos últimos lugares do poder de compra a nível nacional, embora a Madeira no seu todo estivesse
em 11º lugar, é porque as assimetrias interconcelhos não foram evitadas, antes
se acentuaram.
De salientar que nos dez últimos
lugares da lista nacional estavam Porto Moniz, Câmara de Lobos, Ponta do Sol,
Calheta, Santana e S. Vicente.
No PIB
per capita, a Madeira estava em 1992 no antepenúltimo
lugar das Regiões-Plano nacionais. Este produto era cerca de 80% da média
nacional e de 50% da média europeia.
Não é por acaso que 90% do que a
Madeira consomia e consome, vem do exterior, e que a taxa de cobertura da nossa
Balança Comercial era de aproximadamente 10%.
Se estes índices não falassem por
si, bastaria deitar um olhar por todos os locais da Região e ouvir, de viva
voz, as pessoas que se sentem atingidas pela pobreza.
A
análise da realidade social da Madeira em maio de 2003, revelou que os pobres
não eram somente a meia centena dos «sem-abrigo» que pernoitava todos os dias
no centro do Funchal e o aumento para cerca de 600 pessoas que eram assistidas.
As ajudas abrangiam o fornecimento de refeições, roupa e serviços de
lavandaria e higiene pessoal, e ainda os cerca de 500 alcoólicos que eram
apoiados pelas associações antialcoólicas e cerca de três centenas que eram
internados anualmente para tratamento.
Em meados do ano 2018 cerca de
7.000 idosos madeirenses eram apoiados todos os dias por instituições.