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sábado, 11 de fevereiro de 2023

 

 Conflitos da Autonomia – Primavera Marcelista (4)

 

Em dezembro de 1970, Marcelo Caetano proferiu um discurso na Assembleia Nacional, baseado

essencialmente de revisão constitucional e na política ultramarina: “Os vários movimentos chamados libertadores que nos dão combate na Guiné, em Angola e Moçambique foram formados no estrageiro, com dirigentes que o estrangeiro  sustenta e apoia e é de territórios estrangeiros que nos desferem os ataques e enviam os guerrilheiros (…) o ataque desencadeado contra Portugal pela construção de Cabora Bassa é bem significativo do carácter da guerra que nos movem (…) o apelo à tirania não pode acobertar-se decentemente com o manto da Democracia (…) na revisão actual procura-se ampliar as atribuições legislativas da Assembleia Nacional pela extensão da lista das matérias reservadas à sua competência exclusiva, mantendo-se a estrutura política da Constituição de  1933 (…) .

O Governo tem de estar, nestes casos de subversão grave, apetrechado com os poderes necessários para lhe fazer face onde quer que, de uma maneira ou outra, ela se manifeste”.

(in Diário de Notícias, Madeira, 04/12/1970).

 

O discurso de Marcelo Caetano, transcrito no Jornal da Madeira do dia 15 de fevereiro de 1971, trata de matérias  e problemas relevantes do  País, os quais merecem ser aqui referidos: “Quando se pensa uma questão, logo mais dez surgem. Umas vezes é a natureza que não ajuda, a chuva que escasseia, os pastos que não rebentam, a carne que escasseia, a energia que tem de se importar, outras vezes é a impaciência dos homens que desejam ver todas as suas aspirações satisfeitas ou todas as deficiências acumuladas ao longo dos anos supridas sem demora e quotidianamente apresentam listas de reclamações regionais ou profissionais que só por milagre ou se o Governo dispusesse de uma varinha de condão poderiam ser atendidas  com a urgência  requerida.

Vivendo num mundo onde as nações estão cada vez mais ligadas umas às outras e solidárias entre si, não podemos evitar os reflexos na nossa vida do que se passa nas casas alheias: o problema dos preços, por exemplo, é hoje universal, e não há governo europeu que neste momento não esteja preocupado  com as exigências dos países  produtores de petróleo, do petróleo bruto donde, como se sabe se extraem a gasolina, o gasóleo e o fuel (…) A Nação tem vencido nos tempos modernos gigantescos obstáculos e realizado cometimentos em todos os campos que são de molde  a inspirar-nos fé na nossa capacidade presente e mais firme esperança do êxito no futuro (…) e não é tanto o dinheiro que, embora não nademos na abundância dele: É gente para dar conta de tanta coisa a fazer ao mesmo tempo. Não há engenheiros que cheguem para projectar obras, não há operários que bastam para os executar, não há médicos nem enfermeiros suficientes para as necessidades rurais (…) a reforma administrativa está a andar, vai ganhando terreno todos os dias, e progredirá cada vez mais à medida que a mentalidade dos dirigentes se vá impregnando do seu espírito e que seja possível estudar o que convém em cada serviço e para cada lugar (…).

Uma das preocupações do Governo é a de facultar, ampla e livremente, o acesso de quantos o mereçam aos mais altos graus da cultura e do saber (…) as palavras que o País me tem escutado sobre o valor e a defesa do Ultramar Português, o modo como afincadamente me tenho devotado a continuar a defesa militar, políticas e diplomática  da integridade da Nação, trudo isso seria suficiente para afastar da mente das pessoas de boa fé qualquer dúvida acerca das minhas intenções (…)”.

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