Conflitos
das Autonomias da Madeira (82)
REVOLTA DA MADEIRA - O
«The Daily Telegraph», de 29 de abril de 1931, salienta o ultimato final aos
rebeldes da Madeira, feito pelo Ministro da Marinha, que comandava a «Armada»
do Governo» de Lisboa:
«Rendam-se ou serão
atacasdos»
Bombas na estação
telegráfica
Incjursão da Aviação
perto do Funchal
“Fixou as cinco horas da
tarde de ontem como limite do prazo e declarou que, se os insurrectos não se
rendessem até lá, os atacaria imediatamente com todos os seus efectivos. Num
telefonema de Lisboa, efectuado à meia-noite o correspondente de The Daily
Telagraph revela: «A artilharia rebelde abriu fogo, quando a canhoneira Ibo
passava diante do Funchal, em serviço do bloqueio. A Ibo ripostou com tanta
eficiência, que o fogo do inimigo foi reduzido ao silêncio e as posições
abandonadas.
Segundo as informações aqui recebidas, os aviões pertencentes à expedição
punitiva sobrevoaram hoje a Madeira. O seu objectivo consistia na estação
telegráfica do forte de São João Baptista, situado numa colina dos arrabaldes
do Funchal.
Foram lançadas várias bombas e a rádio deixou de funcionar. Todos os
aparelhos regressaram intactos, à base de Porto Santo». A meio da noite
passada, o correspondente de The Daily Telegrahp em Madrid telefonou dizendo
que recebera uma mensagem telegráfica do Funchal, enviada às 18.30 de ontem. O
facto parece indicar que o bombardeamento foi menos eficiente do que as
autoridades portuguesas supunham. Não é revelado se o episódio ocorreu antes ou
depois d expiração do ultimato. Por outro lado, a resposta dos rebeldes ao
mesmo também ainda não é conhecida. Entretanto, os rebeldes afirmam que a
incursão aérea à estação telegráfica do Caniçal – verificada no domingo e não
segunda-feira, como se anunciou em Lisboa – culminou com a repulsa dos
invasores (…)”.
O «The Daily Telegraph»,
de 4 de Maio de 1931, refere o “FIM DRAMÁTICO DA REVOLTA DA MADEIRA”:
“Rebeldes rendem-se à
meia-noite
Auxílio de comandante
britânico aos prisioneiros
A última «batalha» do
Machico travada sob nevoeiro
(Por A. Ralph Cooper,
representante especial do «Daily Telegraph»
Funchal (Madeira, sábado
à noite)
A revolta da Madeira terminou com abruptidão
dramática às primeiras horas desta madrugada exactamente quatro semanas desde
após o seu início. Os chefes rebeldes, à excepção do general Sousa Dias,
coronel Mendes dos Reis, actual comandante do Exército, e coronel Freiria,
Chefe do Estado Maior, refugiaram-se na zona neutral. Um deles, o Dr. Pestana
Jr., encontra-se a bordo do cruzador London (…)”
“Os madeirenses retiraram-se para os montes a
oeste de Machico, deixando a vila nas mãos dos lisboetas e, às quatro horas,
receberam a notícia da rendição no Funchal. O capitão Casimiro, juntamente com
outros oficiais, opunha-se à rendição, mas esta rendição já se concretizara.
Às cinco e meia da manhã, o Funchal foi acordado
pelo troar das peças do cruzador Vasco da Gama, que bombardeava as tropas em
retirada, mas os disparos cessaram às seis e um quarto.
Às três da tarde, toda a esquadra portuguesa fazia
a sua entrada no porto da capital”.
(João Soares, A Revolta
da Madeira, Açores e Guiné, 4 de Abril a 2 de Maio de 1931, Documentos, pag.
300 a 304, 1979).
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