Resultados eleitorais com «Mudança» “marcha atrás”
Apesar de os resultados das
eleições regionais merecerem uma séria análise, factos antes ocorridos
limitam-me a repetir o texto que escrevi neste semanário no dia 12/12/2014:
«Eleições Regionais e o frenesim dos Partidos - Tendo em vista as eleições regionais do próximo
ano, não passa despercebido o estado de agitação febril da política exercida
pelos Partidos que estão em frenética concorrência, quase sempre desleal, para
verem quem melhor conquista os eleitores.
No caso específico do PSD-M, a atual situação
interna é de um especial frenesim de concorrência entre os seis candidatos à
liderança, cada um a propor orientações políticas internas e para a governação
regional que são, em muitos aspetos, fraturantes daquelas que teem sido as do
líder que está em vésperas de deixar o lugar. É caso para dizer que o PSD da
Madeira não mais será como dantes.
O candidato ganhador nas eleições diretas
determinará o futuro do Partido, já nas eleições regionais do próximo ano e no
futuro. E se os candidatos perdedores alinharem com o vencedor e não criarem
crispações de desnorte e desordem internas, que possam criar na opinião pública
uma ideia negativa e de repulsa no voto, pode muito bem acontecer que o «novo»
PSD-M ganhe as eleições com maioria absoluta ou seja o partido mais votado. É
que a meia dúzia de candidatos à liderança teve uma virtude: a mobilização de
muitos militantes que estavam desavindos com o rumo até aqui seguido no PSD-M.
Muitos voltaram e houve muitas inscrições, ao ponto de ter aumentado para o
dobro o número de militantes com direito a voto, face ao verificado em 2012.
Este facto pode dar mais alento interno e muita mobilização junto dos
madeirenses para as eleições regionais.
No caso de o PSD-M não obter maioria absoluta, será
curioso ver se teremos, pela primeira vez, um governo minoritário ou, pelo
contrário, haverá nos partidos da oposição um que faça coligação com aquele
para formar um governo estável. A míngua de poder tem levado o CDS-M a
manifestar uma grande propensão para coligar-se com o PSD-M, mesmo que, por
vezes, também manifeste o desejo de coligação com o PS. Mas já não vai mais
para a esquerda no atual panorama partidário regional. A prova disso está no
facto de, em Dezembro de 2013, José Manuel Rodrigues ter revelado o envio de
uma carta aos líderes do PSD-M e PS-M a solicitar encontros para discutirem um
«Compromisso em Defesa da Madeira» e, em Outubro do corrente ano, formulou um
convite ao PS-M para uma coligação nas próximas eleições regionais.
Com tais iniciativas, José Manuel Rodrigues passou
um atestado de incapacidade do CDS para ganhar as eleições sozinho, revelando
uma estratégia política suicida.
Por sua vez, o líder do PS-M começou mais cedo – já
antes do Congresso Regional realizado em Janeiro de 2014 – a propor uma
coligação tendo como horizonte as eleições regionais de 2015, levado pela
obsessão da vitória (relativa) nas eleições autárquicas no Funchal.
O mote foi dado na sequência da reunião da Comissão
Política Regional, realizada no dia 4 de outubro de 2013, com a manifestação de
vontade de Victor Freitas para uma coligação com outros partidos, sendo o PS a
liderá-la porque “é a principal força autárquica na Região Autónoma da
Madeira”. Esta posição política assassina marca o início da perda de força do
PS-M na sua dinamização autónoma com vista a uma vitória nas eleições
regionais.
Hoje, nem sequer é possível reanimar a coligação
«Mudança» no Funchal – a de Câmara de Lobos nas autárquicas foi um fiasco – nem
o PS-M tem a certeza de ter o apoio dos “independentes” de São Vicente e muito
menos dos JPP de Santa Cruz, cujo pagamento aos apoios dados pelo PS, CDS e
outros foi a ”rasteira política” de formar um partido. Ou seja, os socialistas
e outros de Santa Cruz que integraram as listas dos JPP (não em coligação)
veem-se, agora, enganados. E os dirigentes dos JPP, que concorreram como
«santas virgens» criticando os partidos políticos, aparecem como partidários
dominadores absolutos, deixando com pouca esperança os seus apoiantes de outros
partidos que rejeitam, agora, a sua soberba conduta.
Resta ao PS-M ganhar nos concelhos onde obteve
vitória nas eleições autárquicas (Machico, Porto Moniz e Porto Santo), embora a
lista de candidatos às eleições regionais tenha âmbito regional. Mas é preciso
não esquecer que, historicamente e em quase todos os concelhos), o PS-M teve
melhores resultados em eleições autárquicas que em eleições regionais.
Dos restantes partidos com ação política na Região,
representados ou não na Assembleia Legislativa, talvez apenas o BE, o MPT e o
PAN estejam desejosos em coligar-se com o PS-M como bengala de apoio àqueles.
Mas será uma coligação que poucos benefícios trará. Ficando ainda aberta a
hipótese de o partido de Marinho Pinto aparecer a concorrer na Região. E se der
tempo, o partido «JPP».
Como nada está garantido, com estratégias erradas tudo pode acontecer!»
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