Novo Governo
Regional com Inflação de estruturas
No momento em que escrevo, apenas conheço a
orgânica geral do novo Governo Regional, informada pela comunicação social. Mas
já chega para prever uma grande inflação de secretarias e direções regionais que
terá o XII Governo, saído das eleições de 29 de Março.
Isso nota-se na Saúde e nos Assuntos
Sociais, bem como no Ambiente e na Agricultura, cada qual com a sua secretaria
regional. A divisão apenas pode revelar a forma expedita de arranjar um lugar
para boys e girls da nova “corte celestial miguelista” e não pela complexidade de
gestão daqueles subsetores.
Em vez de orgânica mais leve e menos
onerosa, em que bastavam seis secretarias regionais, para além da presidência, o
panorama que reina na nova governação não é animador quanto à redução de custos
na primeira manifestação estrutural que é apresentada aos olhos dos contribuintes
regionais.
A estrutura dos anteriores governos também sofreu
alterações quase sempre tendentes a aumentar o número de secretarias regionais.
Apenas nos I, IV e XI Governos, para além do Presidente, foi de 6 o número de
secretarias; nos VI e VII, Presidência +8; nos restantes, 7.
O novo Governo, XII, para além da
presidência, existirão 8 secretarias regionais, o que faz retomar a inflação da
estrutura do Governo ao princípio dos anos noventa.
A junção de setores por secretaria, tal
como fez Alberto João, mostra evidente irracionalidade. Se a junção de
subsetores em cada secretaria é como foi informado, existirão grandes
disparidades numa miscelâneia sectorial que promove a dispersão e a
inoperacionalidade dos departamentos governamentais. De tal ordem que uma
secretaria regional tem Educação mas não tem Cultura; outra tem Cultura mas não
tem Educação; se juntar a economia ao Turismo constitui uma boa decisão, já não
faz sentido manter a Cultura na secretaria que tem a Economia e o Turismo; uma
tem Transportes, mas não tem Estradas; a que tem Estradas não tem Transportes;
uma tem Indústria mas não tem Artesanato; a que tem Artesanato não tem
Indústria; uma tem Urbanismo, mas não tem Obras Públicas; a que tem Obras
públicas não tem Urbanismo; a que tem Habitação não tem Urbanismo; a que tem
Emprego, pode não ter Trabalho; a que tem Trabalho pode não ter Emprego. Vamos
aguardar pela publicação do decreto regulamentar para confirmação ou não
daquelas disparidades!
Nos termos do artigo 56º do Estatuto
Político-Administrativo da RAM, o Governo é formado pelo Presidente e pelos
Secretários Regionais. Podem existir Vice-presidentes e Subsecretários Regionais.
Apenas os V, VIII, IX, X e XI Governos, na sequência dos actos eleitorais de,
respectivamente, 09/10/1988, 15/10/2000, 17/10/2004, 06/5/2007 e 09/10/2011,
tiveram um Vice-presidente. Mas nunca houve nenhum Subsecretário Regional que,
quando exista, cessa funções com a dos respetivos Secretários Regionais. Foi
anunciado por Miguel Albuquerque que o novo Governo teria dois subsecretários
regionais, mas houve marcha trás. E nem sequer tem um vice-presidente…!
As
desorientações setoriais, implementadas na estrutura dos anteriores 11 governos
regionais, servem de exemplo de ineficiência na execução das políticas sociais
e económicas da Região. Por isso, melhor
teria sido uma orgânica semelhante à seguinte:
1
– Presidência: coordenador político do Governo Regional, que também poderia
ter, como já teve, algum sector na sua direta dependência.
2
- Vice-Presidente: para além de substituir o Presidente, teria: assuntos
parlamentares, assuntos europeus, administração pública e modernização
administrativa, administração da justiça, comunicação social, comunidades
madeirenses, Gabinete de Gestão da Loja do Cidadão.
3
- Secretaria Regional das Finanças: Finanças, orçamento, assuntos fiscais,
estatística, inspecção de finanças, fundos comunitários, plano e Centro
Internacional de Negócios.
4
- Secretaria Regional da Economia e Turismo: Agricultura, florestas, pecuária,
pescas, recursos hídricos, turismo, comércio, indústria, artesanato, energia,
inspeção regional das atividades económicas, defesa do consumidor, sociedades
de desenvolvimento; Madeira Parques Empresariais, EEM, Instituto do Vinho, Bordados
e Artesanato, Parque Natural, CARAM e empresas de águas e resíduos.
5
- Secretaria Regional da Educação, Cultura e Desenvolvimento científico e
tecnológico: Educação, educação especial, formação profissional, cultura, juventude,
trabalho e emprego, sociedade de informação e do conhecimento, desenvolvimento
científico e tecnológico, centro de empresas e inovação da Madeira, Instituo do
Desporto, Conservatório, Escola de Hotelaria e Turismo, Inspecção Regional do
Trabalho, Instituto Regional do Emprego.
6
- Secretaria Regional do Equipamento Social, Transportes e Comunicações: Obras
públicas, equipamentos públicos, património, transportes e comunicações,
habitação, ambiente, Cadastral, Horários do Funchal, ANAM, APRAM, Laboratório
Regional de Engenharia Civil, Cimentos Madeira, Vialitoral, Viaexpresso
Estradas da Madeira.
7
- Secretaria Regional da Saúde e Assuntos Sociais: Saúde, segurança social,
protecção Civil, Centro de Segurança Social da Madeira, Serviço Regional de
Saúde, Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros da Madeira.
gregoriogouveia.blogspot.pt
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