Conflitos da Autonomia – Legião
Portuguesa (2)
“Além das
forças distritais da Legião Portuguesa (LP), estava prevista a existência de
forças e serviços autónomos legionários que ficariam na directa dependência do
Comando-Geral da LP. Os primeiros destes a serem criados foram o Serviço de
Informações e a Brigada dos Correios e Telégrafos, ainda em 1936. Seguir-se-iam,
em 1937, a Brigada Naval e a Brigada Automóvel — que incluía as
forças motorizadas legionárias independentes. Seria também criado, na
dependência da Junta Central, o Serviços de Acção Política e Social.
Durante a
Guerra Civil Espanhola, a LP apoia os milhares de voluntários portugueses,
os viriatos, muitos deles membros da LP — que combatem ao lado
dos Nacionalistas,
incluindo-se neles o próprio Jorge Botelho Moniz. Alguns «viriatos»
manter-se-iam ao serviço da Legião Estrangeira Espanhola e ainda viriam a combater na Frente
Russa, durante a Segunda Guerra Mundial, integrados na Divisão
Azul. Em 1939, ano que acaba a Guerra Civil Espanhola e começa a
Segunda Guerra Mundial, a LP atinge o seu auge registando cerca de 53 000
membros espalhados por todos os distritos do
Continente e ilhas.
Com o
início da Segunda Guerra Mundial, a LP é a única organização portuguesa que
apoia abertamente as Potências do Eixo,
contrariando a posição do governo de Salazar que havia declarado a neutralidade
e cujas posições iriam tender cada vez mais para o apoio aos Aliados. As posições de forte apoio à Alemanha por parte da LP —
defendendo a entrada de Portugal na guerra ao lado do Eixo — iriam mesmo causar
alguns inconvenientes à política diplomática do Estado Novo, prejudicando
ocasionalmente a relação entre este e os Aliados.
Entretanto,
a LP mantém uma relação pouco pacífica com a Mocidade Portuguesa (MP). Os principais pontos de discórdia são o facto da MP não
obrigar os seus filiados a saudar os graduados da LP e o facto da Mocidade
também manter uma milícia composta por filiados de idade superior a 17 anos. As
divergências acabaram por ser mitigadas através da intervenção de Marcello
Caetano (Comissário Nacional da MP
entre 1940 e 1944) e de Humberto Delgado (simultaneamente dirigente da LP
e da MP). Segundo o acordo obtido, os membros da MP passariam a saudar os
graduados da Legião e os jovens de idade superior a 21 anos só poderiam
manter-se na Milícia da MP se fossem estudantes do ensino
superior e nunca para além dos 26
anos.
Desde a
sua criação, o Governo nunca permite uma distribuição alargada de armas e
munições à LP, impedindo-a de se tornar numa força com capacidade militar
relevante. Em 1942 e perante a possibilidade de uma invasão alemã de
Portugal com apoio espanhol, o governo de Salazar decide organizar a Defesa
Civil do Território (DCT), cuja responsabilidade é atribuída à LP. Junto à LP
passa a funcionar o Comando da DCT, cujo comandante é o próprio
comandante-geral da Legião. A partir de então, a defesa civil irá passar a
constituir a principal função da LP até à sua extinção em 1974.
Depois do
final da Segunda Guerra Mundial e, sobretudo, a partir da entrada de Portugal
na OTAN, as funções de defesa civil da Legião Portuguesa ocupam
um espaço cada vez mais importante no seio desta. Com o início da Guerra
Fria, a Organização Nacional da Defesa
Civil do Território funcionando agregada à LP ocupa-se da instrução e
doutrinação da população civil para a defesa civil, incluindo a preparação de
medidas de defesa
passiva contra eventuais ataques
nucleares (...) (Wikipedia)
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