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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Reflexos de «Abril 74» na Madeira (5)

“Se necessário, haverá que retomar os combates
 de há três anos atrás, visto que se assiste a um
novo crescendo da agressão marxista”. 
In: Comunicado do Secretariado Regional do PSD-M, 16/12/1979

 “Os sucessos conquistados conseguiram-se
porque em 1974 e 1975 pegámos nuns
cavalheiros, metemo-los num avião e
mandámo-los para Lisboa.
E foi aí que eles perceberam que nós tínhamos
força, e nos deram a autonomia”.

Alberto João, Festa do PSD-M, Paúl da Serra, 2/8/92


Na Madeira, os atentados com bombas, fogo posto ou outras formas de ações terroristas constituíram os atos mais hediondos e perversos do período pós-25 de Abril de 1974.
O “Verão Quente” de 1975 foi propício para a criação de uma onda de atentados nunca vista. O 11 de março de 1975 e o aprofundamento da política seguida por Vasco Gonçalves criaram motivação nos terroristas regionais para o bombismo. Mas foi essencialmente a partir de agosto de 1975 que a violência se instalou, embora com menor frequência a partir de meados de 1976.

Um dos primeiros atos reprováveis, a 12 de agosto de 1975, foi a tentativa de fogo posto numa carrinha junto à sede do PPD, na Rua das Mercês. Depois seguiram-se sucessivos rebentamentos como os do Avista Navios, na véspera da festa do Monte; os transmissores do Centro Regional da Emissora Nacional, localizados no Monte, foram pelos ares, assim como uma bomba colocada junto às instalações da Rua dos Netos; Álvaro Branco, proprietário de uma padaria em S. Jorge, só por ser considerado comunista, viu aquele estabelecimento ser atingido por um engenho explosivo; um pacato bancário, que não fazia mal a uma mosca, só por ser considerado de esquerda, ligado ao PCP, viu a sua viatura ficar em pedaços junto à sua residência na Rochinha; até no interior do palácio de S. Lourenço foi colocada uma bomba; também nos jardins contíguos à Câmara Eclesiástica rebentou um petardo; bombas não faltaram na sede da UDP e na do PS (Porto Santo), na residência dos padres do Pombal, nos automóveis dos socialistas Emanuel Jardim Fernandes e Duarte Caldeira, no de Milton Sarmento da UDP, no do jornalista Tolentino Nóbrega e na residência de Marcelino dos Santos; outras bombas caíram na Rua da Levada de Santa Luzia e na rua da Levada do Cavalo; um avião militar (Nord Atlas) foi mandado para a sucata após uma bomba de relógio nele colocada quando estava estacionado no aeroporto; Monteiro de Aguiar, três dias após ter tomado posse de vogal da Junta Regional da Madeira, viu a sua viatura sair da circulação após ato terrorista; um automóvel da Empresa de Cervejas da Madeira sofreu estragos avultados por uma bomba; o Tribunal de Trabalho e o edifício da Caixa de Previdência não escaparam a um petardo; dinamite numa ponte, em Santa Cruz, aguardava a passagem do Almirante Pinheiro de Azevedo, Primeiro-Ministro do VI Governo Provisório, na sua deslocação à Madeira, cujo trajeto sofreu um desvio após suspeitas de atentado; o professor Simões, da Escola da Ribeira Brava e ex-delegado do FAOJ, foi perseguido, vítima de atentados, encarcerado e compulsivamente obrigado a sair da Madeira.

Por sorte ou coincidência temporal, apenas houve danos materiais, salvo quando engenhos explosivos deram origem a uma morte no Porto Santo, a 23 de agosto de 1978, de um jovem madeirense, e ao suicídio, por enforcamento, de um soldado supeito de estar ligado à rede bombista, que prestava serviço no RIF. Após ter sido detido nos calabouços da Polícia do Exército, no Forte de São Tiago, Alírio Fernandes foi encontrado sem vida na manhã do dia 4 de Outubro de 1978

Mas nem a plena entrada em funções dos órgãos de governo próprio da novel Região Autónoma, pôs termo aos atentados. Os seus autores, morais e materiais, demonstraram uma incapacidade política e uma menoridade mental para defenderem os seus pontos de vista, fossem eles quais fossem, sem recorrerem a tais métodos terroristas.







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