Conflitos da Autonomia – Polícia Política (E)
A
PIDE-Polícia Internacional e de Defesa do Estado era uma polícia iminentemente
política. Prendeu e mandou executar um sem número de pessoas que se opunham ao
regime ditatorial do Estado Novo, ultrapassando assim as funções de simples
segurança do Estado. A sua presença, algumas vezes camuflada, estendeu-se a
todos os espaços da metrópole, das ilhas e do ultramar. Estarem três pessoas,
numa qualquer rua, a conversar poderia ser motivo de suspeita por parte da PIDE
e dos seus agentes informadores. Tudo indicava que estes “bufos” estavam em
quase todas as estruturas e serviços. A conotação negativa da PIDE era de tal
ordem que o Prof. Marcelo Caetano, uma vez Presidente do Conselho, mudou-lhe o
nome para DGS-Direcção Geral de Segurança, pelo
Com o «25
de Abril de 1974», o Programa do Movimento das Forças Armadas previu “A
extinção imediata da DGS”, acrescentando ainda a “Legião Portuguesa e
organizações políticas da juventude”. Previa ainda, na alínea c) do nº 2 da
Medidas Imediatas: “No ultramar a DGS será reestruturada e saneada,
organizando-se como Polícia de Informação Militar enquanto as operações
militares o exigirem”.
No dia 25
de Abril de
Na
dependência e à custódia das Forças Armadas ficou todo o equipamento
pertencente à DGS: “material mecânico, veículos, armamento e munições,
mobiliário, livros, papéis de escrituração, documentos e demais elementos”.
As
instalações da PIDE/DGS no Funchal foram abertas à comunicação social no dia 29
de maio de 1974. Esse acontecimento teve relevância política não só por ter
sido possível a quem lá entrou consultar os arquivos, como até pelo facto de,
posteriormente, o seu equipamento, constituído por mobiliário e máquinas de
escrever ter sido distribuído pelos partidos políticos com delegações nesta
Região que pretendessem usá-los.
O
Brigadeiro Carlos Azeredo deu a ordem. Alguns partidos assim o fizeram:
secretárias e máquinas de escrever faziam falta para as imensas tarefas que
estes iriam empreender. Até porque as estruturas partidárias partiram do nada
em relação a equipamentos. Daí não faltar à verdade se considerar que o
primeiro equipamento utilizado por alguns partidos foi o mesmo que, durante
muitos anos, os PIDES usaram na sua ação persecutória, nas inscrições e
averbamentos em fichas onde descreveram a atividade política das pessoas que
não estavam claramente do lado do regime deposto.
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