Da confiança à crise dos Bancos (6)
Os fracos
resultados líquidos apurados em 1984, os quais após a dedução de 381 488 contos
para Provisões, cifraram-se em 9 595 019$56”, bem como a conjuntura do sistema
financeiro vigente na altura anunciavam um mau agoiro para a vida da Caixa
Económica do Funchal (CEF). O ano de 1985 marca uma
viragem na estratégia da CEF com vista a criar alternativas capazes de relançar
a sua atividade.
Quando a notícia
do semanário «Eco do Funchal», na sua edição de 21 a 26 de Maio de 1985,
questiona se a “Caixa Económica do Funchal vira Banco Intercontinental do
Funchal?”, é porque pairava nas hostes daquela instituição a hipótese de criar
uma alternativa institucional, o que, diga-se, não era a primeira vez que tal
acontecia. Mas se o nome não correspondeu ao que veio a ser solução, ou seja a
criação, em 1988, do BANIF - Banco Internacional do Funchal S.A, nada
contradiz que não fossem já os atos preparatórios para este, apenas mudando a
expressão “Intercontinental” para “Internacional”.
A mesma notícia
do «Eco do Funchal» refere que “Com 20 agências e dependências, na Região
Autónoma da Madeira e em Lisboa e Porto, a CEF dispõe actualmente de um
potencial de captação de depósitos e de concessão de crédito que a coloca em 2º
lugar entre as instituições de crédito privadas, logo a seguir à Caixa
Económica de Lisboa e, desde 1983, è frente dos bancos estrangeiros, inclusive
o Credit Franco-Portugais, como aliás já se encontra assinalado pela revista
Negócios, no seu número de Dezembro de 1984, dedicado às maiores Empresas em
Portugal (1983)”.
Não foi apenas a notícia do «Eco do Funchal» que indicia a criação de um Banco para
absorver a CEF. Esta também endereçou carta e entidades e depositantes a
anunciar a “Transformação da Caixa Económica do Funchal em Banco Comercial ”,
sem referir qualquer designação para o Banco. Numa dessas cartas, datada do dia
21/05/1986, embora sem assinatura, a Administração da CEF dirigiu à então
Secção do Funchal do Partido Socialista a informação de que “Por razões de
ordem técnica já expressamente reconhecidas por todas as entidades oficiais
competentes, a Caixa Económica do Funchal deverá, dentro de curto prazo e com o
apoio daquelas mesmas entidades, passar a dispor de um estatuto legal que lhe
permita competir, em condições de igualdade, com os demais bancos que operam em
Portugal, por forma a poder manter-se a dinâmica de expansão que tem
caracterizado a vida desta Instituição, em especial nos últimos 5 anos.
De facto,
dispondo de cerca de 2 milhões de contos de depósitos em 1979 quando completou
um século de existência, a CEF já ultrapassou em 1985 os 34 milhões de contos
de depósitos, graças à confiança manifestada por mais de 90.000 depositantes,
entre os quais temos o prazer de o incluir.
No momento em que
se perspectiva como inevitável a transformação da Caixa Económica do Funchal
num banco comercial com uma vocação polivalente, muito desejaríamos poder
contar preferencialmente com V. Exa. no número daqueles que irão subscrever o
capital do banco a constituir, por essa forma dando-se-lhe a possibilidade de
uma aplicação financeira segura e lucrativa.
No caso de estar
V. Exa. interessado em participar no capital da nova Instituição de Crédito,
muito agradecíamos que nos contactasse sem demora através de qualquer dos
nossos balcões”.
Foi naquela conjuntura que, no início do
ano de 1986, a
CEF estava em apreciação no Banco de Portugal para ser transformada em Banco,
num sistema financeiro composto por 12 Bancos do Estado, 13 Bancos Privados e 7
à espera de autorização do Governo.
(continua)
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