Conflitos
das Autonomias da Madeira (9)
Motivos políticos (Lutas
Civis), religiosos e económicos da Madeira (crise agrícola), originaram o
desbaratamento e alienação dos seus mais importantes recursos da subsistência.
“Após a revolta de 1820,
que implantou o liberalismo em Portugal, o país irá conhecer um longo período
de instabilidade política, ditado pela oposição entre as fações liberais e as
absolutistas e conservadoras. A monarquia constitucional teve dificuldades em
se implantar, em parte devido às mentalidades enraizadas, que se opunham
vivamente às mudanças jurídicas necessárias à instituição de uma nova ordem
social, política e económica. Apesar de se verificarem mudanças nas posições
sociais, a mentalidade continuava presa aos antigos moldes. Mesmo enfraquecida,
a nobreza era regenerada a partir do exterior, através dos burgueses
recém-titulados que perpetuavam a velha ordem. As camadas populares, em
particular as rurais, em nome das quais havia sido feita a revolução,
continuavam empobrecidas e fracas, conformadas com o seu destino (…).
A tensão recrudesce com o autoritarismo da política
cabralista, com a ação intervencionista do Estado, ainda que num sentido
moderno. Leis como a da saúde pública, de 18 de setembro de 1844, dão origem a
uma série de sublevações populares que ficaram conhecidas por Revolta da Maria
da Fonte (1846). Na sua origem está a obrigatoriedade de enterrar dentro dos
cemitérios, bem como o pagamento de taxas pelos serviços prestados, que levaram
ao levantamento da população de Fonte Arcada, na Póvoa de Lanhoso, que se
sentia atingida nas suas mais profundas crenças religiosas. Perturbados por uma
conjuntura de crise de subsistência, provocada por maus anos agrícolas, pelo
aumento dos preços dos cereais e pela baixa dos salários, os populares da
Região Norte do país, aos quais se juntaram membros do clero, revoltaram-se de
forma tumultuosa, pilhando e queimando as repartições à sua passagem, atitude
compreensiva tendo em conta que ainda vigoravam os direitos senhoriais e que as
novas leis punham em causa os direitos comunitários (…).
Durante seis meses foram
travados duros combates por todo o país, terminados apenas com a intervenção de
tropas inglesas, no âmbito da Quádrupla Aliança, que dão a vitória à rainha. A
Convenção de Gramido (30 de junho de 1847) marca o fim da guerra e, após
algumas hesitações, marca o advento de uma nova era para o liberalismo
português, com a subida ao poder do Duque de Saldanha, que propõe uma política
de regeneração para o país.
In Guerra Civil em
Portugal (1832-1834). In Infopédia: Porto Editora, 2003-2012. [Consult.
2012-05-03].Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$guerra-civil-em-portugal-(1832-1834)”.
Desde finais do século
XVIII, a Madeira usava carvão de pedra, importado como substituto do carvão
vegetal saído da queima de árvores da ilha. Segundo Adriano Robeiro (DN,
29/04/1993), “No ano de 1823, houve notícia de um carregamento de carvão e no ano
seguinte, nos armazéns da Fazenda Pública foi colocado em depósito uma porção
de carvão, que, todavia, apesar do conflito armado entre liberais e
absolutistas, não fora gasto na totalidade até 1835 (…) no ano de 1836, a
Alfândega do Funchal mencionava a importação de um carregamento de 60 moios
deste combustível. O negócio do carvão estava a tornar-se florescente uma vez
que alguns vapores passaram a fazer escala na Madeira. O decreto de 10 de
Janeiro de 1838, fixava o imposto de 200 réis por cada tonelada, a ser
arrecadado pela Alfândega do Funchal”.
(continua)
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