Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Os programas eleitorais não captam votos

Os resultados obtidos pelos diversos partidos políticos/coligações nos 11 atos eleitorais, realizados desde 1976, para a Assembleia Regional exigiriam uma análise e uma reflexão profundas, a fim de se perceber as causas que teriam estado na origem das maiorias absolutas obtidas pelo PSD-M em todos eles.
Mas apenas fico na evidência dos resultados mais recentes, colocando a questão de saber se a existência ou não de programas eleitorais é determinante para a obtenção de votos. Isto é, os eleitores serão influenciados a votar numa determinada força política/coligação só porque existe um programa mais ou menos volumoso com ideias e propostas concretas? Definitivamente não. Se assim fosse, o PSD-M perderia as últimas eleições, uma vez que apenas mencionou propostas avulsas e sem garantia financeira para executá-las; mas a coligação «MUDANÇA» provavelmente ganhava as eleições por ter feito um programa com 128 páginas A4; o CDS teria mais votos pela publicidade que deu ao seu programa; o PCTP/MRPP teria pelo menos um deputado para justificar o seu programa em livro de bolso.

Os resultados tiveram mais a ver com a mudança de líder, no caso do PSD-M, apelando ao voto no partido que tinha novos dirigentes, em que a «Renovação» foi o lema mais adequado para garantir a governação da Madeira com mais segurança. Mas apesar de uma aparente unidade interna, houve muitos militantes do PSD-M que não votaram no seu partido. Isso vê-se na maioria absoluta com resultado inferior à última de Albero João Jardim. Aliás, o PSD-M nunca teve tão poucos votos e percentagem tão baixa como nesta última eleição.

A míngua de poder levou o CDS-M a uma estratégia de uma grande propensão para coligar-se com o PSD-M, desejando não haver maioria absoluta deste, usando argumentos falaciosos e pouco credíveis. O resultado foi a perda de dois deputados e baixando em número de votos e percentagem, face a 2011. Foi uma das vítimas da novidade JPP, a quem deu apoio político, não concorrendo em Santa Cruz nas últimas eleições autárquicas, bem como investiu alguns milhares de euros aquando dos incêndios naquele concelho, mas acabando esse apoio por beneficiar, politicamente, mais os JPP do que o CDS.

O PS-M, em coligação com o MPT, PTP e PAN, foi o que sofreu a maior derrota de sempre em atos eleitorais regionais. Perdeu em toda a linha, juntamente com os parceiros da coligação. Ficou com 5 deputados, igual número que teve em 1980, e o PTP ficou com um (menos dois que em 2011). O MPT e o PAN ficaram sem deputados. O desastre foi de tal monta que a coligação «Mudança» obteve menos de metade da soma dos votos obtidos em 2011 pelos partidos agora coligados, sendo a percentagem (11,41%) inferior à que o PS obteve em 2011 (11,5%) sem coligação.
O principal responsável pela estratégia suicida foi o presidente do PS-M, Victor Freitas, que teve a lucidez de demitir-se na noite em que saíram os resultados. Mas não foi apenas o Victor o responsável. Foram também os que à sua volta permitiram uma leitura e decisão políticas de promover uma coligação. Os órgãos do partido e a concelhia do Funchal, em 13/01/2015, fizeram tudo ao exortarem a direção do PS-M “em nome do futuro da Região e da necessária estabilidade política, a liderar uma alternativa ganhadora, numa conjuntura de vontades com outras forças politicas”. Todos foram levados pela obsessão da vitória (relativa) nas eleições autárquicas no Funchal. O mote já tinha sido dado na sequência da reunião da Comissão Política Regional, realizada no dia 4 de outubro de 2013, com a manifestação de vontade de Victor Freitas para uma coligação com outros partidos, sendo o PS a liderá-la porque “é a principal força autárquica na Região Autónoma da Madeira”. Esta posição política assassina marcou o início da perda de força do PS-M na sua dinamização autónoma com vista a uma vitória nas eleições regionais. Outro grave erro foi não ter concorrido nas eleições autárquicas em São Vicente e em Santa Cruz, tendo dado apoio aos independentes naqueles concelhos. E a coligação, nestas eleições, nem sequer ganhou nos concelhos onde o PS governa as câmaras municipais! A falta de capacidade política e os graves erros estratégicos custaram muito caro ao PS-M, o que levará algum tempo para sair da hecatombe sofrida.  

No fim das contas feitas, os partidos da oposição ao PSD benefiaciados foram o JPP, que ficou ao nível do PS, o BE e a CDU.






Sem comentários:

Enviar um comentário