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terça-feira, 12 de março de 2013

Chávez não foi o último «comunista real» de Venezuela

“Não sou socialista. A América Latina requer que se dê um salto en frente. O meu signo é o bolivarismo”.
Hugo Chávez, candidato, 1998

Com a morte de Hugo Chávez não acabaram os verdadeiros e puros comunistas que governaram a Venezuela ao longo dos últimos catorze anos. Durante a campanha eleitoral de 1998, Chávez escondeu a sua verdadeira ideologia comunista, que não tardou a se manifestar na sua ação governativa.
No primeiro ato eleitoral afirmou que não era socialista. Mas também, hipocritamente, não disse que era comunista. Mas com as sucessivas alterações constitucionais, tendo em vista ser reeleito quantas vezes o povo quisesse, a Constituição não passava de um instrumento ao serviço do seu projeto.
Com as autorizações legislativas dadas pela Assembleia Nacional para governar autocraticamente, foram ampliados os seus poderes que já tinha no domínio dos tribunais e do exército, tendo, em 2002, aprovado uma lei que reformulou o Supremo Tribunal de Justiça, afastou os juízes opositores e nomeou 12 da sua confiança.
Com o controlo da comunicação social, ligada em cadeia nacional, o que pretendia era manipular o povo com a propaganda da sua ideologia totalitária.
Não renovou a licença da Rádio Caracas Televisão (RCTV), criada em 1954, sendo a televisão privada mais antiga da Venezuela, que foi nacionalizada por Chávez; promoveu ameaças constantes à televisão Globovision.
Fez constantes ameaças de nacionalizar Bancos, acupação de fábricas, a expropriação de empresas e propriedades urbanas e agrícolas.
Foi o culminar da visibilidade da dupla face de Chávez, que, paulatinamente, levou o país para um regime ditatorial da extrema esquerda, um verdadeiro comunismo, a que apelidou de «Socialismo do Século XXI», em que a expressão «revolução bolivariana» constituiu o condimento político para a campanha ideológica com vista à mentalização do povo.
O programa «Bairro Adentro» para fornecer cuidados de saúde gratuitos nos bairros pobres, com apoio de pessoal médico cubado, bem como aumento de salários e as «missões bolivarianas» de natureza social com dinheiro do petróleo, não podem nem devem servir de fundamento para gloficar a ação de Chávez nas suas missões totalitárias e de controlo da sociedade e promoção de exilados políticos no estrangeiro, só porque não faziam parte da sua tribo ideológica.

Sou excessivamente alérgico a todos os ditadores; a todos os populistas que não olham a meios para se perpetuarem no poder a qualquer preço; aos políticos mentirosos; aos que, hipocritamente, invocam o nome de Deus em vão; aos que se dizem nacionalistas e patriotas, apenas por interesse ideológico; aos que atuam ditatorialmente e com apetência para a instauração de uma ditadura de esquerda ou de direita.
Julgava eu que, com o advento do Século XXI, não surgiriam sobre a Terra mais políticos que pretendessem instaurar ditaduras, cujos efeitos perversos ainda são realidade neste Planeta. Já bastavam os que temos!
Mas, afinal, surgiu um prepotente, autoritário num país que não merecia tal “tortura”, depois de ter conquistado um regime democrático em 1958 quando foi derrubado o Governo ditatorial de Marcos Pérez Jiménez. A partir daí, a convivência democrática do povo foi capaz de aprofundar e consolidar um regime democrático na Venezuela, com alternância no Poder - com sistema de Governo presidencialista – embora não tivessem faltado graves desencontros sociais, económicos e políticos.
O fenómeno chavista está a tomar forma alienante de perpetuar no poder o seu verdadeiro comunismo, Mesmo depois da sua morte, muito provavelmente Chávez deixou um legado político que pode marcar a continuação de uma ditadura mais perversa da que Pérez Jiménez liderou, promovendo uma repressão feroz a quem se lhe oponha. A diferença pode ser apenas temporal.
E se nas próximas eleições de 14 de Abril os eleitores não derrubarem Maduro, a Venezuela corre o risco de ter um governo chavista sem Chávez, mas com a mesma ou pior política comunista. Porque a cópia de Chávez será certamente pior que o original!

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