Conflitos da Autonomia – Legião Portuguesa (1)
A Legião
Portuguesa (LP) era um organismo do Estado, de serviço público, normalmente
dependente do Ministério do Interior. A sua missão era fomentar a resistência moral da Nação e cooperar na
sua defesa. Em caso de guerra ou de
emergência grave poderia passar para a dependência do ministro da Defesa Nacional.
Foi criada
pelo Decreto-Lei n.º 27 058,
de 30 de setembro de 1936, com o objetivo de "defender o património espiritual
da Nação e combater a ameaça comunista e o anarquismo". A partir da década
de 1940 a LP passou a ser
essencialmente uma organização de defesa civil
“Podiam pertencer à LP os portugueses, de
ambos os sexos, com mais de 18 anos de idade que tomassem, sob juramento, o
compromisso de servir a Nação de harmonia com os intuitos do movimento gerador
da organização. Os membros da LP formavam o movimento nacional legionário.
No início
do Estado Novo, os membros de antigos movimentos considerados mais radicais
como o Integralismo Lusitano, o Movimento Nacional-Sindicalista, a Cruzada Nacional Nuno Álvares Pereira e a Liga 28 de
Maio, propuseram a criação de uma milícia popular, inspirada em organizações
como a SA (camisas castanhas) alemã ou a MVSN (camisas negras) italiana. Salazar opôs-se
à criação de uma organização desse tipo porque nunca sentiu que o Estado Novo
tivesse necessidade de se apoiar numa milícia para se afirmar, ao contrário do
que tinha acontecido com os Nazis na Alemanha e Fascistas em Itália, cujas milícias tinham sido determinantes para a sua
chegada ao poder.
Perante a
necessidade de canalizar os ânimos daqueles elementos mais radicais e ainda
perante a ameaça que constituía para o país o início da Guerra Civil Espanhola e a hostilidade de alguns movimentos políticos
espanhóis que pretendiam incorporar Portugal numa futura União Soviética
Ibérica, sob proposta do major Jorge Botelho Moniz, o governo de Salazar decide
a criação da Legião Portuguesa. A LP não seria uma milícia partidária como
a SA ou a MVSN, mas sim um organismo do Estado, dependente dos ministérios do
Interior e da Guerra.
A orgânica
estabelecida para a LP determinava que a mesma fosse superiormente dirigida por
uma junta central, cujos membros — nomeados pelo Governo — deveriam ser "pessoas de formação e espírito
nacionalista". A Junta Central incluía o presidente, o comandante-geral da
LP e mais quatro membros. O órgão superior de execução seria o Comando-Geral,
do qual estariam dependentes os comandos distritais e as forças da LP. A
primeira junta central foi presidida por Pinto Leite (Lumbrales) e o primeiro comandante-geral foi Namorado de
Aguiar. Viriam a fazer parte da Junta
Central, do Comando-Geral e de outros órgãos superiores da LP, pessoas que se
iriam mais tarde notabilizar politicamente como Henrique
Tenreiro, Humberto Delgado, António de Spínola ou Júlio Evangelista.
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