Conflitos das Autonomias da
Madeira (35)
A «História da Madeira», coordenada por Alberto Vieira, salienta que “na
discussão, ocorrida na Câmara dos Deputados em 19 de Abril de 1912, ficou
expressa a opção republicana quanto às disposições especiais que regulavam a
administração dos distritos insulares: «Trata-se de manter e sancionar um
regime que aqueles distritos gozam (…) que produziu já os seus bons resultados
na administração distrital». O Visconde da Ribeira Brava considerava em 1913
que o novo regime era a via desejada para a solução dos problemas da Madeira.
Com a República chegou a «hora de fazer justiça à nossa terra (…). Durante
vários anos a Madeira foi despojada da quase totalidade dos seus rendimentos,
enviando milhares de contos, e não recebendo o mais insignificante
melhoramento».
Ele como deputado, vogal da Junta Geral e Presidente da Junta Agrícola,
criada em 1911, actuou em benefício e promoção da agricultura. A par disso
apostou na protecção à floresta, criando-se em 1913 a polícia rural e
florestal. O plano de actividades
completa-se com a abertura de estradas, de que se destaca a via entre o Funchal,
Machico e São Vicente.
Para Avelino Quirino de Jesus a reivindicação do alargamento da autonomia
da Madeira e Açores passa pelos aspectos financeiros e económicos e não pelos
morais e políticos. Esta foi a preocupação do movimento autonomista dos anos
vinte que insistiu na valorização do papel da Junta Geral, cuja intervenção nos
melhoramentos públicos não se fazia por falta de recursos financeiros. Os
avanços autonómicos passavam pelas questões financeiras.
A crise económica derivada da primeira guerra (1914-1918), fez com que
despertasse o espírito autonómico insular. A frustração face às esperanças
federalistas não assumidas pelos republicanos fez com que a solução fosse de
novo orientada pelos sectores monárquicos da sociedade insular. A solução para
estas dificuldades passará de novo pelo apelo à descentralização como forma de
combater os problemas que afligiam a Madeira. (…).
Nos Açores cresceu o movimento separatista, fruto duma simpatia confessa
com os Estados Unidos. Este movimento foi entendido por Brito Camacho, líder do
Partido Unionista, como forma de pressão usada pelos açorianos quando
pretendiam «fazer alguma imposição à politicagem de Lisboa, ou fosse para lhe
não mandar desembargadores, ou fosse para lhe subsidiar estradas».
Os madeirenses acompanharam os açorianos na reclamação de mais autonomia,
retorquindo às reclamações dos políticos continentais quanto ao separatismo (…)
Nas vésperas do Sidonismo, o Visconde do Porto da Cruz (1890-1962) em artigo
intitulado o «Regionalismo», publicado no semanário madeirense O Progresso em
1917 faz notar o subtítulo do semanário («órgão de propaganda da Madeira»),
incitando os madeirenses a lutar em prol da defesa dos seus interesses. Na sua
óptica, de monárquico integralista declarado, o verdadeiro patriota tinha de
ser à partida regionalista e o regionalismo e o patriotismo não se coadunavam
com as facções partidárias do regime democrático da 1ª República. Propunha por
isso uma luta empenhada contra a concorrência económica dos estrangeiros
(ingleses) e contra o espírito estrangeiro de alguns portugueses que haviam
copiado modelos políticos estranhos à tradição portuguesa da monarquia
absoluta, por cujo regresso suspirava”.
A luta pela Monarquia tradicional avaliza as ditaduras de: Pimenta de
Castro (1915), Sidónio Pais (1917-1918), ditadura Militar, Estado Novo e
simpatia pelo nazismo.
(continua)
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