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domingo, 20 de junho de 2021

 

               Conflitos das Autonomias da Madeira (36)

 

“A luta pela Monarquia tradicional, ordeira e elitista, fá-lo dar aval às ditaduras de Pimenta de Castro (Janeiro-Maio 1915), Sidónio Pais (1917-1918) e mais tarde à Ditadura Militar e ao Governo do Estado Novo de Salazar e a simpatia pelo nazismo.

O empenho na defesa pelos interesses da Madeira continuou no semanário Independência (1928-1929) e ainda na Revista Portuguesa e Ilustração Portuguesa, durante o Estado Novo. O período da Ditadura de Sidónio Pais (Dezembro de 1917 a Dezembro de 1918) proporcionou condições para uma reafirmação das propostas autonomistas para a Madeira. A governação do major Sidónio Pais foi um dilema e equívoco: o chefe era republicano e mação, mas o seu apoio estava nos inimigos da República, isto é, entre os monárquicos e os católicos, que entretanto haviam constituído uma agremiação política, o Centro Católico, cuja figura principal na Madeira era o Dr. Juvenal de Araújo (…).

«”O Sr Sidónio Pais tem falado muito, de norte a sul do país e ainda nada logrou dizer que valha a pena ouvir-se.(…). Está a vida cada vez mais cara, para muitos sendo já incomportável?” [A Época, 7 de Abril de 1918] («História da Madeira», coordenada por Alberto Vieira, setembro 2001).

Sidónio Pais era militar com o posto de major, professor de matemática da Universidade de Coimbra, diplomata e político. Foi ministro do Governo de João Chagas. Com a sua revolução queria “arrumar a casa” e tirar o País de uma situação pouco digna, em relação ao mundo civilizado. Com o nome de «República Nova», Sidónio Pais teria a intenção de criar no País uma outra política governativa, capaz de o redimir de tanta balbúrdia partidária.

Segundo João França (DN -Madeira, 10/12/1993) Sidónio Pais foi “vitorioso após três dias de luta armada, falava o Sidónio à Nação, expondo as suas intenções nestes temos: formação de um Governo sério, honesto, competente, capaz de administrar o País com inteligência e honradez num regime de liberdade e tolerância, no qual todas as classes pudessem viver com dignidade; manter relações internacionais e os compromissos com os países aliados, ficando ao lado deles na guerra contra a Alemanha. Eram essas as linhas mestras da sua República Nova. Homem de inteligência brilhante, tinha o Sidónio um conselheiro amigo e também admirador: o Prof. Egas Moniz. Todavia, nem sempre o revolucionário acatava os conselhos do cientista, por questões de desacordo, principalmente acerca dos processos presidenciais. No seu livro «Um Ano de Política», pode ler-se que o Egas Moniz havia aconselhado a prática do semi-presidencialismo, o que seria contrário ao pensamento do Sidónio Pais, pois, a seu ver, apenas o sistema presidencialista estaria certo num País com a então característica político-partidária, tão desavinda (…).

 Uma das cartas de Egas Moniz a Sidónio Pais salienta: “«Soou a hora de procurar competências que auxiliem a obra tão brilhantemente iniciada em 5 de Dezembro. O sr. Presidente terá, para obter esse fim, de caminhar de completo acordo. São dois poderes autónomos, mas que, sobretudo entre nós, carecem de seguir unidos e ligados nas mesmas intenções e propósitos» E mais adiante: «Vivem muitas vezes os Chefes de Estado separados da verdadeira opinião pública, e a lisonja dos que o servem e um pouco a separação das multidões que só observam de grande altura não deixam ver claro» (…)”.

Contra o presidencialismo sidonista estavam os partidos Democrático, liderado por Afonso Costa; Unionista, de Brito Camacho; Evolucionista, de António José de Almeida.

(continua)

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