Quem ganha com as campanhas de solidariedade?
Durante todo o ano, mas especialmente na época natalícia, proliferam as campanhas de solidariedade tendo em vista apoiar os pobres, através de instituições de solidariedade social.
As campanhas de rua para angariação de dinheiro são as que melhor e mais diretamente beneficiam os carenciados a que a ação se destina. Mas quando se trata de acções junto dos supermercados, para o dador oferecer produtos, bem como os programas televisivos, usando o preço do telefonema acrescido do IVA, nestes não são apenas os pobres os beneficiários.
Há pouco tempo, chegaram ao meu correio eletrónico umas contas acerca de quem ganha com as campanhas de solidariedade. Mesmo sem tirar a prova dos nove, não duvido que as contas estão certas:
“Em Inglaterra, a cadeia de supermercados Waitrose, oferece uma moeda (uma chapa) a cada cliente que faz compras acima dum determinado valor. O cliente, à saída, tem, normalmente, três caixas, cada uma em nome duma instituição social sediada no município, para receber as referidas moedas, de acordo com a opção do cliente. Periodicamente, são contadas as moedas de cada caixa e a empresa entrega em dinheiro, à respectiva instituição, o valor correspondente, donativo esse que diminui os seus lucros mas, também, tem o devido tratamento em termos de fiscalidade”.
“Em Portugal, as campanhas de solidariedade custam ao doador uma parte para a instituição, outra parte para o Estado e mais uma boa parte para a empresa que está a ?operacionalizar? (?!...) a acção. Um país de espertos... até na ajuda aos mais necessitados. Mas nós ficamos quietos e calados, ou então, estupidificamos porque queremos...”
“Programa de luta contra a fome. Nada é o que parece. Ora veja:
Decorreu este fim de semana mais uma ação, louvável, do programa da luta contra a fome mas....façam o vosso juízo!
A recolha em hipermercados, segundo os telejornais, foi cerca de 2.644 toneladas! Ou seja 2.644.000 Kilos.
Se cada pessoa adquiriu no hipermercado 1 produto para doar e se esse produto custou, digamos, 0.50 ? (cinquenta cêntimos), repare que: 2.644.000 kg x 0,50 ? dá 1.322.000,00 ? (1 milhão, trezentos e vinte e dois mil euros), total pago nas caixas dos hipermercados.
Quanto ganharam???: - o Estado: 304.000,00 ? (23% iva) - o Hipermercado: 396.600,00 ? (margem de lucro de cerca de 30%)”.
“ Nunca tinha reparado, tal como eu, quem mais engorda com estas campanhas...
Devo dizer que não deixo de louvar a acção da recolha e o meu respeito pelos milhares de voluntários. MAIS.... É triste, mas é bom saber... - Porque é que os madeirenses receberam 2 milhões de euros da solidariedade nacional, quando o que foi doado eram 2 milhões e 880 mil?
Querem saber para onde foi esta "pequena" parcela de 880.000,00 ?? A campanha a favor das vítimas do temporal na Madeira através de chamadas telefónicas é um insulto à boa-fé da gente generosa e um assalto à mão-armada.
Pelas televisões a promoção reza assim: Preço da chamada 0,60 ? + IVA. São 0,72 ? no total.
O que por má-fé não se diz é que o donativo que deverá chegar (?) ao beneficiário madeirense é de apenas 0,50 ?. Assim oferecemos 0,50 ? a quem carece, mas cobram-nos 0,72 ?, mais 0,22 ? ou seja 30%. Quem ficou com esta diferença? 1º - a PT com 0,10 ? (17%) isto é a diferença dos 50 para os 60. 2º - o Estado com 0,12 ? (20%) referente ao IVA sobre 0,60 ?.
Numa campanha de solidariedade, a aplicação de uma margem de lucro pela PT e da incidência do IVA pelo Estado são o retrato da baixa moral a que tudo isto chegou.
A RTP anunciou com imensa satisfação que o montante doado atingiu os 2.000.000,00 ?.
Esqueceu-se de dizer que os generosos pagaram mais 44%, ou seja, mais 880.000,00 ? divididos entre a PT (400.000,00 ? para a ajuda dos salários dos administradores) e o Estado (480.000,00 ? para auxílio do reequilíbrio das contas públicas e aos (…) que por lá andam).
A PT cobra comissão de quase 20% num acto de solidariedade!!! O Estado faz incidir IVA sobre um produto da mais pura generosidade!!!” Fim de citação.
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