Serviço
Médico à Periferia (2)
A Junta Regional ficou ciente e é de parecer que
os médicos policlínicos deverão desenvolver as suas funções em conformidade com
as instruções emanadas no Membro dos Assuntos Sociais”.
O mesmo assunto voltou à reunião do dia 6 de
Abril, tendo “A Junta Regional sancionado o Despacho do Vogal para os Assuntos
Sociais”: “(...) Determinou que: 1- O
serviço médico à periferia será feito predominantemente nos concelhos da
Calheta, Porto Moniz, S. Vicente, Machico e Porto Santo (...)”, e ainda, na
reunião do dia 27 de julho, tratou da colocação dos Internos P1 e P2 dos
Hospitais, tendo deliberado, com base no nº 2 do Artigo 3º do Decreto-Lei nº
101/76: “Futuramente a colocação de estagiários de Internato deve recair, de
preferência, sobre recém-licenciados madeirenses, independentemente da
Faculdade de proveniência, a fim de favorecer a fixação de madeirenses na
Região, e dar conhecimento à Direcção-Geral dos Hospitais e ao CHF”.
A revolução de Abril de 1974 “foi um tempo de
oportunidades. Algumas destas oportunidades merecem ser contadas e relembradas,
e entre elas o Serviço Médico na Periferia. Este Serviço consistiu na acção de
dotar a periferia do território nacional, de cuidados médicos, através da
prestação obrigatória, durante um ano de serviço médico, fora das grandes
urbes, a todos aqueles que acabavam o curso de medicina e o estágio
profissionalizante de dois anos a seguir ao curso.
O serviço foi criado em 1975 e extinto em 1982.
Deste tempo pouco ou nada “reza a história escrita”. Porém este trabalho
pretende recolher os testemunhos orais de alguns dos seus intervenientes. Em
simultâneo, pretende-se também analisar as transformações sociais, culturais e
económicas que resultaram desta experiência. O caminho que foi criado e
percorrido parece ter contribuído para o desenvolvimento dos locais, para a
consciencialização dos direitos de liberdade, de bem-estar, e entre outros do direito
aos cuidados de saúde.
Por esta visão que parece quase perfeita, pela
necessidade de procurar boas práticas, e de continuar a acreditar, nasceu este
trabalho que pretende: 1) dar voz a uma história que corre o risco de ficar
esquecida, a experiência do Serviço Médico na Periferia que decorreu em
Portugal entre 1975 e 1982; 2) recolher algumas histórias de vida parciais de
alguns dos intervenientes desta experiência, enquanto têm memória desses dias;
3) apurar se se tratou de uma experiência de desenvolvimento local, e quais os
resultados produzidos nos locais e nos seus actores; e 4) se destes podemos
retirar ensinamentos para o futuro”. (Marta Sofia M. Cerqueira, Agosto 2010).
Sem comentários:
Enviar um comentário