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domingo, 11 de abril de 2021

 

Conflitos das Autonomias da Madeira (26)

A República, proclamada na Madeira sem quaisquer obstáculos, “não resolve os problemas nacionais, não obstante os esforços e realizações positivas nesse sentido (como, por exemplo, na Educação). A história da ilha continua a ser reflexo dos acontecimentos políticos da metrópole: sucedem-se os governadores civis consoante as flutuações da guerra de 1914-18 e, avolumando-se as dificuldades, vai ser impotente para dominar o aparecimento da ditadura, após a revolução de 28 de Maio de 1926” (Madeira – Pequena Notícia Histórica, Secretaria Regional da Educação e Cultura).

Contemporâneo com a implantação da República, o ano de 1910 determinou que em Angola foram completamente ocupados e submetidos por João de Almeida os territórios dos Gambos, do Pocolo e Cuanhama. Em Moçambique, naquele ano, é levada a cabo a submissão de Angoche, por Massano de Amorim.

Com assassinato do rei D. Carlos e de seu filho D. Luís Filipe, a Monarquia ficou agonizante, mas os partidários dinásticos continuaram a guerrear-se. No dia 4 de outubro de 1910 rebentou em Lisboa uma revolução chefiada por Machado dos Santos, a qual, no dia seguinte, saía triunfante com a proclamação da República. A família real embarcou na Ericeira e abandonou o País, tendo ido viver para as proximidades de Londres.

“Às 18 horas do dia 5 de Outubro de 1910, a agência telegráfica Havas confirmava aos funchalenses os boatos que já circulavam acerca do triunfo da revolução republicana. No mesmo dia a Comissão Republicana do Funchal, reunida no Centro Republicano Manuel Arriaga, indicou o Dr. Manuel Augusto Martins para governador civil e o Dr. Manuel Gregório Pestana Júnior para administrador do concelho do Funchal, nomeação que o Governo Provisório da República confirmou telegraficamente. (…)” (História da Madeira, Coordenação de Alberto Vieira, setembro de 2001).

Manuel Augusto Martins nasceu no Funchal no dia 1 de março de 1867 e faleceu na mesma cidade no dia 4 de abril de 1936. Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra, regressando ao Funchal, onde abriu «banca de advogado». Desempenou várias funções como jurista, jornalista e político de ideias republicanas já anteriormente à implantação da República, fundando e dirigindo o jornal republicano «O POVO». Da segunda vez que exerceu o cargo de governador civil foi nomeado por decreto de 17 de fevereiro de 1919, tendo tomado posse no dia 19 daquele mês, após o derrube do movimento monárquico que se tinha sucedido à morte de Sidónio Pais. Em 1919 foi eleito Senador pelo círculo de Évora e em 1921 pelo círculo do Funchal, integrando o Partido Liberal. Nos últimos dias de vida abandonou a ação política por discordar do rumo que o novo regime que estava a desenvolver-se no País, dedicando-se apenas ao exercício da advocacia.

Refere o livro «História da Madeira» “no dia seguinte (6 de outubro de 1910), foi oficialmente proclamada a República na Madeira, conferida a posse dos novos governantes e hasteada, pela primeira vez, a bandeira republicana, na Fortaleza - Palácio de S. Lourenço, sede do poder político. Seguiram-se os discursos dos novos governantes, proferidos numa varanda do Golden Gate e a confraternização entusiástica dos militares com o povo que, acompanhados duma banda filarmónica, percorreram em festa várias ruas do Funchal. A adesão da população rural à República, na Madeira como no Continente, foi lenta e menos entusiasta. A forte influência dos caciques monárquicos (…) com apoio do clero, dificultaram a penetração da propaganda republicana”.

(continua)

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