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sábado, 7 de maio de 2022

 

Conflitos das Autonomias da Madeira (82)

 

REVOLTA DA MADEIRA - O «The Daily Telegraph», de 29 de abril de 1931, salienta o ultimato final aos rebeldes da Madeira, feito pelo Ministro da Marinha, que comandava a «Armada» do Governo» de Lisboa:

«Rendam-se ou serão atacasdos»

Bombas na estação telegráfica

Incjursão da Aviação perto do Funchal

 

“Fixou as cinco horas da tarde de ontem como limite do prazo e declarou que, se os insurrectos não se rendessem até lá, os atacaria imediatamente com todos os seus efectivos. Num telefonema de Lisboa, efectuado à meia-noite o correspondente de The Daily Telagraph revela: «A artilharia rebelde abriu fogo, quando a canhoneira Ibo passava diante do Funchal, em serviço do bloqueio. A Ibo ripostou com tanta eficiência, que o fogo do inimigo foi reduzido ao silêncio e as posições abandonadas.

Segundo as informações aqui recebidas, os aviões pertencentes à expedição punitiva sobrevoaram hoje a Madeira. O seu objectivo consistia na estação telegráfica do forte de São João Baptista, situado numa colina dos arrabaldes do Funchal.

Foram lançadas várias bombas e a rádio deixou de funcionar. Todos os aparelhos regressaram intactos, à base de Porto Santo». A meio da noite passada, o correspondente de The Daily Telegrahp em Madrid telefonou dizendo que recebera uma mensagem telegráfica do Funchal, enviada às 18.30 de ontem. O facto parece indicar que o bombardeamento foi menos eficiente do que as autoridades portuguesas supunham. Não é revelado se o episódio ocorreu antes ou depois d expiração do ultimato. Por outro lado, a resposta dos rebeldes ao mesmo também ainda não é conhecida. Entretanto, os rebeldes afirmam que a incursão aérea à estação telegráfica do Caniçal – verificada no domingo e não segunda-feira, como se anunciou em Lisboa – culminou com a repulsa dos invasores (…)”.

O «The Daily Telegraph», de 4 de Maio de 1931, refere o “FIM DRAMÁTICO DA REVOLTA DA MADEIRA”:

“Rebeldes rendem-se à meia-noite

Auxílio de comandante britânico aos prisioneiros

A última «batalha» do Machico travada sob nevoeiro

(Por A. Ralph Cooper, representante especial do «Daily Telegraph»

Funchal (Madeira, sábado à noite)

 

A revolta da Madeira terminou com abruptidão dramática às primeiras horas desta madrugada exactamente quatro semanas desde após o seu início. Os chefes rebeldes, à excepção do general Sousa Dias, coronel Mendes dos Reis, actual comandante do Exército, e coronel Freiria, Chefe do Estado Maior, refugiaram-se na zona neutral. Um deles, o Dr. Pestana Jr., encontra-se a bordo do cruzador London (…)”

 

“Os madeirenses retiraram-se para os montes a oeste de Machico, deixando a vila nas mãos dos lisboetas e, às quatro horas, receberam a notícia da rendição no Funchal. O capitão Casimiro, juntamente com outros oficiais, opunha-se à rendição, mas esta rendição já se concretizara.

Às cinco e meia da manhã, o Funchal foi acordado pelo troar das peças do cruzador Vasco da Gama, que bombardeava as tropas em retirada, mas os disparos cessaram às seis e um quarto.

Às três da tarde, toda a esquadra portuguesa fazia a sua entrada no porto da capital”.

 

(João Soares, A Revolta da Madeira, Açores e Guiné, 4 de Abril a 2 de Maio de 1931, Documentos, pag. 300 a 304, 1979).

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