INCONSEQUENTE POLÍTICA DO GOVERNO REGIONAL
NA PRODUÇÃO DE CANA SACARINA
Introduzida na Ilha da
Madeira no ano de 1425, plantada no «Campo do Duque», no Funchal”, tendo
posteriormente proliferado pela ilha e foi a razão de terem sido criadas
alfândegas em algumas localidades, graças ao açúcar produzido. Se, em 1865, a produção de cana
atingiu 14.688 toneladas numa área de 357 ha , eram 61.000 toneladas em 1961, numa
área que rondava os 500 ha .
A partir daquele ano, baixou constantemente até atingir, no ano 2000, 2 871
toneladas numa área de 100 ha ,
tendo, depois, aumentado lentamente, chegando a 2014 com a produção de 7 500
toneladas. Foi esse sucessivo aumento que levou a tutela governamental a “fazer
uma festa” sempre que aumentavam alguns quilogramas, como aconteceu no passado
dia 12.
As indefinições do
Governo Regional na política agrícola foram de tal ordem que grande parte dos
canaviais foram substituídos por bananeiras. Depois, pela “Resolução nº 807/81 -
Considerando a importância da cana-de-açúcar na economia regional; considerando
o excesso de produção de cana-de-açúcar; considerando que o Governo Regional,
através do Instituto do Vinho da Madeira, tem subsidiado a empresa Winton,
tendo em vista a sua cobertura do déficit industrial, o que faz apurar um custo
de produção de açúcar muito superior ao nível das cotações do mercado
internacional; considerando que tal custo de produção encontra raízes numa
fraca rentabilidade da cultura de açúcar e nas deficientes estruturas da
referida empresa industrial; o Governo Regional da Madeira, reunido em plenário
em 13 de Novembro de 1981, resolveu:
1º - Nomear uma comissão que até 31 de Janeiro/82 apresentará ao
plenário do Governo uma proposta relativa à produção da cana-de-açúcar e sua
industrialização;
2º - Esta comissão é constituída por:
a) Director Regional do Plano, que preside;
b) Director Regional da Agricultura;
c) Director regional do Comércio e Indústria, sendo secretariado
por um representante do Instituto do Vinho da Madeira;
3º - O Governo delega nesta comissão poderes para convocar todo o
pessoal dos serviços, institutos e empresas públicas dependentes do Governo
Regional, em relação aos quais entenda dever fazê-lo bem como o direito de lhe
ser facultada toda a documentação que para o efeito necessite.
Presidência do Governo Regional, 13 de Novembro de 1981. – O
Presidente do Governo Regional, Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim.”
O
relatório final motivou a feitura e publicação da Resolução nº 572/82 que
considerava como hipóteses inviáveis as seguintes:
a)
Expansão da área de produção de cana-de-açúcar;
b)
Abandono total do cultivo da cana-de-açúcar;
c)
Encerramento completo das indústrias sacarinas;
d)
Importação de melaços para a produção de álcool.
Foram
dadas como assentes aquelas quatro hipóteses, apenas haveria duas alternativas:
1 -
Limitação do cultivo da cana-de-açúcar para abastecimento apenas das indústrias
locais de aguardente e mel;
2 -
Manutenção da produção de cana-de-açúcar aos níveis actuais, permitindo, por um
lado, o abastecimento das indústrias locais de aguardente e mel e, por outro,
destinando-se o remanescente à indústria do açúcar, do álcool e do rum, o qual
remanescente teria de ser completado com importações de açúcar bruto (ramas)
para ser refinado na Região, e permitir-se, assim, a rendibilidade destas
indústrias.
Se se optasse pela primeira, levaria ao encerramento da Fábrica do
Torreão e a uma reconversão forçada de modo a manter a produção dum
quantitativo de 10.000 toneladas de cana por ano, bem como 520.000 litros de
aguardente e 200.000
litros de mel.
A segunda hipótese viável seria mais útil para a economia da
Madeira, mas exigiria um grande investimento na Fábrica do Torreão e subsídios
à mesma, de modo a “ficarem salvaguardados os legítimos interesses dos produtores
de cana, dos industriais, do Governo Regional e dos consumidores”.
A decisão de fechar a Fábrica
do Torreão foi fatídica para as previsões quanto à produção de cana e fabrico
de mel e aguardente.A produção de cana nunca atingiu as 10 000 toneladas, e
apenas em 1988 e 1989 o mel ultrapassou as 200.000 litros , mas
a produção de aguardente (rum) nem chegou a metade dos previstos 520.000 litros .
Foi este fel que esteve
na política agrícola do PSD-M, nomeadamente no que toca à cana sacarina. E, de
agora para o futuro, veremos…!
gregoriogouveia.blogspot.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário